Publicação de Caroline Ribeiro Souto Bessa

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Advogada do Contencioso Cível Estratégico de Martorelli Advogados | Cofundadora do Jurismulher | Membra das Comissões de Direito Penal: Direito Aduaneiro, Direito Portuário, Direito Aeronáutico, Aeroportuário da OABPE

Superando desafios invisíveis: reflexões no Dia do Advogado No universo das leis que moldam o cenário jurídico, existe um grupo de profissionais que, apesar dos inúmeros obstáculos, segue firme em sua trajetória: as mulheres advogadas. Ontem, celebramos o Dia do Advogado, uma data que nos leva a refletir sobre nosso papel na sociedade e, em especial, na advocacia. Devemos manter viva a trajetória pioneira de Myrthes Gomes de Campos, a primeira advogada brasileira que é um verdadeiro ícone de resiliência e coragem. Admitida na Ordem em 1906, Myrthes enfrentou um sistema legal e uma sociedade que ainda não estavam preparados para aceitar uma mulher em posição de destaque no Direito. Suas batalhas iam além das questões jurídicas, combatendo preconceitos profundamente enraizados e abrindo caminho para as futuras gerações de mulheres na advocacia. Apesar dos avanços, a luta por espaço no Direito e na sociedade continua, vez que enfrentamos, atualmente, desafios "invisíveis" relacionados ao gênero e que impedem a ascensão de muitas de nós às posições mais altas na carreira. Um exemplo dessa disparidade pode ser observado no Tribunal de Justiça de Pernambuco: até dezembro de 2023, havia apenas uma desembargadora em um universo de 51 homens, ao passo que, hoje, seguem sendo apenas duas. Outro fato é que nunca tivemos uma mulher como presidente da OAB/PE, logo, esses dados ressaltam a urgente necessidade de mudanças para garantir que as mulheres tenham as mesmas oportunidades de ascensão. Mas isso pode mudar, já que este é ano de eleição na OAB e estamos prestes a eleger, pelo Quinto Constitucional, o novo desembargador do TJPE. Deparamo-nos, então, com a possibilidade concreta de alcançar mais um feito histórico. Se mulheres forem eleitas, essas seriam vitórias simbólicas para todas na advocacia, pois estamos em um momento de alterar o cenário de desigualdade e reforçar a importância da representatividade feminina em todos os níveis da profissão. No escritório em que sou sócia, nos orgulhamos de ter uma liderança feminina forte e presente. Aqui, as mulheres não são exceções, mas sim uma força predominante que contribui para o sucesso e a inovação na advocacia. Embora a presença feminina tenha crescido, ainda precisamos de mudanças culturais que promovam e valorizem a liderança das mulheres. A luta pela igualdade de gênero, especialmente no Direito, é contínua e exige o compromisso de todos. Precisamos desconstruir as estruturas que perpetuam a desigualdade e criar um ambiente em que todos, independentemente de gênero, possam alcançar seu pleno potencial. A trajetória de Myrthes nos ensina que a resistência e a determinação têm o poder de abrir portas. Portanto, é crucial que continuemos batalhando para que essas portas permaneçam abertas e se alarguem para as futuras gerações. Que o próximo desembargador do TJPE e a próxima presidente da OAB/PE sejam mulheres, marcando apenas o início de muitas conquistas que ainda estão por vir.

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