Publicação de Nonada Jornalismo

Em artigo para o Nonada, o poeta e ensaísta Ronald Augusto escreve sobre o rótulo de "escritor negro": “A produção literária de negros e negras se explica apenas como “denúncia do racismo” ou como resgate de uma vaga ancestralidade? Parece-me que não. No entanto, é assim que ela vem sendo autorizada pelo sistema e pelo mercado literários. (...) Um poeta importante para dar prestígio ao conceito, Oliveira Silveira, se dizia: poeta, negro. Então há um modo de usar na mesma frase a expressão “Oliveira é um poeta” e a palavra “negro”, basta acrescentar uma vírgula entre os dois termos. Oliveira Silveira poeta, negro. Por que insisto na ideia de que o sujeito negro que escreve não perde nada se não for reconhecido como um escritor negro? Primeiro é importante dizer que apelar à sua figura como um autor negro não o deprime nem o torna mais relevante. O que vem depois da vírgula neste caso é apenas secundário. Ainda que o que a poesia por acaso venha nos comunicar não tenha a ver com enunciação, a questão se resume ao seguinte: o que se quer ler na literatura de um escritor, negro? O que seus poemas e ficções nos sugerem? Estamos dispostos a ouvir, de fato, a poética desses autores e autoras? Qual a sua poética? Ouvimos a sua música? Estamos dispostos a dar ouvidos ao seu estilo?" https://lnkd.in/dMfSpTwV

Ronald Augusto: Eu não sou o seu escritor negro

Ronald Augusto: Eu não sou o seu escritor negro

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