"Que Xou da Xuxa é esse?" Essa expressão, que viralizou recentemente nas redes, é um exemplo fascinante do poder da memória teleafetiva, conceito que desenvolvi na minha tese de doutorado para explicar o efeito da televisão na formação e evocação de memórias afetivas.
A Xuxa, em especial, é um fenômeno de memória afetiva para muitos brasileiros, e tudo o que está relacionado a ela parece se transformar em sucesso de vendas.
Um exemplo claro disso é o recente relançamento da boneca da Xuxa pela Estrela. Em apenas 24 horas, a edição esgotou completamente nas lojas, e a marca já negocia uma nova tiragem devido à enorme demanda. Essa resposta do público não é surpresa, pois a memória afetiva associada à Xuxa faz com que qualquer produto que remeta à sua imagem se conecte profundamente com gerações que cresceram assistindo ao "Xou da Xuxa". Mas, mais do que isso, eu defendo que a memória teleafetiva — quando programas de TV e figuras públicas criam uma ligação emocional com o espectador — é um poderoso atalho mental para vendas.
No mundo contemporâneo, onde vivemos cercados por incertezas e mudanças rápidas, o retorno às memórias de infância, à simplicidade e ao conforto emocional que vem nestas memórias teleafetivas traz um senso de “sossego”, de paz e conforto.
E essa sensação que impulsiona o consumo. A Xuxa é um ícone disso: o impacto dela transcende gerações, e sua figura desperta o desejo de consumir produtos que trazem à tona esse acalanto emocional. É o querer “reviver” o passado que move esse caminho.
O recente documentário “Pra Sempre Paquitas” reforça esse fenômeno. Nele, memórias das ex-assistentes de palco revivem o imaginário coletivo, e um dos momentos mais marcantes foi a viralização do vídeo da pequena Patrícia Veloso, que nos anos 80, indignada, perguntava “Que Xou da Xuxa é esse?” por não conseguir entrar no programa. Mais de 30 anos depois, essa cena ressurge e ganha proporções inimagináveis: Patricia conquistou fama, centenas de seguidores nas redes sociais, conheceu a própria Xuxa e ainda foi convidada para ser garota-propaganda da Magazine Luiza.
Esse exemplo é só mais uma prova irrefutável de como a memória afetiva e teleafetiva vendem, se conectam com o público e criam impacto comercial duradouro.
A nostalgia e o afeto gerados por esses ícones televisivos continuam relevantes em um mercado que, apesar de digital e dinâmico, ainda encontra na memória um dos maiores catalisadores de consumo.
Como a história de Patrícia e o sucesso da boneca Xuxa mostram, as memórias que trazem conforto emocional impulsionam o desejo de reconectar-se com momentos e figuras que marcaram nossas vidas, e essa conexão é o que faz da memória um verdadeiro ouro no mundo das vendas.
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1 mOs olhinhos dele 🥹😍 Eu voto na opção 1