Deputados brasileiros que participaram de um ato político a favor de foragidos do 8 de janeiro na Argentina negam ter feito qualquer pedido formal ao governo de Javier Milei para recebê-los como refugiados políticos. Ao GLOBO, Júlia Zanatta (PL-SC) e Marcel Van Hattem (NOVO-RS), que estiverem em Buenos Aires para tratar do assunto, há cerca de uma semana, afirmaram que não houve ação para resolver qualquer trâmite burocrático.
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Além de Zanatta e Van Hattem, esteve na Argentina o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro. Na ocasião, os parlamentares bolsonaristas pediram que os brasileiros considerados foragidos sejam recebidos como "exilados políticos".
Em solo argentino, Eduardo Bolsonaro fez inúmeras publicações em seus perfis nas redes sociais. Segundo o parlamentar, há uma "perseguição a críticos de Lula no Brasil". O perfil da advogada Carolina Seabra, que representa alguns condenados pelos ataques golpistas, afirmou em seu perfil que representou os foragidos.
A Polícia Federal está listando os mais de 60 brasileiros condenados ou investigados que estão na Argentina. Até a próxima semana, deverão ser encaminhados os pedidos de extradição do grupo ao Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), do Ministério da Justiça, e então ao Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com as investigações, esses homens e mulheres deixaram o país pela fronteira a pé ou de carro e, alegando perseguição política, buscavam pedir refúgio a Comissão Nacional para os Refugiados (Conare), órgão do Ministério do Interior argentino.
Com o pedido, os foragidos pretendiam garantir permanência provisória na Argentina, com autorização para moradia, trabalho, estudo, além de acesso a serviços públicos, como saúde, no país.
De acordo com o portal Uol, condenados ou investigados pelo envolvimento nos ataques de 2023 quebraram as tornozeleiras eletrônicas que usavam por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), e fugiram do país. Ainda segundo o site, os fugitivos se encaminharam para a Argentina ou para o Uruguai. Após o caso ser divulgado, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, solicitou a inclusão dos fugitivos na difusão vermelha da Interpol.