Aos 91 anos, é natural que Liliana Cavani se preocupe com o fim dos tempos. Dela e do planeta. E se um asteroide gigante se chocar com a Terra hoje? Este é o ponto de partida de “A ordem do tempo”, volta à cena da realizadora de “O porteiro da noite” (1974) e “A pele” (1981) — entre outros hits de décadas passadas e que parecia ter encerrado a carreira com uma versão de “Ripley” (com John Malkovich), em 2002.
- Fique por dentro: siga o perfil do Rio Show no Instagram (@rioshowoglobo), assine a newsletter semanal e entre no canal do WhatsApp para saber tudo sobre a programação da cidade
- Cinemark, UCI, Cinépolis: veja as redes que estão com ingressos a R$ 12 e saiba como pagar menos nos cinemas
De volta para o presente. Em confortável casa à beira-mar, um grupo de amigos reúne-se anualmente para celebrar a vida: casais, ex-casais, solteiros momentâneos e uma empregada peruana. Do nada, a notícia do fim iminente. Bom pretexto para discutir astrofísica, falar algumas “verdades” para seus pares e rever opções equivocadas com a profundidade de ralíssima minissérie, muito distante, por exemplo, da implosão dramática de “Melancolia”, de Lars von Trier, sobre o mesmo tema. Apenas a estrangeira se impõe uma missão consistente: voltar ao Peru e rever o filho, que deixou para sustentá-lo do exterior. Fora da casa, uma freira (a veterana Ana Molina) tece boas considerações sobre a finitude.
A ação se passa em apenas um dia, mas o resultado na tela demora bem mais. Apesar do esforço do elenco (Alessandro Gassmann, Claudia Gerini) e exibição de uma produção cuidada em praticamente locação única, “A ordem do tempo” é um acúmulo de incoerências e desperdício do tão precioso tempo. Dos personagens e, eventualmente, do espectador.
Bonequinho dorme.