África precisa de muito trabalho interno ao nível dos países, para tornar a Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA) reforçada na cadeia de valor regional.
Os desafios são muitos, desde os estruturais e conjunturais, as infraestruturas e as barreiras tarifárias.
Se os países internamente não se organizarem, dificilmente vão conseguir tornar o mercado regional robusto e lucrativo para as economias da região.
O que deve ser feito então?
• Que estratégias podem reforçar as cadeias de valor regionais?
Primeiro passo é acelar a transformação digital da produção e do comércio transfronteiriços, que em parte, depende da capacidade de produção de bens e serviços de cada país e da sua estrutura em termos de mercado e logística. Ou seja, acelerar a transformação digital implica dar valor a toda cadeia de produção.
Como soluções inovadoras a implementar neste sentido, é reforçar as parcerias público- privadas nos domínios do comércio, da logística e de financiamento.
Os governos devem assegurar as linhas de financiamento, para o reforço estratégico na cadeia de valor do comércio.
A circulação intercontinental de dados requer infraestruturas e regulamentação favorável.
Vejamos que em termos de transações de dinheiro móvel de 2019 a 2020 foram transaccionados perto de 495 mil milhões de dólares, sendo que a banda larga intra regional para África foi de apenas 16%, enquanto que a Ásia mantém-se emergente com 56% abaixo da Europa com 75%.
Há toda uma necessidade de se integrar os serviços digitais as empresas africanas e as próprias economias como um todo.
• Adaptar as estratégias nacionais de industrialização à ZCLCA
É preciso adaptar as estratégias nacionais de industrialização a ZCLCA. Isso vai implicar investir na qualificação profissional dos jovens, uma vez que apenas 29% dos trabalhadores africanos são qualificados.
Até 2020 só 38 países implementaram as Zonas Económicas Especiais (ZEE), com um total de 237.
• Como podem os governos africanos implementar estás medidas prioritárias?
Outro desafio aos países africanos é garantir as medidas, que visam reforçar a cadeia de valor regional, para tornar a ZCLC forte e robusta na dinamização do comércio intra regional que pode ser o maior mercado livre do mundo.
Para implementar as medidas prioritárias é necessário envolver o sector privado na implementação de políticas públicas de fomento a produção, a digitalização e as transacções móveis entre os mercados do continente.
Os Governos precisam fazer mais esforços para mobilização de recursos financeiros e desbloquear as barreiras ao financiamento, a fuga ao fisco e outras práticas lesivas ao Estado e as empresas.
De 2010 a 2019, por exemplo, o rácio dos impostos/PIB em África teve uma variação de aumento de 14.8% para 16.6%.
A visão existe, a vontade também, mas falta-nos coragem e determinação para implementar medidas assertivas para melhor dinamizar o mercado regional africano e torná-lo competitivo e lucrativo.
Presidente do CECIEX - Conselho Brasileiro das Empresas Comerciais Importadoras e Exportadoras na CECIEx - Conselho Brasileiro das Empresas Comerciais Importadoras e Exportadoras
2 semInteressante!! 🤔 Em qual ou quais áreas o Brasil tem soluções inovadoras com relação aos negócios com o continente Africano? Pergunto porque atuo em Comex desde 1983 com foco no continente Africano e tenho muito interesse em conhecer as soluções inovadoras que o Brasil pode apresentar para que os negócios com este “continente azul “ possam alavancar!