Medicina
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Por Giulia Vidale — São Paulo

O Instituto Nacional de Câncer (INCA) do Ministério da Saúde publicou, nesta quarta-feira, o relatório Estimativa 2023 – Incidência de Câncer no Brasil. O documento aponta para 704 mil casos novos da doença por ano, no Brasil, entre 2023 e 2025. O que resulta em mais de 2 milhões de novos diagnósticos da doença no próximo triênio. A maior parte desses casos (70%) se concentra nas regiões Sul e Sudeste.

No triênio anterior, de 2020 a 2022, foram estimados 625 mil novos casos da doença. A pesquisadora Marianna Cancela, da Coordenação de Prevenção e Vigilância do INCA (Conprev), não recomenda a comparação entre o relatório atual e o documento anterior devido a alterações na metodologia, ao aumento da população e à inclusão de novos tumores na estimativa mais recente.

Entretanto, ela afirma que o aumento de casos de câncer de forma geral é esperado, devido ao envelhecimento da população e também a fatores de risco específicos, como tumores associados a estilo de vida. Essa também é a percepção do médico Ben-Hur Ferraz Neto, cirurgião de fígado e pâncreas.

— O número de casos de câncer tem aumentado e a razão é multifatorial. Tem o envelhecimento da população e hábitos menos saudáveis. O aumento da obesidade também tem uma grande implicação no aparecimento de câncer — diz Ferraz Neto.

Pela primeira vez, o documento trouxe dados sobre os cânceres de pâncreas e de fígado, além de outros 19 tipos de tumores. O câncer de pâncreas é o 13ª câncer com maior incidência no Brasil, com 10.980 casos estimados a cada um dos três anos, e o de fígado vem logo depois, em 14º lugar, com estimativa de 10.700 casos por ano.

Cancela explica que a decisão de incluir esses cânceres nas estimativas foi tomada porque eles estão entre os dez tipos mais comuns em varias regiões do Brasil, como Norte e Sul. Além de serem dois tipos de câncer extremamente letais.

— O câncer de fígado esta em 7º lugar entre os homens na região Norte. Na região Nordeste, em 8º. E é um câncer que pode ser parcialmente prevenido através da vacinação contra Hepatite B. Já o câncer de pâncreas, é o 6º mais comum entre as mulheres na região Sul. Ele está mais relacionado à obesidade, sedentarismo e tabagismo, que são fatores de risco que podem ser controlados — explica Cancela.

Ferraz Neto, considera super importante a inclusão desses dois tumores nas estimativas. Ele acredita que isso irá ajudar a aumentar a conscientização da população sobre a importância de realizar check-ups nesses órgãos.

— Isso cria um alerta importante para a população, especialmente no caso do fígado, que é um órgão silencioso, que não causa sintomas. A chance de cura para um tumor de fígado inicial é de praticamente 100%. Mas se já está grande ou invadindo algum vaso sanguíneo importante, essa taxa cai para zero. A diferença é muito grande. Por isso é fundamental que as pessoas procurem saber como está seu fígado e como isso influencia seu risco da doença, para que elas possam fazer um acompanhamento mais frequente, se necessário — alerta o médico.

Câncer de pele

O câncer de pele não melanoma é o mais incidente no Brasil, responsável por 31,3% do total de casos estimados para os próximos três anos. Esse tipo de câncer é mais comum em pessoas com mais de 40 anos, de pele clara e sensíveis à ação dos raios solares. Ele também tende a ter uma taxa de letalidade mais baixa. Por isso, em algumas partes da análise do Inca, o tumor é separado dos outros.

Depois do pele não melanoma, os tumores malignos mais incidentes no país são: câncer de mama (10,5%), próstata (10,2%), cólon e reto (6,5%), pulmão (4,6%) e estômago (3,1%).

Próstata e mama

Em homens, o câncer de próstata é predominante em todas as regiões, totalizando 72 mil casos novos estimados a cada ano, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Em seguida, está o câncer de cólon e reto, traqueia, brônquio e pulmão, estômago e glândula tireóide.

Nas regiões de maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), os tumores malignos de cólon e reto ocupam a segunda ou a terceira posição, sendo que, nas de menor IDH, o câncer de estômago é o segundo ou o terceiro mais frequente entre a população masculina.

A pesquisadora do INCA também chama atenção para o câncer de cavidade oral, que aparece entre os cinco principais tumores entre os homens, em quatro regiões do país.

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— Esse tipo de tumor está mais ligado ao tabagismo e ao consumo de álcool — diz Cancela.

Já nas mulheres, o câncer de mama é o mais incidente (depois do de pele não melanoma), com 74 mil casos novos previstos por ano até 2025. Em seguida, de forma geral, estão: câncer de cólon e reto, traqueia, brônquio e pulmão, estômago e colo do útero.

Nas regiões mais desenvolvidas, em seguida vem o câncer colorretal, mas, nas de menor IDH, o câncer do colo do útero ocupa esta posição.

— O câncer colorretal é o segundo mais comum no país entre homens e mulheres. Ele ultrapassou o câncer de colo de útero entre as mulheres e o câncer de pulmão entre os homens e também é um câncer ligado ao estilo de vida, como sedentarismo, consumo de álcool e obesidade — alerta a pesquisadora.

Diferenças regionais

A desigualdade entre as regiões do país também aparecem nos números de incidência de câncer. Segundo Cancela, enquanto no Norte e Nordeste, tumores associados a infecções são mais comuns, no Sul e Sudeste há maior incidência de tumores ligados a estilo de vida.

O câncer do colo do útero é o quinto mais comum entre as mulheres na região Sudeste, mas ocupa a segunda posições nas regiões Norte e Nordeste.

— Esse é um câncer que é ligado à infecção pelo HPV e é o único tipo de câncer que se fala em erradicação porque ele é totalmente prevenível pela vacinação — diz Cancela.

A pesquisadora também aponta para diferenças entre a última estimativa, lançada em 2020, e a atual. Por exemplo, anteriormente, o câncer de cavidade oral não aparecia entre os cinco mais comuns na região Norte e agora ocupa o quinto lugar.

No Centro-Oeste, o câncer colorretal foi para o segundo lugar entre mulheres e o de colo do útero foi para o terceiro.

O câncer de mama em mulheres, o de próstata e o de cólon e reto são os três tipos mais incidentes nas regiões Sul e Sudeste. Já nas regiões Norte e Nordeste, o câncer de próstata é o mais incidente, seguido do câncer de mama feminina e câncer do colo do útero. Na região Centro-oeste, o câncer de próstata, com risco estimado de 61,60/ 100 mil, representa o tipo da doença que mais incide sobre a população, seguido do de mama feminina (57,28/ 100 mil) e do câncer colorretal (17,08/100 mil).

“As desigualdades sociodemográficas, culturais e também relativas à organização dos serviços de saúde nas regiões geográficas brasileiras refletem as diferenças no ranking dos tipos de câncer. Isso permite repensar as prioridades dos programas de controle de câncer e estabelecer ações adicionais direcionadas à realidade de cada local”, esclarece a coordenadora de Prevenção e Vigilância do INCA, Liz Maria de Almeida.

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