Na manhã do dia 6 de junho de 2014, um octogenário conseguiu sair despercebido da casa de repouso onde residia com sua esposa, em East Sussex, na Inglaterra, para fazer uma longa e penosa (para sua idade) viagem — um táxi, um trem e uma balsa — a Portsmouth, na costa da França. Bernard Jordan queria se juntar às fileiras de centenas de veteranos da Segunda Guerra que se preparavam para comemorar o 70º aniversário do Dia D nas praias da Normandia. Mas, além das medalhas de mérito sob o casaco, Bernie’ também carregava o desejo de cumprir uma promessa a um jovem companheiro de batalha morto naquelas praias. “A grande fuga”, do diretor Oliver Parker, navega entre esses dois polos, o patriotismo e o sentimentalismo, para descrever a façanha do velho soldado assombrado por memórias do passado, que ganhou as manchetes da imprensa na época do seu feito.
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No centro da trama, no entanto, podemos encontrar uma espécie de estudo de personagem —ou melhor, personagens — interpretados por dois atores luminosos: Michael Caine e Glenda Jackson (falecida ano passado). Caine confere dignidade a Bernie, um homem que aparentemente viveu a vida inteira com um enorme sentimento de culpa no peito, devidamente capturado por longos closes de seu olhar perdido no horizonte.
Como Irene, sua esposa, Glenda é a doçura e o companheirismo em pessoa, perdida entre as lembranças da juventude desempacotada de caixas de fotos antigas, ou nas amigáveis interações com os funcionários do asilo. Dois personagens presos a suas memórias, recriados em filme que privilegia os aspectos mais confortáveis e agradáveis por trás da louca escapada de Bernie Jordan, o herói de guerra esquecido que virou uma celebridade acidental.
Bonequinho olha.