10 passos para trabalhar na gringa

10 passos para trabalhar na gringa

Existe uma fórmula para trabalhar na gringa? Eu diria que não. Porque já ouvi muitas histórias de pessoas que foram e cada uma é diferente. Mas então como eu me proponho a dar 10 passos que levariam as pessoas a trabalhar fora? Bom, em todas essas histórias existem pontos em comum. Além disso, também posso passar a minha experiência, ou seja, coisas que eu fiz que deram certo e ajudaram a concretizar esse movimento.

Bom, vamos ao que interessa.

1. Trabalhe fora.

"Como assim o primeiro passo já é trabalhar fora se eu nem comecei a me mexer?" 

Isso mesmo. Ter uma experiência prévia é ótimo. Pode ter sido um intercâmbio na época da faculdade onde você ganhou uns trocados lavando louça em um restaurante. 

Ou, se você já trabalha em uma agência que pertence a alguma rede global, existe uma forma que eu, meu dupla Lucas e algumas outras pessoas já fizeram, que é ir para algum escritório da mesma rede em outro país durante as férias. No nosso caso, estávamos na Africa, que é do grupo DDB, e conseguimos um contato com um Diretor de Criação da Alma DDB, de Miami, e pedimos para passar as férias trabalhando lá. Essa curta experiência fez a diferença em todas as entrevistas que fizemos porque sempre é um assunto interessante que gera conversa e mostra o quanto somos interessados e esforçados, por termos trocado nossas férias por mais trabalho, e também por termos dado conta do recado trabalhando em outro idioma, mesmo que por um curto período. E essa história já faz um gancho para a próxima.

2. Estude inglês.

Esse ponto é meio óbvio, mas por incrível que pareça, muita gente ignora. Posso citar o meu exemplo. Eu nunca tinha estudado inglês formalmente e infelizmente não tive a oportunidade de fazer intercâmbio. Aliás, aqui vale um parênteses: (se você tem a chance de fazer intercâmbio ou algum curso no exterior, faça o quanto antes. Isso vai fazer toda a diferença). Pronto, podemos voltar.

Meu inglês era como o meu amigo Marcelo Maciel gosta de falar: "o inglês das ruas". E, como eu via muitos filmes e escutava várias bandas e artistas americanos, tinha um ouvido treinado. E achava que isso era suficiente. Claro que eu estava enganado.

Eu me virei nas primeiras entrevistas preparando o discurso com antecedência e fui levando assim, mas sempre sentindo a dificuldade na hora de improvisar. Então, resolvi estudar em uma escola de inglês de fato e percebi que eu não sabia absolutamente nada sobre esse idioma. A partir disso, intensifiquei os estudos. Comecei a ouvir podcasts em inglês, ver filmes e séries legendados em inglês e ler livros em inglês. E, quando nosso (meu e do Lucas) inglês melhorou de fato, não por coincidência, conseguimos a tão sonhada vaga no exterior. Tenho certeza que isso contou muito. Porque você pode ser muito inteligente, mas se não domina a língua, não consegue demonstrar essa inteligência. Afinal, o pacote que uma pessoa culta possui inclui articulações linguísticas, vocabulário sofisticado, termos técnicos, construções frasais inusitadas e espertas. Sem isso, fica difícil argumentar de igual para igual. Então, se você não estuda inglês formalmente, comece hoje. Aplicativos contam? Contam, mas eu os considero mais como complemento. Antes do curso formal, fiz Duolingo e Babbel. Foi bom, mas o curso com professores fez eu evoluir muito mais. 

3. Converse com pessoas que já fizeram esse movimento.

Eu falei que esse DC de Miami topou a nossa ida e tudo pareceu muito fácil. Mas a verdade é que, na época, o Lucas disparou e-mails para muita gente até que alguém respondesse e, mais que isso, aceitasse. Eu chutaria que, de cada 50 e-mails, 5 respondem e só 1 dá em algo.

A mesma coisa aconteceu quando decidimos que queríamos sair de vez do país. Disparamos muitos e-mails, mensagens no LinkedIn, no Facebook, no Instagram. 

Além desses canais mais óbvios, tem um site que nos ajudou muito: o Skillii, do Rodrigo Mendes e do Caio Matoso, que são criativos da Wieden+Kennedy de Portland e que criaram essa plataforma onde você pode agendar conversas com criativos de várias partes do mundo. Infelizmente, recentemente eles removeram o site do ar.

E aqui vale um alerta: não pode ser inconveniente. Porque, se você torrar a paciência de alguém, essa pessoa não vai querer te ajudar e, pior, pode espalhar sua fama de "chato" e ajudar a fechar outras portas. "Mas como eu sei qual o limite?" Bom senso.

4. Estude o assunto.

Conversar com as pessoas é ótimo, mas além disso, existem hoje canais de conteúdo que dão dicas e falam sobre o tema. Devem haver outros, mas eu indico aqui 3 que eu conheço e acompanho: 

O podcast "Como você foi parar aí?", do Caio Turbiani, criativo da Adam&Eve DDB de Londres. O canal do YouTube "Publicitário na Gringa", do Marcelo Dzialoszynski, redator da MediaCom de Nova York. E, outro podcast, o "Adoptive Citizen", da Ioana Filip, romena e Diretora de Criação Executiva da Energy BBDO de Chicago. Esse último é, obviamente, em inglês. Então, já aproveita pra ir esquentando a orelha.

5. Aplique para todas as vagas.

Existem algumas plataformas que divulgam vagas de emprego, entre elas o LinkedIn e o GlassDoor. 

Claro que se você conhecer alguém na agência que abriu a vaga, vale mandar aquela mensagem perguntando sobre e vendo se consegue uma indicação (lembra do bom senso, né?!).

E também, a maioria das agências tem o próprio sistema no site, então, é só acessar e preencher os formulários. Quando a agência não possui nenhum sistema e você também não conhece ninguém lá, tem um outro caminho que é falar com os "recruiters" de lá. Mas isso rende um tópico próprio.

6. Adicione os "recruiters".

Na gringa existe esse cargo não tão comum no Brasil, o recrutador ou "recruiter" ou, ainda, "talent aquisition". Então, vai lá no LinkedIn e adiciona todos os recrutadores que você conseguir. Até doer o dedo. "Mas eu não devo focar nas agências que eu quero ir?" O que acontece é que os recrutadores podem mudar de emprego, então, se hoje eles estão em uma agência que você não tem interesse, amanhã podem estar em uma que você tem. Outro ponto é que eles postam as vagas antes de as mesmas subirem nos sistemas, então é um jeito de ficar sabendo da notícia com antecedência. Além disso, existem empresas de recrutamento que atendem várias agências, o que é muito bom de se ter no radar.

7. Ganhe prêmios.

No caso dos Estados Unidos, o visto mais comum é o O1, para talentos extraordinários, e ele exige a comprovação de premiações, presença em matérias em sites de notícias, entrevistas, artigos publicados, participações em juris de premiações. Tem como ir sem ganhar prêmios? Tem, mas por outros meios menos comuns. Então, se você tem esse objetivo de sair do país, busque fazer trabalhos criativos e, mais que isso, busque trabalhar em agências e com pessoas que tem esse foco. Sim, a agência influencia muito, afinal, existem algumas que precisam cumprir metas de prêmios e outras que nem inscrevem seus trabalhos em festivais.

Tem uma dica importante sobre isso também: a medida em que você for ganhando prêmios, divulgando trabalhos, aparecendo em sites, vai salvando tudo. Porque na hora que você precisar comprovar, vai ser uma coisa a menos para se preocupar.

8. Trabalhe em agências globais.

Bom, eu estava falando que a agência que você está influencia, então, deixa eu enumerar algumas vantagens de se trabalhar em agências que têm escritórios no mundo todo. Primeiro, pelo nome da agência ser reconhecido por quem vai te contratar. Segundo, pelo ponto que mencionei da possibilidade de passar as férias trabalhando lá. Outra questão que vimos foram as metas de premiações e, geralmente, essas agências de grandes grupos tem. E, por último, a possibilidade de ser transferido, o que é um tipo diferente (e menos complexo) de visto que o O1.

9. Trabalhe para clientes globais.

Eu sei que muitas vezes é difícil escolher o cliente. Mas, na medida do possível, tente direcionar sua carreira para atender marcas globais, mesmo que localmente. Porque, o fato de se ter trabalhos para clientes que vão ser reconhecidos pelos gringos ajuda muito no julgamento da qualidade dos mesmos. Sem contar que já é uma coisa a menos que precisa ser explicada na hora de contar a ideia.

10. Não desista.

Tá bom, confesso: esse último foi só pra fechar 10. Se a lista tivesse só 9 ítens, ia parecer pior, não acha?

Mas claro, também não deixa de ser verdade. Por muitos momentos, achei que não daria certo. Principalmente quando eu aplicava para centenas de vagas e não tinha nenhuma resposta. 

Quando fomos passar as férias na agência de Miami, em 2016, já estávamos tentando mudar de país e isso só foi se concretizar em 2021.  

A verdade é que tudo aconteceu quando deveria ter acontecido, ou seja, quando nosso portfólio estava melhor, quando nosso inglês estava num nível aceitável e quando tínhamos alcançado a maturidade suficiente para encarar a mudança. E para isso, cada pessoa tem um tempo diferente. Por isso, não desista. A hora certa vai chegar.

Israel Abrahão

Relações Públicas com um toque de administração. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO | BRANDING | FOUNDER Iah comunicação integrada

2 a

Lucas Gabriel da um bizu nisso

Bruno Carinho

Líder de Criação @ Design Bridge and Partners BR

2 a

Essa publicação precisa ser espalhada em massa. 💙

Quero hahaha 👊🏼👊🏼

Bruno Leo Ribeiro

Senior Art Director at Kettle & The FWA Judge

2 a

É isso aí. Não tem fórmula, mas tem caminhos. Que bom que vcs conseguiram :)

Silmo Bonomi

Chief Creative Officer | One School Mentor | AdWeek Contributor

2 a

👏🏽👏🏽👏🏽

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