B3 fará 1º registro de projeto de carbono brasileiro, mirando compradores locais e estrangeiros.
O registro será do projeto PSA Carbonflor, desenvolvido pela consultoria ECCON Soluções Ambientais e Reservas Votorantim na Mata Atlântica. Grupo CCR entrará como primeira compradora dos créditos, a serem comercializados também pela B3.
Com o amadurecimento da agenda ambiental das empresas, as soluções de mitigação de emissões poluentes é um filão de mercado que deve ser cada vez mais demandado, segundo especialistas. Entre elas, está o crédito de carbono, um dos principais instrumentos de compensação de gases de efeito estufa (GEE). Pensando neste potencial, a bolsa de valores, B3, está preparando sua estrutura para não apenas comercializar créditos de carbono, mas também registrar os projetos geradores dos créditos, além dos próprios ativos.
Leonardo Paulino Betanho, superintendente de Produtos de Balcão da B3, conta ao Prática ESG que a bolsa tem buscado um posicionamento no tema de carbono há algum tempo e o que abriu a porta para a discussão na companhia sobre a entrada neste novo setor é sua atuação com o “irmão” do crédito de carbono, o CBIO, crédito de descarbonização do programa governamental RenovaBio.
“Quando lançamos em 2020 o CBIO, começamos a ganhar experiência em usar a estrutura mais tradicional de mercado financeiro e de capitais para um produto com uso específico, que é o objetivo de reduzir os gases de efeito estufa. Como entendemos que a infraestrutura funciona, começamos a olhar para o tema mais discutido pelos produtos, o crédito de carbono”, conta.
Com a iminência da aprovação do projeto de lei que regula o mercado de carbono e a expectativa que fundos de investimentos e outros investidores também possam ser atraídos por este mercado, a B3 já vem, desde o fim do ano passado, desenvolvendo uma bolsa digital para compra e venda de créditos de carbono conjuntamente com a ACX (AirCarbon Exchange) de Cingapura.
Yuri Rugai Marinho, CEO e fundador da ECCON, explica que a metodologia nacional é um trunfo por olhar de uma forma mais direcionada e completa ao que o Brasil precisa, quais as necessidades de proteção do bioma Mata Atlântica que as metodologias internacionais não conseguem abranger.
A CCR será a primeira compradora do ecossistema que está sendo desenvolvido. Segundo Renata Ruggiero Moraes, diretora de Sustentabilidade, Inovação e Responsabilidade Social do Grupo CCR, a empresa teve as metas climáticas aprovadas no ano passado pelo SBTi e, a partir daí, passou a implementar uma estratégia de descarbonização que envolve a redução de emissões, mas também a compensação do que não foi, ainda, possível reduzir.
Neste primeiro momento, serão adquiridas 67 mil toneladas para compensar parte das emissões da operação própria deste ano e dos próximos anos. O valor de cada C+ não foi divulgado ainda, mas David Canassa , diretor executivo da Reservas Votorantim, afirma ao Prática ESG que foi “a preço de mercado”.
Diretor de desenvolvimento de negócios na Badra SA e JHS
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