Uma celebridade dá entrada num hospital e, rapidamente, algum médico "estrela" é escalado para fazer comunicados oficiais à mídia sobre a evolução do seu quadro.
O "dr. Estrela" mobiliza os elos da cadeia de cuidado dentro da instituição e coordena tudo. Nada pode dar errado, pois está todo mundo olhando.
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Na alta, paciente e equipe médica posam sorridentes para fotos na fachada, com o logo do hospital bem à mostra. "Mais uma vez foi comprovada a excelência da instituição e de sua equipe médica..". Blá-blá-blá.
Essa coreografia toda é um tremendo marketing para o hospital.
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O que o dr. Estrela fez, foi orquestrar uma LINHA DE CUIDADO para cuidar do paciente famoso. Qualquer profissional de saúde-(estrela ou não)-sabe que essa é a forma de garantir o melhor resultado possível para um paciente, ninguém precisa de Michael Porter para ensinar isso.
Uma pena que os "não celebridades", como eu e você, não possamos ter acesso a esse tipo de cuidado. Vamos entender porquê.
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Você jamais verá cuidado organizado da forma que deve ser organizado, em prestadores que não sejam remuneradas pelos resultados que geram para os pacientes.
Se eu ou você dermos entrada num hospital, o atendimento será realizado com os recursos que estarão disponíveis, incluindo os especialistas e profissionais que estiverem de plantão. Os melhores podem até não estar lá, porque têm de trabalhar em vários outros lugares para conseguir uma remuneração decente.
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Se você fosse uma celebridade, esses especialistas seriam mobilizados rapidamente (estivessem onde estivessem) para compor a LINHA DE CUIDADO que lhe garantiria o melhor desfecho , mas você não é celebridade, leitor. Ninguém vai ficar sabendo.
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Médicos são remunerados por hospitais, que são remunerados por operadoras, que por sua vez são remunerados por empresas que as contratam. Nenhum pagador desses, remunera ou vincula seus contratos comerciais a RESULTADOS PARA USUÁRIOS; portanto, CUIDADO COORDENADO não faz sentido econômico para prestadores na ponta do atendimento.
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Em qualquer setor- medicina ou não- uma estrutura de prestação de serviços que realmente tenha o usuário no centro, é sempre "fractal"- uma característica de qualquer SISTEMA COMPLEXO.
Em estruturas assim, o "micro" reflete o "macro"- para que alguma coisa funcione numa escala, essa coisa tem que ser coerente com o que existe em todas as demais escalas da estrutura que presta o serviço.
Dizemos que o sistema tem que ser auto similar em todas as escalas.
Esta é a base para a gestão de SISTEMAS COMPLEXOS como o da saúde.
Enquanto as autoridades, formuladores de políticas, e reguladores, não entenderem isso, nada feito.
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