Álcool e intervenções do enfermeiro do trabalho
O alcoolismo tem persistido como sério problema social, que afeta todas as classes e tem se tornado um problema para a saúde pública, sobretudo, no âmbito do trabalho, trazendo prejuízos para o indivíduo e para a empresa. Devemos entender cada vez mais as interfaces do alcoolismo porque as consequências desse irá atingir todos que convivem com o alcoolista no âmbito social, familiar ou trabalho causando sérios problemas e as vezes irreversíveis.
Muitas pessoas marcam os encontros com os amigos geralmente sexta-feira, depois do expediente o famoso happy hour , esses bebem para aliviar o estresse do trabalho, da semana difícil que teve ou das pressões vividas pelos chefes para entrega de tarefas. Eles se reunem com os amigos para jogar conversa fora e beber “socialmente”. Esse hábito pode se tornar nocivo porque muitos não percebem que podem estar fazendo isso com uma frequência muito grande e desencadeando problemas com alcoolismo. Os estudiosos afirmam que alcoolismo é o terceiro motivo de ausência do trabalho e a oitava causa de concessão de auxílio doença pela Previdência Social. O álcool ocasiona doenças físicas e mentais, degradação familiar, desestruturação no trabalho, entre outros transtornos. Porém é deixado em segundo plano por ser considerado um agente importante nas reuniões sociais, no convívio e aceitação entre grupos.
No âmbito do trabalho, as organizações vêm despertando seus interesses para o desenvolvimento de estratégias e implantação de programas preventivos ao uso indevido do álcool e outras drogas. O que motiva estas ações são as conseqüências negativas trazidas à saúde do trabalhador e à sua capacidade de produção,tais como, absenteísmo, acidente de trabalho, acidente de trajeto, queixas diversas em relação à saúde, aumento de falha na execução das tarefas, conflitos com os colegas, superiores e clientes, que guarda uma relação direta com o consumo de álcool. Nós, enfermeiros do trabalho temos um papel muito importante na ajuda do trabalhador alcoolista, pois é quem passa a maior parte do tempo no serviço médico da empresa, ouvimos as confissões que ele faz sobre os problemas causados pelo álcool, tanto na sua casa quanto no trabalho. Se o enfermeiro tiver uma atitude pessimista e preconceituosa, poderá influenciar negativamente a equipe de saúde, fazendo com que a probabilidade do êxito do programa possa diminuir. É preciso que este profissional tenha muita convicção e segurança nas atitudes junto aos trabalhadores alcoolistas e que demonstre acreditar na recuperação, somente assim os programas de prevenção e reabilitação poderão ter resultados positivos.
Há divesas formas de prestar ajuda e apoio ao trabalhador alcoolista mas o enfermeiro do trabalhao deverá sempre oferecer atenção e segurança,procurando deixá-lo a vontade demonstrando ética e respeito por ele. Algumas ações do enfermeiro junto ao trabalhador alcoolista: realização de palestras de esclarecimento sobre temas relacionados com o uso abusivo de álcool; educação em saúde como medida preventiva para o alcoolismo; maior engajamento nos programas de prevenção, tratamento e reabilitação de alcoolistas nas empresas; orientação à saúde através da consulta de enfermagem, sendo esta última uma das mais importantes por ser uma atividade ampla e a ação do enfermeiro não se resume à prestação de cuidados, mas relacionar a observação dos aspectos biopsicossociais da pessoa com o seu próprio modo de estar situado no mundo. Tem como requisito a integração do enfermeiro com o cliente, exigindo do profissional não só uma bagabem de conhecimentos científicos, como também percepção e senso crítico, permitindo um cuidar globalizado do indivíduo.
Para aqueles já diagnosticados como alcoolistas, a consulta de enfermagem constitui-se numa estratégia para a manutenção da sobriedade ou prevenção da recaída dos mesmos, tornando-se um momento de reforço de todos os passos para manutenção do afastamento da bebida.
Quando o problema do alcoolismo é identificado na empresa, a abordagem deve ser cuidadosa, sem humilhações e principalmente com muito respeito ao funcionário. Termos pejorativos relacionados aos alcoolistas devem ser veementemente combatidos por se tratar de assédio moral que prejudica e leva o alcoolista a uma condição de extremo sofrimento e baixa auto-estima.
Meu nome é Marcia Mendes e se esse texto foi relevante para você compartilhe nas suas redes sociais. obrigada!