Ópera Paris 2024 - uma abertura olímpica ao ar livre (Líbia Macedo)

Não sei de quem é a frase “Gosto não se discute”, mas também não sei quem a complementou “Gosto não se discute, se lamenta” e me parece que as redes sociais ficaram com a segunda frase e todos querem opinar sobre tudo, no caso dos Jogos Olímpicos, sobre escalação,  uniforme, sobre discurso, sobre cerimônia, enfim....na reles função de eterna fuçadora, aprendiz e professora de EVENTOS destaco alguns elementos da Cerimônia de Abertura de Paris 2024 para os eventólogos de plantão, tentando focar na razão e não na opinião ou seria o contrário?

OUSADIA, já dizia o escritor alemão Goethe :

“Ideias ousadas são como as peças de xadrez que se movem para a frente; podem ser comidas, mas podem começar um jogo vitorioso”

É preciso coragem e isso não faltou a Organização ao INOVAR com uma cerimônia ao ar livre em pleno Rio Sena, dando oportunidade para mais 320.000 pessoas assistirem. E não me venham dizer que quem estava lá viu só uma parte, ...espetáculos de eventos esportivos nunca foram criados majoritariamente para a plateia e sim para os telespectadores;

Existe todo um cerimonial pré-estabelecido para iniciar os Jogos Olímpicos e o país sede enaltece e conta sua história e seus feitos entremeados com itens da competição, considerando que de 4 em 4 anos alguém faz isso, tirando a questão da localidade a ROTEIRIZAÇÃO segue alguns preceitos, mas espera-se o ineditismo e surpresas. Isso foi entregue com louvor. Entendi que criaram uma Ópera ao ar livre, com atos que ocorriam nos monumentos, pontes e embarcações, numa alternância entre o antigo e o novo (rock X lírico/rap X banda republicana/obras do Louvre que contemplam os atletas/Minions e as modalidades esportivas), mas senti falta do emblema ser reverenciado, assim como os mascotes que trazem tanto simbolismo aos franceses e a cidade Luz e são ícones da competição. Sobre o Deus Baco pintado de azul parecendo um avatar e a Monalisa boiando na água, me nego a comentar;

Me lembro que ao trabalhar em agência na área de criação, os produtores me diziam “Criar é fácil, já botar de pé sobra pra gente” depois mudei de lado e vi que correr atrás da execução é complicado, mas o resultado fica lindo, pensar o OPERACIONAL junto é o grande segredo. Uma apresentação num trecho de 6km num rio, com 85 barcos (distância de 1 min entre eles), com 205 delegações, 6800 atletas, 71 telões pelas margens, 2000 artistas, 20.000 staffs (trabalhadores +voluntários), 1800 figurinos, 700 câmeras, barcas com pista de led, skate, estátua que emerge, poste com bailarino, cavalo de aço flutuante, fonte luminosa, tapete vermelho, camarote, segurança máxima redobrada em especial porque temos 2 guerras acontecendo e chuva. Realmente além de muito planejamento, N. Sra dos Eventos estava em Paris hoje;

Talvez pelo DNA artístico da cidade (a segunda com mais teatros no mundo) e formato ao ar livre, percebemos um ESPETÁCULO vintage, fiel as raízes cenográficas, de figurinos, de performances, pirotecnia e surpresas e menos tecnológica, apesar de show de luzes e leds. Apesar que tenho uma desconfiança que algo de drone existia e a chuva “afogou” alguma coisa que não pode acontecer;

Os 12 atos da apresentação que vimos esteve cheia de SIMBOLISMOS, exaltação a França, seus momentos e personagens, a diversidade, a igualdade, ao espírito olímpico e aos atletassss. Espero que a chama olímpica não se dissipe pelos ares e sim esteja incutida em cada competidor, árbitro, organizador e torcedor. Que o staff e voluntário esteja imbuído de entregas tão eficientes como as que foram feitas no dia de hoje e que possamos nos inspirar nesses 15 dias mais com os acertos e se houverem erros que possamos aprender também.