É hora de sair da inercia em busca de eficiência

O investidor brasileiro precisa se libertar do passado. A relação exclusiva entre conta corrente e investimentos não é mais atual. Nos últimos dez anos foram estabelecidas e colocadas à disposição dos brasileiros várias alternativas para trabalhar e gerir seus investimentos.

Hoje o investidor pode escolher tanto as instituições bancárias quanto as plataformas digitais ou as gestoras independentes. Cada uma tem seu público-alvo e suas funções. Mas, se o investidor não é um profissional de mercado e se não tem conhecimento nem tempo para aprofundar-se no vaivém da economia nacional e mundial, dos novos e velhos produtos à sua disposição, ele pode – e deve - contar com um especialista que vive dia e noite o mercado e tem grande expertise e background para montar e monitorar ao longo do tempo boas estratégias de investimento, compatíveis com as expectativas do investidor e focadas em seu interesse.

O investidor brasileiro, em geral, não estava acostumado a buscar novas alternativas de onde investir. Além disso, também é cauteloso, não aceita facilmente tomar mais risco, por não saber em quem pode confiar. Na prática, isso não faz sentido, uma vez que a regulamentação brasileira é muito sofisticada e protege efetivamente o investidor. O gestor tem a discricionariedade na tomada de decisão de investimentos, mas cabe ao administrador / custodiante a guarda dos ativos. O gestor avalia e comunica sobre os resultados obtidos, mas é o administrador quem os valida. Sendo garantida essa separação das responsabilidades para qualquer gestor, é preciso escolher o melhor e o mais eficiente deles.

Também não estamos mais no tempo em que os juros eram altíssimos e com pouco esforço e muito conservadorismo se podia obter boa rentabilidade na poupança, por exemplo.

Os tempos hoje são outros: sim, a poupança ainda existe e ainda é um investimento seguro. Mas o investidor pode certamente obter uma melhor rentabilidade com outras opções que o mercado oferece, com nível de segurança equivalente. Então, por que se manter em investimentos como a poupança? Por hábito, por falta de conhecimento ou mesmo por temor de optar por uma alternativa que não se conhece bem.

Um exemplo análogo e muito concreto de um passado que ainda está presente ocorre hoje com os produtos de Previdência Complementar. Esse investimento é o que mais cresceu nos últimos 15 anos, dado que o brasileiro já percebeu que precisa investir para ter uma aposentadoria que mitigue o risco da Previdência Social e garantir a mesma qualidade de vida dos tempos antes da inatividade.

No entanto, parte dos fundos em que esses recursos estão sendo investidos sequer estão obtendo rentabilidade acima do CDI. Dos 933 fundos com mais de 36 meses da categoria Previdência da Anbima, apenas 18% (168 fundos) têm rendido mais do que o CDI. Os cinco maiores fundos de Previdência da indústria totalizam R$184 biliões, o que representa cerca de 30% da categoria (R$ 615 biliões em total). Nenhum desses fundos tem entregado resultado acima do CDI em 24 meses ou 36 meses. (Os dados são da Anbima, de 31.12.16.)

Em geral, esse resultado é consequência de uma estrutura de custos elevada para investimentos conservadores (a maior parte da previdência complementar está investida em renda fixa). Esta também é a crítica mais frequente para o setor de previdência complementar: “custa muito”.

Na verdade, estamos mantendo vivo um passado que não deveria mais existir. O mercado, nas novas condições, deveria evoluir para eliminar esse tipo de ineficiência e se aproximar ao máximo de produtos e serviços com custos mais competitivos.

No entanto, no caso especifico da previdência complementar, essa ineficiência, replicada ao longo de 15-20 anos, prazo médio do investimento em previdência, penaliza bastante o resultado final.

Está mais do que na hora de viver o presente, alavancar novas oportunidades para buscar eficiência nos investimentos, visando sempre à uma maior estabilidade financeira no futuro.

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