Escrito por mim, anos atrás, em uma de minhas gestões de presidente do Clube da Voz.
Texto resgatado por Fabio Cirello
A Voz do Presidente
Novos tempos da economia, novas cenas do cotidiano brasileiro, cujo povo mostra que sabe o valor da moeda forte!
Passando pelo caixa do supermercado, uma senhora com o carrinho das compras do mês:
- Quanto deu?
- Quinhentos reais e trinta e dois centavos, diz o funcionário.
- Eu só tenho duzentos e oitenta.
- Tudo bem, a moeda é estável...
Enquanto isso, na concessionária, um moço sai acelerando alegre seu modelo esportivo. Muito, mas muito alegre, afinal ele pagou o preço de um modelo pé-de-boi e levou um super turbo.
E assim vai: um senhor recebe alta após 30 dias de UTI e na hora da conta consegue pagar bem menos, no valor de um quarto simples, sem acompanhante; na loja, a moça escolhe um jeans de grife de noventa reais, mas propõe pagar quarenta e cinco.E a loja aceita.
Bacana mesmo foi a cena na estrada: um motorista sem dinheiro passa pelo pedágio, e passa direto sem pagar. Nada mais justo, pensa o pessoal da Dersa, afinal ele contribui todo dia... mas hoje é assim.
Parecido com o caso daquela senhora da classe econômica, que atenciosamente conseguiu ser colocada na primeira classe, alegando dor de cabeça.
A estabilidade, por vezes, surpreende. O brasileiro e seu jeitinho de pechinchar. Como aquele casal no restaurante, com dinheiro insuficiente pra pagar a conta.O gerente é chamado e rola então esta negociação:
- Temos apenas uma parte. É o que temos. Se nos derem alguns dias...
- Tudo bem. São trinta por cento de desconto e mais trinta dias para pagar...
Eta talento orçamentário.
Na publicidade, entretanto, nenhuma destas cenas é R$.
