É errado ensinar a dar o lugar?

É errado ensinar a dar o lugar?

Num transporte público, as crianças vão provavelmente reparar nas pessoas mais velhas, mas, cabe-nos a nós, pais, ajudá-las a fazer o exercício de imaginar que aquela pessoa pode estar exausta.

Ana, odeio a expressão “No meu tempo”, que além do mais dá ideia de que já não contamos nada neste mundo, mas por uma vez vou usá-la.

Estou no comboio e vejo várias crianças sentadas, quando há pessoas de idade em pé. Estou suficientemente longe para não confrontar os pais com um sermão pedagógico ao estilo da tua Avó-Granny ou a gritar aos miúdos um “Dá o lugar à Senhora!”, mas a cena está a pôr-me os cabelos em pé. Porque é evidente que é uma questão de pais — compete-lhes estar atentos ao que acontece à sua volta e explicar à criança que deve passar para o seu colo ou ficar em pé, porque tem mais energia e está em melhor forma física do que a senhora que se agarra com dificuldade ao varão.

Provavelmente se dissesse alguma coisa a estes pais, responder-me-iam que às grávidas e aos velhinhos já são atribuídos lugares, mas será que ao oficializarmos direitos, temos como efeito secundário a desresponsabilização individual? Qualquer coisa como “O Estado que trate deles?”

Cá para mim, Ana, a lição do “Dar o lugar”, é sobretudo ensinar a prestar atenção aos outros e de, simultaneamente, tomarmos consciência de que podemos fazer a diferença, e que essa diferença conta mesmo nas coisas pequenas. Aliás, a Psicologia Positiva veio provar o que sei por experiência própria desde pequenina — que uma “boa ação” traz felicidade e um calor especial ao coração (sei eu, e sabem os escuteiros, com as suas três boas ações por dia!).

Virá seguramente alguém argumentar que as crianças têm tanto direito a ir sentadas como um adulto, e que o meu discurso é retrógrado, mas, por acaso, acredito mesmo que a boa educação não tem nem tempo, nem modas. Estou velha?

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Leia a resposta da Ana e a birra completa no site do Público.

Isabel PG Adragão de Antela

Professor Especialista em Gestão Educacional na ESEI Maria Ulrich

1 sem

Concordo, e pela positiva que toca bem nos outros. Educar passa por parar, olhar, treinar os sentidos… a atenção e o cuidado na relação contagia-se. Mas é preciso “vivê-lo”!

Alfreda Ferreira da Fonseca

Professora de Filosofia (aposentada)

1 sem

Concordo inteiramente que é preciso "educar" pais, crianças e avós para terem atenção às pessoas mais velhas que fazem, obviamente, um esforço maior para estarem em pé nos transportes públicos. Dar o lugar é ser simpático e não custa quase nada .A boa ação diária dos escuteiros (é uma e não três por dia) é uma excelente escola de educação cívica.

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