Agências de Acreditação Independentes: um sonho brasileiro de qualidade no ensino superior ou mais uma "normatização" de financiamento da pesquisa? Dentre os relatórios oficiais do governo, artigos, textos e reportagens, nacionais e estrangeiros que compõem a curadoria para estudos sobre a pertinência ou não de uma Agência Acreditadora Independente no Brasil, o autor deste documento traz algumas reflexões que nos ajudam a discutir a efetividade da regulação, especialmente no que se diz respeito ao sistema brasileiro, controverso, de avaliação externa. Apesar das divergências de conceitos, objetivos e efetividade, do ponto de vista das agências acreditadoras americanas e europeias, decorrentes do caráter normativo, impositivo e fiscalizador dessas agências, o olhar crítico sobre esse arcabouço regulador e a necessidade de um sistema independente que avalie a qualidade a partir de resultados percebidos pela sociedade, nos fazem continuar nessa análise, debates e discussões, sob a perspectiva do impacto da ciência e da inovação, desde que as transformações do egresso do ensino superior, na sociedade, sejam percebidas. No caso do Brasil, observa-se, no conjunto da obra, a dependência das IES ao sistema federal de financiamentos para a produção científica, como pré-requisito de qualidade, e pouca preocupação com o destaque no ranking internacional e a resposta de efetividade à sociedade. Vê-se nessa perspectiva, fortemente, o caráter da dependência das IES ao processo regulatório imposto pelo Estado, tendo como pano de fundo o financiamento de suas pesquisas. Daí as perguntas: a) A qualidade no ensino superior, em tempos atuais do avanço desenfreado das tecnologias de comunicação, de mediação do ensino-aprendizagem e de gestão da educação, deve ser medida por processos avaliativos regulados pelo Estado ou por resultados percebidos pela sociedade? Sendo resultados percebidos a capacidade de a IES, por meio de seus currículos, pesquisas e instrumentos de formação, impactar na transformação da sociedade. b) Será que para alguns segmentos das sociedades brasileira e estrangeira o que importa no quesito qualidade é o poder de fogo da produção científica? Qual seria a importância da formação profissional nesse cenário, considerando a demanda brasileira para o desenvolvimento econômico e social do país? Muitas perguntas ainda sem respostas...