Índice de Desenvolvimento Humano
Índice de Desenvolvimento Humano
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.Mapa-múndi indicando o Índice de Desenvolvimento Humano (baseado em dados de 2014, publicados em dezembro de 2015):[1]
Mapa-múndi indicando o Índice de Desenvolvimento Humano (2014):[2] Muito alto Alto Médio Baixo Sem dados
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de "desenvolvimento humano" e para ajudar a classificar os países como desenvolvidos (desenvolvimento humano muito alto), em desenvolvimento (desenvolvimento humano médio e alto) e subdesenvolvidos (desenvolvimento humano baixo). A estatística é composta a partir de dados de expectativa de vida ao nascer, educação e PIB (PPC) per capita (como um indicador do padrão de vida) recolhidos em nível nacional. Cada ano, os países membros da ONU são classificados de acordo com essas medidas. O IDH também é usado por organizações locais ou empresas para medir o desenvolvimento de entidades subnacionais como estados, cidades, aldeias, etc.
O índice foi desenvolvido em 1990 pelos economistas Amartya Sen e Mahbub ul Haq, e vem sendo usado desde 1993 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no seu relatório anual.
O IDH surge no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e no Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH). Estes foram criados e lançados pelo economistapaquistanês Mahbub ul Haq em 1990 e teve como objetivo explícito: "Desviar o foco do desenvolvimento da economia e da contabilidade de renda nacional para políticas centradas em pessoas."[3] Para produzir os RDHs, Mahbub ul Haq reuniu um grupo de economistas bem conhecidos, incluindo: Paul Streeten, Frances Stewart, Gustav Ranis, Keith Griffin, Sudhir Anand e Meghnad Desai. Mas foi o trabalho de Amartya Sen sobre capacidades e funcionamentos que forneceu o quadro conceptual subjacente. Haq tinha certeza de que uma medida simples, composta pelo desenvolvimento humano, seria necessária para convencer a opinião pública, os acadêmicos e as autoridades políticas de que podem e devem avaliar o desenvolvimento não só pelos avanços econômicos, mas também pelas melhorias no bem-estar humano. Sen, inicialmente se opôs a esta ideia, mas ele passou a ajudar a desenvolver, junto com Haq, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Sen estava preocupado de que seria difícil capturar toda a complexidade das capacidades humanas em um único índice, mas Haq o convenceu de que apenas um número único chamaria a atenção das autoridades para a concentração econômica do bem estar humano.[4][5]
A partir do relatório de 2010, o IDH combina três dimensões:
- Uma vida longa e saudável: Expectativa de vida ao nascer
- O acesso ao conhecimento: Anos Médios de Estudo e Anos Esperados de Escolaridade
- Um padrão de vida decente: PIB (PPC) per capita
Até 2009, o IDH usava os três índices seguintes como critério de avaliação:
- Índice de educação: Para avaliar a dimensão da educação o cálculo do IDH considera dois indicadores. O primeiro, com peso dois, é a taxa de alfabetização de pessoas com quinze anos ou mais de idade — na maioria dos países, uma criança já concluiu o primeiro ciclo de estudos (no Brasil, o Ensino Fundamental) antes dessa idade. Por isso a medição do analfabetismo se dá, tradicionalmente a partir dos 15 anos de idade. O segundo indicador é a taxa de escolarização: somatório das pessoas, independentemente da idade, matriculadas em algum curso, seja ele fundamental, médio ousuperior, dividido pelo total de pessoas entre 7 e 22 anos da localidade. Também entram na contagem os alunos supletivo, de classes de aceleração e de pós-graduação universitária, nesta área também está incluído o sistema de equivalências Rvcc ou Crvcc, apenas classes especiais de alfabetização são descartadas para efeito do cálculo.
- Longevidade: O item longevidade é avaliado considerando a expectativa de vida ao nascer. Esse indicador mostra a quantidade de anos que uma pessoa nascida em uma localidade, em um ano de referência, deve viver. Reflete as condições de saúde e de salubridade no local, já que o cálculo da expectativa de vida é fortemente influenciado pelo número de mortes precoces.
- Renda: A renda é calculada tendo como base o PIB per capita (por pessoa) do país. Como existem diferenças entre o custo de vida de um país para o outro, a renda medida pelo IDH é em dólar PPC (Paridade do Poder de Compra), que elimina essas diferenças.
No Relatório de Desenvolvimento Humano de 2010 o PNUD começou a usar um novo método de cálculo do IDH. Os três índices seguintes são utilizados:
1. Expectativa de vida ao nascer (EV) = {\displaystyle {\frac {EV-20}{83,2-20}}}
2. Índice de educação (EI) = {\displaystyle {\frac {{\sqrt[{2}]{IAME\times IAEE}}-0}{0,951-0}}}
3. Índice de renda (IR) = {\displaystyle {\frac {ln(Rendapc)-ln(163)}{ln(108.211)-ln(163)}}}
Finalmente, o IDH é a média geométrica dos três índices anteriores normalizados:
- {\displaystyle IDH={\sqrt[{3}]{EV\times EI\times IR}}.}
Legenda:
- {\displaystyle \mathrm {EV} } = Expectativa de vida ao nascer
- {\displaystyle \mathrm {AME} } = Anos Médios de Estudo
- {\displaystyle \mathrm {AEE} } = Anos Esperados de Escolaridade
- {\displaystyle \mathrm {PIBpc} } = Produto Interno Bruto (Paridade do Poder de Compra) per capita
Até 2009, para calcular o IDH de uma localidade, fazia-se a seguinte média aritmética:
- {\displaystyle \mathrm {IDH} ={\frac {\mathrm {L} +\mathrm {E} +\mathrm {R} }{3}}} (onde {\displaystyle \mathrm {L} } = Longevidade, {\displaystyle \mathrm {E} } = Educação e {\displaystyle \mathrm {R} } = Renda)
- {\displaystyle \mathrm {L} ={\frac {\mathrm {EV} -25}{60}}}
- {\displaystyle \mathrm {E} ={\frac {2\mathrm {TA} +\mathrm {TE} }{3}}}
- {\displaystyle \mathrm {R} ={\frac {\log _{10}\mathrm {PIBpc} -2}{2,60206}}} nota: pode-se utilizar também a renda per capita (ou PNB per capita).
Legenda:
- {\displaystyle \mathrm {EV} } = Expectativa de vida ao nascer;
- {\displaystyle \mathrm {TA} } = Taxa de Alfabetização;
- {\displaystyle \mathrm {TE} } = Taxa de Escolarização;
- {\displaystyle \log _{10}\mathrm {PIBpc} } = logaritmo decimal do PIB per capita.
Abaixo estão listados apenas os países de desenvolvimento humano muito alto:
Críticas
O Índice de Desenvolvimento Humano tem sido criticado por uma série de razões, incluindo pela não inclusão de quaisquer considerações de ordem ecológica, focando exclusivamente no desempenho nacional e por não prestar muita atenção ao desenvolvimento de uma perspectiva global. Dois autores afirmaram que os relatórios de desenvolvimento humano "perderam o contato com sua visão original e o índice falha em capturar a essência do mundo que pretende retratar."[6] O índice também foi criticado como "redundante" e uma "reinvenção da roda", medindo aspectos do desenvolvimento que já foram exaustivamente estudados.[7][8] O índice foi ainda criticado por ter um tratamento inadequado de renda, falta de comparabilidade de ano para ano, e por avaliar o desenvolvimento de forma diferente em diferentes grupos de países.[9]
O economista Bryan Caplan criticou a forma como as pontuações do IDH são produzidas; cada um dos três componentes são limitados entre zero e um. Como resultado disso, os países ricos não podem efetivamente melhorar a sua classificação em certas categorias, embora haja muito espaço para o crescimento econômico e longevidade. "Isso efetivamente significa que um país de imortais, com um infinito PIB per capita iria obter uma pontuação de 0,666 (menor do que a África do Sul e Tajiquistão), se sua população fosse analfabeta e nunca tivesse ido à escola."[10] Ele argumenta: "A Escandinávia sai por cima de acordo com o IDH, porque o IDH é basicamente uma medida de quão escandinavo um país é."[10]
As críticas a seguir são comumente dirigidas ao IDH: de que o índice é uma medida redundante que pouco acrescenta ao valor das ações individuais que o compõem; que é um meio de dar legitimidade às ponderações arbitrárias de alguns aspectos do desenvolvimento social; que é um número que produz uma classificação relativa; que é inútil para comparações inter-temporais; e que é difícil comparar o progresso ou regresso de um país uma vez que o IDH de um país num dado ano depende dos níveis de expectativa de vida ou PIB per capita de outros países no mesmo ano.[11][12][13][14] No entanto, a cada ano, os estados-membros da ONU são listados e classificados de acordo com o IDH. Se for alta, a classificação na lista pode ser facilmente usado como um meio de engrandecimento nacional, alternativamente, se baixa, ela pode ser utilizada para destacar as insuficiências nacionais. Usando o IDH como um indicador absoluto de bem-estar social, alguns autores utilizaram dados do painel de IDH para medir o impacto das políticas econômicas na qualidade de vida.[15]