Desde que me formei, nunca deixei de captar serviços como autônoma, mesmo que colaborando com outros escritórios ou propondo iniciativas sociais. Colei grau na pior fase da pandemia, depois de meses de incerteza (que foram seguidos por mais vários outros). Perdi o vínculo com o projeto institucional em que eu estagiava, ninguém estava contratando, os editais de mestrado que eu estava esperando sendo cancelados...
Não era minha ambição atuar como projetista de Arquitetura (depois do técnico, da graduação e de vários estágios essa era uma das poucas certezas que eu tinha): queria trabalhar na escala do urbano, e direcionei meu TFG e meus esforços finais da graduação para isso. Mas as demandas que começaram a surgir naquele momento atendendo à minha rede de relações foram as portas que encontrei abertas. E fui!
Muita gente para quem conto isso diz que sou maluca (investimento zero, mas muita responsabilidade). Saí da faculdade um dia, pedi meu registro no CAU no outro, pesquisei modelos de contrato, como lançar RRTs, como precificar serviços, como lançar NFEs, como fazer minha contabilidade, criei uma logo bem simples e comecei um escritório com um laptop.
Eu não tinha experiência no mercado em Ouro Preto, não é atoa que fui fazer estágios em escritórios na China e em Ribeirão Preto. Ele é hostil: restrito e burocrático. Eu só tinha as vantagens de conhecer gente, da confiança dessas pessoas (no interior, ainda vale muita coisa), e de negociar. Minha primeira RRT é de um projeto de regularização, atendendo a uma notificação, que precisava de aprovação no IPHAN. Depois disso, fiz todo o tipo de serviço.
Nunca deixei de captar, mas também nunca tive muito tempo de planejar e produzir conteúdo para as mídias sociais, investir em captação (tempo e vontade, porque lidava com os serviços de Arquitetura como uma fase). Mantive o escritório por 3 milagrosos anos à base de indicações. O jogo virou em janeiro, quando precisei de me afastar das atividades presenciais em Ouro Preto. Muita gente ainda não aceita projetos à distância, e ficar tanto tempo fora me desarticulou.
Já estava me preparando para processos de mestrado, decidi começar uma pós EaD e procurar trabalho aqui em São Paulo. Mas, quando recebo demandas de lá, faço o possível para atender. Semana passada consegui elaborar um RIV a partir de uma vistoria documentada por uma colega.
Esse é o primeiro projeto que realizo desde janeiro, na linguagem que estou tentando criar para o Instagram. É uma solução de interiores para um escritório de advocacia em um espaço alugado, estruturada por um armário-divisória modular que se encaixa no pilar entre as janelas, mas também se separa em outros layouts. Quero investir mais nesse portfólio virtual, porque me dei conta do quanto a possibilidade do trabalho autônomo é uma segurança. Mas a divulgação tradicional está garantida: cliente super satisfeito, mandando várias fotos da execução! ✨️
