Publicação de Mari Lemos

Ver perfil de Mari Lemos, gráfico

Reputation Strategist, Knowledge Curator, Impact Narratives, Diversity and Inclusion || Estrategista de Reputação | Curadoria de Conhecimento | Relações Institucionais e Comerciais | Narrativas de Impacto

A PAUTA ESG NÃO ESTÁ PERDENDO FORÇA NO BRASIL. SERÁ? Já tem rolado nos bastidores: os investimentos em diversidade estão reduzidos. Por isso, me bateu de um jeito notável quando li um texto do Think Eva que trazia no título: "A pauta ESG pode estar perdendo força nos EUA. Mas no Brasil, não", com reflexões sobre gênero, raça e sexualidade. Atuo há mais de 17 anos como profissional de Reputação para grandes marcas, instituições públicas e privadas e reflito a partir da segurança de quem já acompanhou vários "movimentos" - a "primeira onda" da sustentabilidade, sua queda, o "calor" sempre pontual em torno de LGBTs, o avanço dos investimentos em iniciativas negras após a tragédia com George Floyd, o surgimento, a popularização e o esvaziamento do termo "ESG", a corrida tão tardia quanto oportunista pela região Norte - que não concordo com a perspectiva do Think Olga. Sabe pq? Trata-se de uma análise eficiente para o "corporativo", o que é legítimo, mas também frágil, pq sugere e orienta um sentido generalista equivocado. Explico: ver o tema do Enem 2024 celebrar as heranças africanas e, na mesma semana, assistir ao adiamento do BATEKOO Festival é um choque. E precisa ser um choque. Porque reflete um cenário que é também sintoma de como o "mercado" movimenta seu investimento. Ver reduzido o patrocínio a um festival que celebra a cultura negra, em um evento que oportuniza, sobretudo para o público negro e LGBTQIA+, experienciar um momento de festa em torno desta cultura, evidencia qual é a lógica dos investimentos para iniciativas pretas, indígenas, periféricas e LGTBQIA+. Os projetos "sociais", o investimento social tem enorme importância sim. Mas uma pessoa, um coletivo, uma comunidade, a maioria da população brasileira não se alimenta apenas disso. Ela se alimenta também de suas criações, de sua criatividade, de seus talentos, de sua arte. Então, me pergunto: qual é o compromisso real? O adiamento da Batekoo não é um fato isolado. O Festival Gastronomia Preta (RJ) também sinalizou desafios similares e quem trabalha com captação para eventos à margem dos grandes eventos liderados por pessoas brancas - ou até os eventos "pretos" liderados por pessoas brancas (sim!) - sabe o que está escutando nas reuniões. Há uma crise de formato? Sim! Uma crise de consumo? Sim! Mas, é também uma triste verdade acompanhar quais são os primeiros grupos que sempre sofrem nestes momentos. E taí uma coisa que não muda. É importante vermos avançando os dados de presença de negros, LGBTs e indígenas nas empresas? Sim, CLARO! Mas isso não pode ser suficiente. E escrevo isso para evocar a atenção a todos os agentes da "diversidade" pelo perigo dos recortes, sobretudo aqueles que emitem e influenciam opinião e discursos. Podemos e devemos fazê-los, a partir das nossas atuações, mas sempre cuidando do sentido que uma afirmação generalista pode criar. A cultura negra, a cultura indígena e a cultura LGBTQIA+ estão sufocadas como sempre estiveram.

Mari sua excelente análise nos apresenta uma triste constatação. A dificuldade em se obter apoio financeiro e institucional do universo corporativo para realizações culturais. Gilberto Gil refletiu "cultura não é uma coisa extraordinária, cultura é ordinária, cultura é igual a feijão com arroz, é necessidade básica, tem que estar na mesa, tem que estar na cesta básica." O desafio é como re-conscientizar o universo corporativo, os donos do capital, trazê-los de volta à mesa de negociação. Reposiciona-los de modo a se tornarem parceiros.

Ana Carolina Martins

A Visionaria Lab | Direção Criativa e Audiovisual | Apaixonada por Cultura & Inovação Social

2 m

O que eles chamam de pauta, a gente chama de vida! E as nossas existências não são tendências que vem e vão.

Jules de Faria

Guardiã de propósitos @ Estúdio Jules | Creative consultant for visionary leaders and their purpose-driven goals

2 m

Marcela Fujiy achei que você fosse se interessar pela discussão de ESG e financiamento

Ana Claudia Pereira

Desenvolvimento Humano Organizacional | Treinamento e Desenvolvimento | Educação Profissional

2 m

Mari, estivemos juntas uma última vez no Fórum PWC2023, me recordo de termos conversado sobre essa mesma pauta e chegado em reflexões similares. Falo isso, para dar ainda mais ênfase ao seu texto e reafirmar que é gradual a falta de aporte, logo, a desvalorização dos movimentos que envolvem, principalmente o social. Colocações sempre precisas, minha amiga.

Ver mais comentários

Entre para ver ou adicionar um comentário

Conferir tópicos