Algumas considerações sobre #história e #sociologia.
Problema do principal do "#conservadorismo" é que sobrou quase nada digno de conservação. Os conservadores geralmente se apegam a aspectos completamente secundários da religião, dos antigos costumes e do organismo social, cristalizando-os em regras e fazendo deles fetiches, ao mesmo tempo em que os fundamentos que lhes davam sentido já foram para as cucuias há muito tempo, ou, inclusive, em alguns casos, estão do outro lado da trincheira.
Dou um exemplo: discorrem linda e longamente sobre as maravilhas de uma Idade Média sem aparato e burocracia estatais e seletivamente esquecem que, naquela boniteza, os camponeses e artesãos gozavam de uma estabilidade em suas funções e atividades com que o trabalhador atual sequer sonha, que não existia uma noção nítida e acabada de propriedade privada e que os valores e as classes eram subordinados aos políticos e religiosos, colocados à sua disposição e tinham seus fins a eles ajustados. Ou seja, querem conservar uma ordem econômica liberal perfeitamente inexistente em qualquer organização social realmente tradicional!
Eles confundem as limitações objetivas da ação estatal antes da Modernidade com um anti-estatismo xexelento, sem considerar que, num Egito da vida, o Faraó era DONO de todo o país, até das águas do Nilo, da água da chuva, das pedras e árvores. Também se esquecem de que a realeza nos Estados cristãos tinha um caráter sacro associado à manutenção da Ordem e da Justiça -- entendida de forma ampla, e não apenas como um abstrato e vazio ''rule of law''. Conservadores não costumam perceber que aquilo que tencionam conservar é antitradicional, pois confundem Tradição com balangandãs dispensáveis.