A Ética dos Dados
Para o professor Luciano Floridi, a ética dos dados, em sentido estrito, considera a geração, o registro, a curadoria, o processamento, a disseminação, o compartilhamento e o uso dos dados. Ela se preocupa com os problemas morais resultantes da coleta, análise, aplicação de grandes conjuntos de dados. Por isso, é uma disciplina que tem crescido de importância conforme aumenta o uso de analytics, Big Data e Inteligência Artificial nas empresas.
Os problemas estudados pela Ética dos Dados vão desde o uso do grande volume de informações pessoais em pesquisas biomédicas e nas ciências sociais, até a perfilagem, a publicidade e a filantropia dos dados bem como os dados abertos em projetos governamentais. Uma das grandes preocupações, mesmo quando há anonimização das bases de dados de pesquisas, é a capacidade atual de reindentificação dos indivíduos através da extração, conexão e fusão de dados.
Há ainda o estudo sobre o risco da "privacidade por grupos" que envolve a possibilidade de identificação de grupos, e não de indivíduos isolados, mas que pode levar a alguma prática de preconceito ou discriminação ou até a formas de violência.
A Ética digital trata então do estudo da ética dos dados, da confiança e da transparência associados à ciência e ao desenvolvimento de tecnologias de dados. Assim como trata a questão da ética aplicada aos algoritmos, especialmente nos agentes artificiais de aprendizagem automática e nos robôs.
Logo, além do desenho do projeto técnico, deve ser feito também o projeto ético que irá envolver a auditoria de requisitos da aplicação no que diz respeito a responsabilidade moral, tomadas de decisão e prestação de contas à situações e consequências que podem ser desejáveis ou indesejáveis relacionadas às interações (como exemplo promoção de conteúdo antissocial).
Portanto, há hoje uma grande preocupação com a ética das práticas da robótica que está interessada na inovação responsável, na programação com códigos que possam absorver também valores morais e não apenas comandos de processos e rotinas tecnológicas.
A Comissão das Liberdades Cívicas, da Justiça e dos Assuntos Internos do Parlamento Europeu (LIBE) trata de 4 estágios de amadurecimento para que haja investimentos em uma nova tecnologia: viabilidade técnica, sustentabilidade ambiental, aceitação social e preferência humana.
Sendo assim, concluindo, buscam-se soluções que maximizem o valor ético dos dados em benefício da sociedade e não apenas a próxima tecnologia disruptiva. Logo, as startups que quiserem se diferenciar vão buscar ter além do seu projeto técnico também o seu projeto de ética digital.
Advogada - Sócia Fundadora da De Castro Sociedade de Advogados
5 aIsabella De Paula