Duas questões me chamaram muita atenção na nova turnê de Caetano e Bethânia.
A primeira é a escolha de regravarem e lançarem como single "Fé", da cantora pop Iza. Esse movimento é uma estratégia inteligente para rejuvenescer o público e reafirmar sua relevância artística para as próximas gerações. Ao reinterpretarem uma música contemporânea, descem do pedestal – um comportamento que já vem sendo adotado por novos artistas da MPB, como Luedji Luna, Xênia França e Liniker. Além disso, essa aproximação com a música popular pode ser vista como uma tentativa de justificar os valores elevados dos ingressos para os shows.
A segunda questão é a evidente aproximação de Caetano com o público cristão em um momento específico do espetáculo. Embora isso tenha gerado críticas e debates nas redes por Bethânia deixar o palco no momento, é uma decisão que reflete um movimento estratégico. Com o Brasil caminhando para se tornar majoritariamente protestante nos próximos anos, essa conexão é uma antecipação do que muitos artistas provavelmente adotarão em suas trajetórias. Caetano está bem atento às transformações sociais.
Bingo.