Dos Portugueses de 2ª aos Estrangeiros de 2ª
Digam lá o que disserem, sempre tratámos muito mal África.
Claro que para a conversa política, sacamos dos galardões todos: Bartolomeu Dias, caravelas, história colonial, até fizemos lá bebés dirão alguns, mas na prática os brancos de lá eram portugueses de 2ª e, diz-me uma afro-americana nómada digital residente em Lisboa, que se apercebe da enorme diferença de trato quando os portugueses se dão conta que ela, afinal, é "americana" e não apenas uma afro qualquer de uma das "nossas" ex-colónias. Como se, de repente, ganhasse um estatuto superior por conta disso.
A prova de quão péssimo tratamos África vê-se na forma como a Embaixada de Portugal em Angola trata a questão dos vistos para os angolanos. Noutro país qualquer, esta tolerância (quem sabe conivência até?!) com a máfia dos "agendadores" que cobram até 300 euros por uma senha de agendamento seria proibida, perseguida e denunciada. Os angolanos, presos numa espécie de síndrome de Estocolmo, continuam a sonhar com Portugal - sem visto Gold, sem benefícios fiscais, sem os prémios da moda, sem nada. E pior: com um serviço consular claramente vergonhoso que não assegura nem sequer o direito ao agendamento pela via "normal". E, já agora, com tarifas aéreas caras porque, por lei, apenas duas companhias aéreas podem voar entre os dois países!
No âmbito da visita realizada pelo primeiro-ministro português a Angola, dedico o meu artigo da semana à #climbangola, o primeiro evento internacional de escalada na magnífica Serra da Leba (#Huila). Só é mesmo pena o aeroporto do Lubango, a porta de entrada para este destino, ser apenas "internacional" no nome...é que certificado para tal também não está.
Só mesmo uma #angola chegada ao fundo do poço é que (ainda) pode sonhar com Portugal. E quando se chega ao fundo do poço, a única saída é subir. Mas, para isso acontecer, também é preciso parar de cavar.
#tap #taag #anac #transporteaereo #escalada #politicaspublicas #aeroportos
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