#1 mês estudando japonês, né
Este relato mensal foi publicado no Medium, no dia 27/03/2020.
Enquanto lia A Lebre Com Olhos de Âmbar, imaginava quão interessante e emocionante seria pesquisar e estudar mais sobre a árvore genealógica da minha família, os costumes dos meus antepassados e conhecer histórias das suas vidas. Apesar dos meus pais não terem me repassado nenhum netsuquê, a ideia de voltar ao passado e fazer todo o caminho inverso por onde passaram meus avós e bisavós me empolga.
Como eu sei apenas poucas palavras aleatórias do vocabulário japonês, sem formar frase alguma, esse plano seria complicado uma vez que não são todos japoneses que falam inglês. Então, com isso em mente, há 30 dias atrás, cansado de ouvir dos outros que eu sou um sansei que não sabe falar japonês e após comentar à minha parceira que gostaria de aprender o idioma, comecei.
Tenho a intenção de documentar como foram os meus estudos a cada trinta dias. Quem gostar da ideia fique a vontade para acompanhar.
Observações:
- Não sou fluente em nenhum idioma e nem gosto da ideia de buscar a fluência. Acredito que tudo leva mais tempo para levar à perfeição do que para ir do básico ao avançado. Para meus objetivos, saber conversar com nativos basta;
- Minha forma de aprender pode não ser a melhor para outra pessoa;
- Este processo não é definitivo. Na realidade nem é um método, é um amontoado de formas de estudar que sei de cabeça o que vale a pena fazer e o que não. Estudei espanhol dessa forma (primitivamente), italiano (que me orgulho) e agora estou aplicando no japonês (vem funcionando bem).
30 day streak no Duolingo foi o que atingi hoje. Desde 2014 a coruja verde tem sido a minha aliada no início de qualquer idioma, mas um fator ainda mais importante é a consistência. De acordo com meu Android, passei, em média, três horas aprendendo japonês e também revisando italiano, por semana dentro do aplicativo, todos os dias, sem exceção.
Para quem é familiarizado com o Duolingo, tenho a meta de 150xp por dia, independente do idioma. Primeiro, restauro as lições italianas. Depois disso, sigo o roadmap do japonês, lição por lição, sempre passando para a próxima apenas quando atingir o nível 5. Depois, uso os exercícios de revisão, aquele botão que tem um halter desenhado, que preciso terminar dentro de determinado limite de tempo, como no método Kumon. Me deixo competir saudavelmente com outros usuários pela liderança da Ruby League. Nestes últimos dias tomei cuidado para atingir no máximo 200xp por dia, pois alta quantidade de xp não indica, necessariamente, maior conhecimento do idioma.
Para quem quiser se conectar comigo pelo Duolingo, clique aqui.
A gamificação que o Duolingo traz, tento reproduzir para meus estudos fora do aplicativo, inserindo metas diárias realistas e mensuráveis para, todos os dias, dar um check numa das listas do meu Google Keep. Outro objetivo do dia é escrever no caderno, pelo menos, cinco palavras novas que encontrei nas lições do dia do Duolingo. No momento estou aprendendo o katakana e admito que é um pouco difícil escrever sem colar. Quando tenho dúvidas confirmo para não errar, para não viciar meu aprendizado posteriormente.
No caderno, aprendi que não vale a pena caprichar e colorir as anotações porque não tenho o intuito de revisar mais tarde. Acredito que de tanto repetir e pela insistência, é natural que as palavras sejam internalizadas e a vida segue sem um caderno embaixo do braço quando conversar com um nativo.
Na última semana, percebi que poderia escrever novamente estas cinco palavras diárias, mas desta vez no celular. Abri o grupo no WhatsApp que o único membro sou eu, e digitei com o teclado japonês que configurei em meu Android. Além de fixar ainda mais as palavras e os símbolos, é uma forma de aprender a usar o teclado japonês de celular que é muito diferente do nosso. Apesar de achar cool a escrita japonesa, é provável que digitar será mais útil do que escrevê-los a mão.
Enquanto aprendo o básico, venho montando uma playlist no Spotify de músicas japonesas que terão a função de aumentar a confiança do meu speaking, mais para frente. Percebi também, nestes 30 dias, que aprender este novo idioma não é tão difícil quanto imaginei. Claro, não é simples como o espanhol e o italiano, porém um americano teria mais dificuldade que os brasileiros para aprender.
A pronúncia do “a” japonês, por exemplo, é o mesmo do português e não soa como um “e” do inglês. Outra curiosidade é que a maioria dos países e cidades estrangeiras se fala de forma parecida com o inglês, como “Berurin” (Berlin), “Porando” (Poland) e “Sueden” (Sweden). Nos casos de “Oranda” (The Netherlands) e “Iguirisu” (United Kingdom) os brasileiros entenderiam mais rápido que os falantes da língua inglesa.
Aparentemente, a ordem das palavras de uma frase não segue a mesma lógica das línguas latinas e inglesa. "Brasileiro sou" e portanto, é preciso desaprender para aprender e documentar as dúvidas, o que deu certo ou não, me ajudando a organizar melhor as primeiras impressões de um idioma falado no outro lado do planeta.
Todo aprendizado é um processo. Se tiver olhos apenas para o resultado final, dará medo. Mas começar a caminhar nos primeiros aprendizados de forma guiada, não é tão difícil. É como tentar escalar uma montanha, onde a progressão é aos poucos, base por base. Sentindo a evolução, não dá medo de avançar. É muito rápida a evolução. Foram 30 dias apenas e não deu vontade nenhuma de desistir, na verdade acordo empolgado todos os dias.
ありがとう
B. K. Soda, 27 de março de 2020.
Sobre o autor:
Olá, sou o Bruno, no momento quarenteno em Dublin. Gosto de viajar e conhecer novas culturas.
Gerente Comercial Grupo Amigão
4 aNa sua próxima viagem, vá para o Japão!!! Vale a pena!!
Project Management and Continuous Improvement Professional | Lean Six Sigma Black Belt
4 aQue legal seu relato Bruno! Muito legal as dicas! Eu tenho usado o Duolingo também para aprender espanhol, estou no 161° dia e vejo o quanto a constância é de fato importante. Uma falha minha é nem sempre cumprir a meta dos xps mas tenho tentado melhorar! Seu relato me inspirou a progredir, parabéns pela disciplina e vontade de aprender!