Publicação de VEJA São Paulo

Certa vez, enquanto tirava um chope, atrás do balcão do bar Pirajá, em Pinheiros, Tânia Deoclecio foi surpreendida por um cliente que, ao vê-la, gritou: “Mulher tirando chope? Agora, ferrou!”. Com toda a calma, Tânia respondeu que ele deveria se acostumar. “Sou a nova gerente daqui”, disse a administradora de empresas de 45 anos — vinte deles à frente de vários negócios do grupo Cia Tradicional de Comércio, dono de estabelecimentos como Astor, Original, Bráz Pizzaria e Ici Brasserie, entre outros. Atualmente, Tânia gerencia o bar Astor do shopping JK, na Vila Olímpia. Coincidência ou não, a unidade — a única da rede comandada por uma mulher — é uma das mais elogiadas pelos clientes. “Nosso atendimento tem leveza, cuidado, sorriso, sem deixar de ser ágil.” Situações como a vivida por Tânia desvendam um pouco da rotina das mulheres que decidem adentrar um segmento preponderantemente masculino — o de bares — em funções que vão de bartender a gerente, passando pela gestão do RH. Até alguns anos atrás, bares eram ambientes pouco convidativos para mulheres circularem sozinhas, clientes ou funcionárias — haja vista os inúmeros casos de assédio e desrespeito divulgados. Felizmente, parece haver um esforço do setor para equiparar a presença de homens e mulheres trabalhando não apenas em bares, mas também em restaurantes. Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), com mais de 1 400 estabelecimentos de todo o Brasil, mostrou que 41% deles declaram já ter implantado a paridade de gênero nas equipes e na gerência, enquanto 30% pretendem implantar em breve. A maior presença de profissionais mulheres no setor de bares coincide com uma maior frequência da clientela do sexo feminino — diz quem trabalha na área. “Elas também querem sair para se divertir, como fazem os homens”, diz Glaucia Fernandes, de 44 anos, que comanda os departamentos de marketing e recursos humanos do grupo Botequim há um ano e meio. O grupo é dono da rede Botequim São Paulo, com seis unidades distribuídas entre São Paulo e o ABC. Glaucia acredita no potencial do público feminino, tanto que implementou uma noite exclusiva para elas no Botequim São Paulo, mesmo diante da resistência da diretoria da empresa (formada por homens). “Nessa noite, só temos mulheres trabalhando, para uma clientela 100% feminina”, explica. A ideia foi um sucesso desde a primeira edição, com direito a fila na porta. “Agora, fazemos a cada dois meses”, diz a executiva, que trabalha ao lado de 25 homens e continua brigando para ter mais mulheres na equipe, certa de que um ambiente profissional com mais diversidade ajuda a criar espaços mais acolhedores. Leia a reportagem de Vanessa Barone e Luana Machado: https://lnkd.in/dNPbMTGr

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Fabiana (.

Marketing| Communications| Branding

3 m

Very good article and awesome young talented professionals! Congratulations!!

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