É HORA DE PERGUNTAR O QUE QUEREMOS
Presenciamos nos últimos tempos, uma enumeração exaustiva de cenas grotescas mostrando os equívocos históricos e recentes da nossa formação social. Como já sabíamos no contexto de nossas relações, o Brasil tem uma sociedade anacrônica, refém de ideias falsas e de alterações ambivalentes e desorganizadas de pensamento. Mas surpreende o apogeu dessas características traduzido em uma esquizofrenia social.
Desde o início de nossa formação, somos politicamente desorientados. Talvez um pluralismo cultural excedente tenha nos legado uma sociedade sem propósito consubstanciado, deficiente de norte, e por consequência, carente da aptidão para a objetividade e o planejamento.
Salvo em exceções, é evidente que o Brasil “acontece” à deriva, sem um direcionamento claro.
Estamos errando na condução da nossa cultura e na definição do papel do Estado, e assim, na estruturação dos sistemas públicos de educação, saúde e segurança, no ordenamento jurídico, na organização da infraestrutura e na criação de um ambiente favorável a um desenvolvimento criador de riqueza em sintonia com as tendências da evolução humana.
Neste cenário de caos, o ambiente de negócios, promotor do desenvolvimento, fica no Brasil, ilhado em um mar bravio, sujeito a severas intempéries, hostis à sua emergência.
Considerando as perspectivas do progresso, as cenas dos últimos tempos não são um sinal de exceção, mas a evidência dos equívocos da nossa estrutura social. E quanto custa isso?! Qual o preço do atraso na melhor definição do papel e no exercício lógico e funcional do Estado? Quanto pagamos e pagaremos pela falta de rumo na orientação e organização dos sistemas públicos e do ambiente jurídico? Quanto custa a deficiência da infraestrutura, a confusão tributária, o arcaísmo trabalhista e previdenciário?
Como muitos imaginam, custa caro. Mas custa mais caro do que a maioria pensa.
Em nossa empresa, lidamos com duas atividades econômicas distintas e convergentes – que são comércio internacional e investimentos em projetos de capital. Pela natureza das características e relevância dessas atividades, apuramos bem o preço e o custo do nosso atraso como nação. Com consciência do nosso papel empresarial na contribuição para o resgate que se faz necessário, por dever de ofício, talvez saibamos mais até do que muitos deveriam saber.
Além do valor financeiro ou pecuniário, o custo de nossas deficiências de cultura, ideia e organização são a perda “inexorável” da competitividade do país e o severo agravamento dessa horrível situação espetacularizada pelas cenas que temos visto.
Em um ciclo vicioso, a baixa competitividade favorece as ideias falsas ou pós-verdades que alimentam a desorganização do pensamento gerando esse caminhar errático que mantém o país à deriva, sem protagonismo e jogando como mero coadjuvante o processo global de desenvolvimento baseado em trocas.
É hora de perguntar o que queremos.
Mesmo pobres em questões importantes que comprometem nossa capacidade analítica e organizacional, somos ricos em recursos e capacidade produtiva. Passa da hora de revertermos deficiências tão graves e tal não o faremos sem uma reflexão profunda, primeiramente de caráter individual, e sem a adoção efetiva de boas práticas no ambiente das empresas, no contexto do Estado, no âmbito das instituições – públicas e privadas –, ou dentro de casa, em família. Além de perguntarmos o que queremos, é hora de fazer. Façamos.
Business Development & Marketing Partner
7 aCuriosamente, escrevi exatamente sobre isso mais cedo: do desafio que é imputado ao empresário e empreendedor no Brasil em traçar qualquer tipo de rota em um ambiente tão incerto e hostil como o que nos cerca.
Senior Investment Officer na TSX Group
7 aMais profunda que a crise politica e econômica é a falta de valores e de atitudes construtivas refletidas no estado e suas instituições.
Presidente - Instituto O Pacificador
7 aUma reflexão muito necessária e urgente a ser feita por todos nós.