É hora de mudar?
Texto: Rosana Paterno Moreira - Imagem: casule.com

É hora de mudar?

Como profissionais enfrentamos alguns dilemas. Um deles é saber se vale a pena deixar o atual emprego para arriscar uma nova oportunidade.

Ansiedade, medo e culpa são alguns dos sentimentos que visitam o profissional durante o período onde ele precisa decidir se fica onde está, ou se deve se aventurar em novos terrenos - talvez arenosos, mas ele só descobrirá isso depois que estiver nele. O dilema é maior quando envolve mudança de cidade ou área, por exemplo, e quando você tem dependentes financeiros na família - ou seja, mais pessoas serão impactadas caso você faça uma má escolha.

Já passei por essa situação algumas vezes na vida, pois até aqui fui eu quem pediu a rescisão de todos os contratos de trabalho. Alguns chamariam isso de sorte, por não ter experimentado o gosto amargo de ser demitida. Ok, acredito que, olhando por esse lado é mesmo, mas também é desconfortável tomar a iniciativa, pois sei bem como é sentir essa ansiedade, esse medo e, com certeza, a culpa de estar (ou apenas achar que está) "deixando alguém na mão". Essa culpa sempre esteve presente de maneira muito forte em todas as situações. Sempre tentei dar um prazo, deixar as coisas organizadas e os processos desenhados pra que essa transição fosse o menos complicada possível. Mas confesso que nem sempre foi possível e a culpa se agiganta nessa hora. O conforto vem se você buscou fazer um bom trabalho pra deixar a 'casa em ordem' o tempo todo. Com certeza a culpa é amenizada se você não sente que deixou mil pendências pra resolver, metas longe de se alcançar e bagunça pra outro profissional arrumar. Confesso que no início não consegui isso - e não se culpe se não conseguiu também, pois é uma construção - a gente aprende a se programar melhor com as saídas depois que amadurece como profissional.

A gente tenta 'compensar' de alguma forma, e essa pode realmente ser uma boa estratégia, pois você vai tentar ser o mais 'generoso' possível, fazendo uma boa transição, ajudando na seleção ou indicação de outro profissional, ficando à disposição para apoio por um tempo. E isso é bem importante!

Exceto em situações onde houve conflito grave na relação empresa/empregado - onde a saída pode ser um tanto desgastante - é essencial que as portas fiquem abertas, os laços estreitos e a confiança estabelecida. Você pode até nunca voltar para aquela empresa, mas o mercado é cíclico, as pessoas vêm e vão e você sempre vai cruzar com ex colegas, ex líderes, ex empregadores, ex subordinados, ex parceiros ou fornecedores - mesmo que você nem saiba disso. E em alguns momentos, a decisão de te contratar ou fechar uma promoção pode depender do conceito que essa pessoa tem de você como profissional.

Na hora de pesar os prós e contras é importante ser o mais racional possível, a emoção é uma péssima conselheira nessa hora. Eu costumo montar uma planilha, onde são enumerados os fatores decisivos, tanto os positivos quanto negativos, das duas empresas. É preciso também tomar cuidado com os motivos, analisar se eles são realmente claros e evitar a subjetividade. Muitas vezes a gente tenta usar indicativos falaciosos de que direção tomar, ou tenta se justificar com argumentos sem sentido como "se for aprovado naquele processo é um sinal de que devo mudar daqui". Acredite, não é. É uma oportunidade a mais se abrindo, mas não é sinal de nada - apenas de que você foi muito bem no processo e parabéns por isso, afinal é um fator essencial pra essa mudança - não é nenhum sinal do destino.

Cinco fatores importantes a se analisar especialmente numa situação de troca de emprego:

* Diferença de remuneração - especialistas indicam que é preciso um upgrade de 30% para assumir o risco de mudança, então avalie se a nova proposta atinge esse índice, não esqueça de considerar os benefícios nessa conta (incluindo trânsito e disponibilidade extra-expediente). Além disso, se for para outra função, a proposta é coerente? Salário e função são compatíveis?

* Consolidação da marca - compare a empresa nova, pesquise - afinal tanto quanto as empresas investigam os candidatos, os candidatos podem e devem fazer o mesmo - tenha segurança quanto à idoneidade financeira, de mercado e no trato com os funcionários.

* Entenda exatamente qual será sua posição: quais as responsabilidades, autonomia, hierarquia, se há e como funciona o plano de carreira - esta atuação contribui estrategicamente para o seu plano profissional a médio e longo prazo? Tente entender ao máximo qual será o ambiente de trabalho e não se iluda com 'promessas' como "te contratar como Analista mas em 3 meses você será o Coordenador do setor" - por exemplo.

* A cultura organizacional dessa empresa é compatível com a sua cultura? Veja valores, missão, visão... confira se há afinidade entre o seu perfil e o que faz você trabalhar bem, com a forma de trabalho por lá.

* Entenda o cenário econômico inclusive para o segmento de atuação das empresas, tanto a antiga quanto a nova, como estão os projetos, a demanda de mercado? Em que momento as empresas estão agora? Compare.

Se apesar de todas as análises você errar na sua escolha, não se martirize, reconstrua novamente seu plano e siga adiante. Às vezes um erro se converte em acerto, lá na frente. Tente filtrar os aspectos positivos e aprender com os negativos dessa experiência. Um erro só é completamente ruim se você não aprender nada com ele.



Caroline Rech

RH | Recrutadora | Especialista em Linkedin | R&S | Consultora de Linkedin | Reestruturação de Currículo e LinkedIn | Recolocação Profissional | Mentora de Carreira | Transição de Carreira | Consultora de RH

5 a

ótimo conteúdo Rosana, um bom guia para quem está vivendo a situação de dúvida profissional.

Maicon Francisco Silva

Segurança, Saúde e Meio Ambiente.

5 a

👏🏿👏🏿👏🏿👏🏿

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