É preciso coragem para se conectar!

Por Luli Liebert

Eu sempre desconfiei dessas pessoas que, em um painel ou apresentação, dizem para a plateia: "Apenas comecem, do jeito que vocês conseguirem, mas comecem." Até que me tornei uma delas.

Quando adotei uma nova tagline para minha agência de relações públicas — conexões humanas — veio a pandemia, trazendo consigo todos os contratempos dos encontros presenciais. Fiquei arrasada. Justo agora, com o rebranding da marca. Na época, eu não tinha a menor ideia dos desafios que enfrentaríamos pela frente.

Inconformada que sou, dois anos depois resolvi reunir alguns contatos em um almoço, no bar Astor, em São Paulo. Por muitos anos, o local era um reduto das turmas de criação e produção. Lá, encontrávamos alguns colegas desses segmentos. Eu, que sempre trabalhei como PR de produtoras, vivia por lá.

Somente duas pessoas foram ao almoço que organizei. Uma delas foi Victoria, minha sobrinha de 25 anos, que sempre me apoia. Fiasco, eu sei. Só que o fiasco virou desafio. E o desafio dilacerou meu ego. O ego me fez sair da zona de conforto e encontrar parceiros para um projeto que tem provado, para cada vez mais pessoas, a importância de encontros presenciais para ampliarmos nosso capital social.

A cada edição, mais perguntas povoam minha cabeça. Eu, sozinha, com todas as minhas crenças e vieses, apoiada por um grupo de pessoas com pouco ou algum conhecimento da minha jornada profissional, venho cavando um espaço aqui e outro ali para construir algo em que realmente acredito: trocar com outros profissionais, de forma leve e que vá além do cartão corporativo, para, cada vez mais, colaborarmos em projetos futuros.

Eu, uma mulher, corajosa ou completamente sem noção, tomando a iniciativa de abrir espaço, de provocar as pessoas, de encorajá-las. Porque sim, é preciso coragem para se conectar (ainda vou atrás do rapaz que falou isso em um dos painéis do Festival do Clube de Criação deste ano).

Já são dois anos nessa toada. Tem gente que me detona, quem me deixa no vácuo, quem não vê relevância no projeto — principalmente meus contatos homens, embora algumas mulheres também. Mas, para minha alegria e surpresa, a quantidade de pessoas — homens e mulheres — que me apoiam, oferecem ajuda e confiam em mim tem crescido a cada novo encontro. Faço de dois a três por ano.

Sou persistente, e fazer com que este projeto ganhe tração é uma das minhas ambições. Mesmo que eu sofra para colocar cada nova edição de pé, também me divirto e procuro abrir a cabeça das pessoas para que percebam a importância de estarmos cada vez mais atentos às conexões reais.

Tenho várias perguntas sem respostas, mas também tenho tempo de sobra para respondê-las quando for o melhor momento. Que leve o tempo que for, porque, como uma vez bem escreveu meu pai, Antônio Carlos Augusto — com passagens pela revista Veja como editor e pela Eletropaulo como diretor de comunicação corporativa: "Lu, faça as coisas darem certo. Se não derem, continue tentando."

Ainda não sei onde realmente quero chegar, mas sigo olhando para o copo sempre meio cheio e, como bem me escreveu Simone Kliass , aqui nessa rede, sigo interessada em "criar uma comunidade dedicada à economia criativa, onde a gente pode se fortalecer!"

Desejo que este texto chegue a muitas pessoas e que elas também encontrem inquietação para se conectar ao nosso bando. Vida longa ao C.R.I.M.E.!