Publicação de Mauricio Lopes

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Senior Scientist at the Brazilian Agricultural Research Corporation (Embrapa)

Compartilho o artigo de opinião "O imperativo de inovar no combate às queimadas", publicado hoje, 15/09/2024, pelo jornal Correio Braziliense. Boa leitura! ===================== O imperativo de inovar no combate às queimadas Maurício Antônio Lopes Pesquisador da Embrapa Agroenergia As queimadas e incêndios florestais tornaram-se sérios desafios ambientais, com impactos devastadores sobre a biodiversidade, economia e saúde pública. A frequência e intensidade desses eventos são amplificadas por mudanças climáticas, uso desordenado dos recursos naturais e urbanização descontrolada, criando condições propícias para a propagação do fogo e exacerbando uma crise ambiental global. Estudos indicam que a frequência e a intensidade desses eventos dobraram nas últimas duas décadas, e podem aumentar em até 50% até o final do século. Comprovando essa realidade, o Brasil enfrenta uma das secas mais severas de sua história recente, com a propagação descontrolada do fogo em praticamente todas as regiões. No acumulado de 2024, houve um aumento de 50% no número de incêndios em comparação ao mesmo período de 2023. Até o final de agosto, foram registrados cerca de 140 mil focos em todo o país, com graves impactos ao meio ambiente e à economia, além de riscos à saúde pública devido à fumaça e poluição. Essa realidade nos mostra que as abordagens convencionais de combate ao fogo, baseadas mais em reação do que em prevenção, estão se revelando insuficientes diante da crescente magnitude e severidade desses eventos. Para inovar nesse campo, é crucial mudar o foco do combate reativo e direto para sistemas inteligentes com ênfase em planejamento, prevenção e manejo da biomassa inflamável. O uso de tecnologias avançadas, como drones, satélites, redes de sensores conectados por Internet das Coisas (IoT) e inteligência artificial, permite monitorar áreas vulneráveis em tempo real, detectando focos de incêndio antes que se tornem incontroláveis. A modelagem preditiva, que considera fatores como clima e disponibilidade de material combustível, também é essencial para prever a probabilidade de incêndios e antecipar seu início e propagação. Além disso, a remoção de material inflamável por meio de queimadas controladas, pastoreio e automação no manejo de vegetação é fundamental para reduzir a biomassa suscetível ao fogo. A construção de infraestrutura resiliente, como aceiros e zonas tampão, associada a um planejamento urbano que evite a expansão desordenada em áreas de risco, é igualmente imprescindível. A restauração de ecossistemas degradados e o envolvimento das comunidades locais no manejo sustentável também são essenciais para mitigar os riscos, fortalecendo a resposta coordenada e preventiva. Ao olharmos para o futuro, é impossível ignorar que grande parte da biomassa destruída pelos incêndios pode ser matéria-prima valiosa, capaz de fomentar o desenvolvimento de uma bioeconomia sustentável... (continua).

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Perfeita a abordagem. Excelente artigo. O problema precisa ser bem delimitado e compreendido, e sistemicamente atacado em suas causas principais e fatores de risco. Atacado com conhecimento, tecnologia e estratégia. Algo profissional e competente. Modestamente acrescento que falta também educar a população quanto aos riscos e impactos, e fazer campanhas massivas de alerta e de treinamento. Conscientização profunda e repetida. Alguém já viu campanha assim? Eu não... Aliás tem sido mais frequente criar uma narrativa demonizando alguém e terceirizando culpas e responsáveis. Pena que não funciona, e apenas divide ainda mais a sociedade.

Wilmar Gomes Guimarães

Sócio administrador na Alwima Industria e Comercio ltda

3 m

Deixaram isso por conta dos bombeiros. E as vezes uma unidade de bombeiros ficam a 100, 200 e até mais km da origem do fogo. Até chegaram já queimou tudo. As prefeituras, cooperativas agrícolas tem que ter unidades de combate a incêndio nos municípios. Autorizadas, treinadas e pertencente à defesa civil e funcionando. Muitas vezes o corpo de bombeiros chega, mas o gerador ou a bomba não funcionam, o tanque vazio, sem água, como aplicar? Sugestão: carros pipas, tratores para abrir picadas, pessoal treinado (guarda municipal, policia militar, bombeiros civis), rádio para comunicação, para os primeiros socorros. Fiz um projeto de combate a incêndio florestal para indígenas para o Mato Grosso, onde coloquei até um avião Trike para sobrevôo. Alguém ligado a FUNAI disse que os indígenas não poderia usar isso. Vai entender! Mas deixar pegar fogo em tudo pode!

Ubiratan F Castellano

Energy Professional - Associated Consultant at Independent Consulting, POLI/USP, CPTEn UNICAMP

3 m

milhares de incêndios se iniciando em um curtíssimo espaço de tempo, sem ocorrências naturais causais. Precisamos instalas uma Polícia de inteligência Ambiental que trabalhe antecipando eventos naturais, humanos e criminosos (terroristas??? dada a situação, é o que parece ser em parte ...) Uso de tecnicas de foresite, uso de tecnologia de imagem todas (satélite, drone etc) e sensoriamento (ao invés de constelações de satélites mapeando nosso território para exploração estrangeira - com compadrio de nacionais). Combater queimadas no modo "enxugar gelo" está completamente superado 9devemos fazer, por óbvio, mas deve ser a parte do plano de ação, temos que ter um plano estratégico) e com as mudanças climática - emergência climática (use o termo mais adequado...) a antecipação, preparação para prevenir e para ter respostas rápidas, eficazes juntamente com respostas rápidas em investigação técnica, responsabilização por falta de prevenção ou por iniciativas criminosas, etc. Ou ficamos gastando (quando conseguimos) em hospitais ou lamentando perdas de vidas humanas e de animais e biomas inteiros.

César Barcellos

INTELLECTUAL PROPERTY AND REGISTRATION at César A.Leão Barcellos & Cia.Ltd.

2 m

Como dizia o ditado É melhor prevenir do que remediar. Reflorestar o Brasil com árvores e vegetação nativa diminuirão muito as secas e haverão menos queimadas. Uma floresta saudável conserva muita água e cria nascentes. Não somos mais homens da caverna e não precisamos do fogo para queimar seres vivos, portanto as queimadas tem que ser criminalizadas, desde as menores às maiores. Tem que haver tolerância zero às queimadas, e que paguem os infratores civil e criminalmente. No século XXI temos tecnologia para manejarmos o meio-ambiente sem necessidade de queimá-lo, o que causa a infertilidade do solo e a mortandade de animais e plantas, diminuindo a biodiversidade tão necessária à alimentação, remédios, etc...

Fabricio Ferreira

Eng. Florestal Me. Ciências Florestais

3 m

Abordagem propositiva Mauricio Lopes. Combinar investimentos robustos para ciência e inovação que promovam real adoção de práticas sustentáveis nos sistemas produtivos (agropecuária em especial) e estabelecer uma política com regras que condiciomem o valor a ser disponibilizado no plano safra e em carteiras privadas de crédito para grandes produtores rurais a mudanças reais nos métodos de abertura e limpeza de áreas, preparo de pasto, etc, também pode ser uma via promissora. Os dados recentes do MAPBiomas clarificam que boa parte do desmatamento vem ocorrendo em propriedades privadas, portanto, disciplinar o agronegócio é urgente e necessário.

Concordo com as argumentações. Mais do que uma postura meramente reativa, o país necessita de um conjunto de ações preventivas, utilizando os recursos tecnológicos disponíveis com inteligência e de forma articulada. Aliado a isso, a inteligência também precisa ser usada para inibir e bloquear as ações criminosas, acompanhada de modificações na legislação para ampliar o rigor das penas aos incendiários.

Luiz Homero Câmara Medeiros

Senior Project and O&M Manager on Power Systems and Renewable Energy; FACTS/HVDC, SCADA & Power Automation

3 m

Maurício Lopes, parabéns pelo artigo esclarecedor. Uma pergunta de leigo. Até que ponto a coivara, prática secular dos povos indígenas e quilombolas no Brasil até os dias atuais, que consiste em se promover a queima da matéria orgânica remanescente após a colheita, como preparatória da terra para o próximo plantio, seria responsável pelos incêndios que ocorrem no país?

Fernanda Tavora

Médica Veterinária Assistência técnica e extensão rural Rurale

3 m

O artigo foi muito completo na análise, principalmente ao abordar a questão dos resíduos sólidos em área rural. Infelizmente a falta de coleta seletiva na área faz com que muitos produtores ainda queimem os resíduos produzidos nas unidades produtivas.

Muito informativo! Sim todas as cidades deverão ter equipe pessoal e logística p enfrentar. Não ficar só olhando! Agirá mesmo tem um fogo na minha cidade !

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