Saúde
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Por O Globo

O lúpus é uma doença inflamatória, crônica e de origem autoimune, o que significa que o sistema imunológico produz substâncias e anticorpos que levam à inflamação dos tecidos saudáveis por engano. Normalmente, os anticorpos são produzidos pelo corpo para protegê-lo de infecções, vírus, bactérias e fungos. Mas no caso de doenças autoimunes, como o lúpus, esses anticorpos atacam células e órgãos do próprio corpo, podendo afetar diversos órgãos como pele, articulações, rins, pulmões, cérebro e outros. Quando isso acontece, ocorre o lúpus eritematoso sistêmico. Por outro lado, o lúpus pode afetar apenas a pele, sendo denominado, nesse caso, de lúpus cutâneo.

Quais são as causas de lúpus?

A causa da doença não é totalmente conhecida, mas sabe-se que fatores genéticos, ambientais e hormonais atuam no desenvolvimento da doença. Portanto, pacientes que nascem ou apresentam uma suscetibilidade genética para o desenvolvimento da doença podem, em algum momento da vida, serem expostos a fatores ambientais, como radiação ultravioleta, infecções virais ou por bactérias, uso de medicações que possam levar à desenvolver a doença autoimune.

Entre fatores hormonais destaca-se o estrógeno, que é um hormônio feminino. Daí passa-se a entender porque a doença é mais frequente no sexo feminino. Juntando-se todos esses fatores, o paciente passa a apresentar alteração no sistema imune. A principal delas é uma super produção de anticorpos que agem contra as células do próprio corpo, causando inflamação em órgãos e tecidos.

Quais os sintomas de lúpus?

O lúpus pode afetar várias áreas do corpo, manifestando sinais e sintomas diferentes. Segundo Edgar Reis, presidente da Comissão Científica de Lúpus da Sociedade Brasileira de Reumatologia, os médicos costumam dizer que o lúpus de um paciente raramente é igual ao de outro.

Os sintomas podem variar com o tempo, e nem todos os pacientes com lúpus irão apresentar todos os sinais. Eles podem surgir separadamente ou em conjunto, ocorrendo ao mesmo tempo ou de forma sequencial. No entanto, a doença possui sintomas mais gerais como:

  • Manifestações de pele, que aparecem em forma de manchas avermelhadas semelhantes à forma da asa de uma borboleta;
  • Fadiga;
  • Perda de peso;
  • Perda de apetite;
  • Inflamação na pele e articulações, podendo levar à artrite;
  • Perda de proteína pela urina
  • Alterações neurológicas (mais raras);
  • Alterações nas membranas que cobrem o coração e o pulmão
  • Anemia;
  • Inchaço nas pernas;
  • Diminuição das plaquetas;
  • Aftas na boca e no nariz.

Como é feito o tratamento de lúpus?

Isso vai depender do tipo de manifestação apresentada, caso a caso. O paciente pode precisar de vários medicamentos nas fases mais ativas da doença ou poucos ou nenhum remédio nas fases pouco ativas, inativas ou de remissão da doença.

Independente da fase, é importante que o paciente com lúpus seja ativo no tratamento, entenda sobre a doença e faça as consultas e exames periódicos esclarecendo suas dúvidas. Os medicamentos, em geral, serão prescritos visando balancear as alterações imunológicas causadas pela doença ou regular outras alterações que o paciente pode apresentar.

Segundo Reis, todos os pacientes com lúpus devem fazer uso da hidroxicloroquina, porque é uma droga barata, de fácil acesso e que traz inúmeros benefícios para quem tem a doença, como redução dos sintomas de pele e articulações, melhora a sobrevida do paciente com lúpus, melhora o açúcar e colesterol no sangue e a ação de outros medicamentos no organismo desse paciente. O uso de protetor solar é indispensável. Exercícios físicos também são de suma importância, e o uso de imunossupressores também é uma opção.

É importante lembrar que não há cura para o lúpus, mas o controle da doença é muito eficaz.

Há alguma idade ou grupo em que o lúpus é mais recorrente?

Ele pode acontecer em qualquer indivíduo, independente de etnia, cor ou sexo, porém, é muito mais comum nas mulheres, 15 e 45 anos — época em que estão no período inicial e no período final da idade fértil. Na faixa etária citada, há entre 14 e 15 mulheres com lúpus para cada homem.

Pode haver também lúpus no idoso ou na criança.

Há alguma forma de prevenção do lúpus?

Segundo o reumatologista Edgar Reis, não há exatamente uma forma de prevenir, mas existem recomendações gerais:

— Especificamente, não. Mas o que sempre recomendamos é que a pessoa tenha hábitos de vida saudáveis, que faça exercícios físicos e tenha uma alimentação balanceada, e que cuide da mente, corpo e alma.

O lúpus pode ser confundido com alguma outra doença?

Sim. Pelo fato de ele afetar vários sistemas, pode ser confundido com outras doenças sistêmicas. Por isso é importante consultar um reumatologista, pois ele é o profissional capacitado que poderá encaminhar o paciente a exames mais específicos e orientá-lo.

Como é feito o diagnóstico do lúpus?

É como montar um quebra-cabeça. A partir dos sinais e sintomas apresentados, o médico examina, descarta possibilidades e vai afunilando o diagnóstico até chegar à conclusão de que é lúpus. Não existe um exame específico que diagnostique lúpus, mas a investigação feita pelo reumatologista pode trazer um resultado bem preciso.

O lúpus pode levar à morte?

Sim. Mas, segundo Reis, com o tratamento adequado, há uma sobrevida de 95% dos pacientes e a possibilidade de uma vida praticamente normal.

Fontes: Ministério da Saúde e presidente da Comissão Científica de Lúpus da Sociedade Brasileira de Reumatologia, Edgar Reis.

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