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Por Ricardo Ferreira


Henrique Portugal, Lelo Zaneti, Samuel Rosa e Haroldo Ferretti vão focar em projetos pessoais após o fim do Skank. Divulgação — Foto:
Henrique Portugal, Lelo Zaneti, Samuel Rosa e Haroldo Ferretti vão focar em projetos pessoais após o fim do Skank. Divulgação — Foto:

Sem cerimônias. É assim que Samuel Rosa tem tratado o fim do Skank, banda que liderou por 30 anos e que chega ao Rio com a “Turnê da despedida”, amanhã e domingo, no Vivo Rio. Afinal, segundo o músico, não houve qualquer desavença incontornável entre os companheiros do grupo, nada que vá além de uma simples busca por novos ares. Tanto que o momento não é encarado exatamente como um ponto final, mas uma pausa e, quiçá, ele diz, os quatro mineiros possam se reencontrar mais na frente. Ou não.

Samuel Rosa quer experimentar. Viver outros caminhos na música, tocar com outras pessoas e desfrutar de novas parcerias. E fala sobre isso com certa empolgação, com o brilho de um iniciante, dando a entender que o momento não inspira melancolia.

— O importante agora é que eu preciso me ver — diz o compositor de 55 anos, por telefone. — Meu tempo está acabando, preciso me testar sem a sombra desse guarda-chuva que, querendo ou não, é um abrigo confortável. É uma delícia chegar num lugar remoto do Brasil, tocar um acorde e todo mundo já conhecer a canção. É uma situação muito cômoda, então achei que era a hora de buscar o desafio. Quero funcionar fora do Skank, saber como é.

Como não podia ser diferente, os shows reúnem os maiores sucessos da banda que iniciou os trabalhos em 1991, gravou nove álbuns de estúdio, quatro ao vivo e vendeu mais de 6,5 milhões de cópias entre CDs e DVDs. No palco, Samuel, Lelo Zaneti (baixo), Henrique Portugal (teclados) e Haroldo Ferretti (bateria) vão enfileirar os hits que fizeram do Skank uma das bandas de maior sucesso radiofônico de sua época, como “Garota nacional”, “Jackie Tequila”, “Acima do sol” e “Vou deixar”. Mas, por favor, sem “chororô”.

A banda Skank no início da carreira, em 1991. Divulgação — Foto:
A banda Skank no início da carreira, em 1991. Divulgação — Foto:

— Não é um show para as pessoas ficarem chorando, saudosistas. São mais de 30 anos prestados, conversamos com mais de uma geração, tocamos em todos os grandes festivais, fizemos turnês internacionais, parcerias com grandes nomes. Já deu para fazer tudo, mas o fim tem que ser bem cuidado como foi o início também — avalia o músico.

O começo do Skank não fugiu do roteiro de qualquer banda que buscava sucesso naquele começo dos anos 1990: shows pequenos, divulgação de fitas “demo” e circuito universitário. A primeira apresentação foi na extinta casa AeroAnta, no Largo da Batata, em São Paulo. Foram 37 pagantes. Depois, voltaram para BH, botaram a cara na cena e gravaram um disco independente que chamou a atenção de uma gravadora. O resto é história.

— O AeroAnta era um espaço de vitrine para as bandas, mas ser vitrine não significava que o teria muita gente no show. Nós fizemos um ensaio aberto em BH e fomos para São Paulo. Ali foi o início. Depois voltamos para Belo Horizonte, começamos a ficar conhecidos no circuito universitário, e fomos inserindo nossas autorais. O rock teve um boom nos anos 1980 e nos anos 1990 houve uma ressaca, a lambada e o axé vieram com força. Ou você tinha gravadora ou você era independente mesmo [dá ênfase na palavra "mesmo"]. Mas as coisas foram acontecendo. O Carlos Albuquerque escreveu sobre a gente no GLOBO, Carlos Eduardo Miranda na Showzbizz e o Sergio Martins na Folha. Começou um buxixo no meio, mas eram outros tempos. Pra mandar uma demo para um jornalista, ficávamos sem a cerveja no fim de semana — lembra.

O ‘Acústico’ que não saiu

E aí veio a MTV, que catapultou uma geração de artistas brasileiros, caso do Skank, figura fácil na programação da emissora. Foi pelo canal paulistano, em 2001, que eles gravaram o primeiro “ao vivo”, um compilado de hits da banda, em Ouro Preto. Deu tão certo que o projeto “acústico”, então em alta, ficou eterno depois, conta:

— Ao contrário do que acontece com muitas bandas, o Skank demorou quatro ou cinco álbuns de musicas inéditas até fazer um “ao vivo”. Lembro que a gravadora queria logo o “acústico”, que deu uma guinada nos Titãs e fez o Capital Inicial renascer, por exemplo. Estava em alta. Mas optamos por uma coisa de cada vez, o “ao vivo” e depois o “acústico”. O disco de Ouro Preto vendeu um milhão de cópias, ficou todo mundo feliz. Tão feliz que esquecemos o “acústico” (risos).

O 'Ao vivo' em Ouro Preto: 1 milhão de cópias vendidas. Divulgação — Foto:
O 'Ao vivo' em Ouro Preto: 1 milhão de cópias vendidas. Divulgação — Foto:

Sobre o futuro, Samuel também prega cautela. Quer ir “tateando”, como diz, mas agora o foco é na turnê derradeira do Skank que, para o alento dos fãs, ainda guarda canções novas na manga.

— Temos três inéditas que vamos lançar, ainda não sabemos como e quando. Não temos pressa.

Cruzeiro e BH: outras paixões

Enquanto mira uma nova fase profissional, Samuel Rosa enxerga com bons olhos o novo momento de uma paixão que tem na vida: o Cruzeiro. O músico, que se diz um "torcedor de arquibancada", clama por dias melhores na Toca da Raposa desde que o clube foi assumido por Ronaldo Fenômeno, em transação até então inédita no futebol brasileiro:

— Estou sofrendo há dois anos com uma situação que eu nunca imaginava viver (crise e segunda divisão), até porque fomos muito vitoriosos na última década. Dever não é novidade pra ninguém no futebol brasileiro, mas no caso do Cruzeiro a dívida se acirrou por má administração, dirigentes pouco comprometidos. Agora chega o Ronaldo. A gente estava no fundo do poço, sem esperança e expectativa. Agora voltamos a ser notícia de uma forma mais positiva. Mas o torcedor ainda está ressabiado, vale a máxima do mineiro desconfiado. O torcedor esperava que um sheik árabe comprasse o clube e que nós tivessemos um elenco com grandes nomes do dia pra noite. O Ronaldo veio com medidas austeras, pé no chão. Vamos ver no que dá.

Outra paixão é a cidade de Belo Horizonte. O compositor lembra com carinho de uma BH romântica de sua infância e se ressente do crescimento desordenado pautado pela especulação imobiliária — "hoje, vista de cima, a cidade é um paliteiro" — e engrossa a campanha por um parque verde na divisa do município com Nova Lima, o Parque Linear (@parquelinearbh).

— Sou muito envolvido emocionalmente com a cidade a ponto de ficar desgostoso com a parte que não é legal. Agora tenho ficado mais em São Paulo, mas vivi em BH a vida toda, acompanhei a degradação urbana, a transformação da cidade. Na minha infância, nos anos 1970, a cidade era o nosso quintal, não existia barreiras. Como toda cidade grande, acabou se rendendo para a especulação imobiliária e não houve planejamento. Há prédios enormes em áreas onde só existiam casas. No caso do Parque Linear, a gente está pedindo quase uma esmola. Mas o poder do dinheiro é tão grande que nem isso eles querem deixar. É o famoso "caguei e andei" — avalia.

Vivo Rio: Av. Infante D. Henrique 84, Aterro do Flamengo - 2272-2901. Sáb, às 21h. Dom, às 20h. A partir de R$ 85. Não recomendado para menores de 18 anos.

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