#2 mês estudando japonês, né
Esse tuite com uma cena de um anime mencionando o pão de queijo me deixou feliz! Na hora não reparei na legenda e me surpreendi quando percebi que havia entendido as falas das personagens.
Meu estudo do idioma ainda é quase integralmente no aplicativo, pois o Duolingo me guia pelos conteúdos que preciso aprender antes de me aventurar por conta própria nos estudos. No italiano, por exemplo, apenas restauro as lições pelo aplicativo e ouço podcasts de nativos para incrementar uma palavra ou expressão nova, e para não destreinar meu ouvido.
Completei 60 days streak no Duolingo no dia 26 de abril, estudei japonês e restaurei lições de outros idiomas, todos os dias, sem exceção. De acordo com o progress report, que o Duolingo me envia no e-mail, tenho passado uma média de três horas, e aprendido uma média de setenta palavras por semana.
(Para acompanhar minha saga ninja japonesa do começo, clique aqui.)
O ritmo é bom. Segundo o Duolingo, a cada 34 horas no aplicativo equivale a um semestre de aula. Portanto, dois meses são cerca de quatro meses de aula.
Comecei o segundo mês com uma meta diária de 150xp para japonês, mudei para 165xp na metade do mês, mas hoje diminuí bastante. Reduzi a meta por estar apressando meu aprendizado em novos conteúdos, sem internalizar bem o que estudo.
A minha rotina estudando japonês no aplicativo tem três etapas:
- Restauro as lições douradas de level 5;
- Faço 75xp de lições novas;
- Faço timed practice das últimas cinco lições de level 5, se já não foram restauradas.
Cada lição em level 5 possui o practice. Eu uso o computador nessa terceira etapa, pois há a opção de praticar no modo timed practice. Assim, sou obrigado a pensar rápido, sem traduzir para o inglês. Nos exercícios de tradução do japonês para o inglês, a frase aparece escrita e também é pronunciada. Às vezes deixo de ler para treinar e confiar na minha audição, economizando um ou dois segundos na transição do meu olhar da tela para o teclado.
(Quando não é possível usar o computador, uso o Chrome do celular em modo desktop, ou simplesmente pratico sem tempo.)
A terceira etapa é muito importante para garantir que conteúdos não fiquem muito tempo sem revisão, e está muito ligada com o que penso sobre treinos, que explico a seguir.
CONCEITUALIZANDO A CONSISTÊNCIA DE OUTRA FORMA
Há quatro anos, eu estava numa fase boa em meus treinos de hipertrofia na academia. Treinava consistentemente havia dois anos e tinha muito tempo para me dedicar. Ganhei mais de doze quilos de massa magra. Não me sentia forte, apesar de aparentar.
O que fazia, na realidade, era não dar chance alguma para o enfraquecimento. Treinava cinco, até seis vezes na semana, comia muito e descansava bem. Ora, se o bíceps foi treinado há poucos dias, ainda estaria inchado. Eu o treinaria de novo na semana seguinte e, assim, o músculo não havia nem tempo para desinchar. E ainda tinha dias na mesma semana que o treinava indiretamente junto com as costas. O bíceps não tinha folga!
Ser forte é apenas não dar chance alguma para o enfraquecimento.
Idioma é isso também! Não dou chance para o esquecimento. Restauro todos os dias as lições que o Duolingo identifica para restaurar. Seja no italiano, espanhol ou japonês. A cada dia vou fortalecendo o que está fraco e incrementando um pouco de conteúdo. Para o japonês ainda adicionei a etapa três a fim de garantir que eu não esqueça as lições.
#1 vs. #2. O QUE MUDEI NESTE MÊS
Abri mão, por enquanto, da escrita a mão no caderno. Percebi que precisava de muito tempo e dedicação para aprender a escrever. Como meu objetivo não é a fluência, decidi que saber digitar pelo teclado do Android seria suficiente. Tive mais certeza quando o kanji deu seus primeiros exemplos. Tinha kanji que era necessário saber desenhar, literalmente, e isso ocupava muito tempo da minha rotina e memória.
Apenas digito as frases que aprendo no Duolingo em meu Google Keep, e não mais num grupo do WhatsApp, como fazia no #1 mês. Assim, posso consultar de qualquer lugar com a minha conta do Google.
Assim que uma frase nova ou que ainda não pude internalizar bem surge, eu digito. Se eu já digitei uma vez, repito. Sigo digitando até sentir que internalizei bem toda a frase.
De vez em quando eu ficava imaginando desenhos para decorar melhor cada símbolo novo que via. Com o tempo, percebi que não havia tanta necessidade, porque a consistência fazia um papel melhor que a memória. É como usar um cisne para lembrar do número 2. Não há necessidade, porque o 2 está sempre presente no dia a dia. Um símbolo diferente se tornará recorrente se visto e revisto todos os dias. Por insistência, entrará na cabeça.
Passei também a ler com mais atenção os tips & notes de cada lição. Da mesma forma, os comentários dos exercícios que não entendo bem. O japonês possui muitas aleatoriedades que são difíceis de assimilar somente comparando frases ou através de deduções.
Um exemplo disso é o particle “wa” ou “ga” (羽) que é um símbolo usado quando coelhos e pássaros são quantificados. Para contar coisas redondas, como maçãs e ovos, usa-se outro símbolo, e para outras coisas, um outro símbolo, diferente dos anteriores. Isso mesmo, são regras muito aleatórias se comparadas aos idiomas latinos.
Essas particularidades são explicadas nos tips & notes, porém há outras aleatoriedades que só descobri lendo os comentários de outros estudantes. Um exemplo é o “ga” (が), também usado como o “wa” (は), referenciadores do objeto principal. Este último ("wa") é quando o objeto é conhecido na conversa ou os interlocutores já estão falando sobre. Enquanto o primeiro, “ga”, é quando não foi mencionado anteriormente. Por exemplo, usa-se o “ga” após o objeto principal ser a resposta de uma pergunta.
Fulano: “O que é isso?”
Ciclano: “Isso é um cachorro-ga.”
Obviamente, a explicação acima é bem superficial e foi aportuguesada.
Descobri no 50º dia que os tips & notes contidos em uma lição específica no aplicativo do Duolingo, são diferentes dos tips & notes dessa mesma lição no site do Duolingo. No site me parece mais teórico, enquanto o aplicativo é mais interativo, com possibilidade de ouvir as pronúncias, usando exemplos e desenhos. Na dúvida, consultarei as duas formas antes de iniciar uma lição nova.
ENQUANTO ISSO E OS PRÓXIMOS 30 DIAS
Recebi um e-mail do Duolingo com dicas para melhorar o aprendizado. Uma das dicas é estudar duas ou três lições ao mesmo tempo e não só uma lição por vez, que é o que estou fazendo. Levarei para o próximo mês essa dica!
Continuo a montar uma playlist japonesa no Spotify. Músicas de abertura de tokusatsus e animes vão se tornando a maioria, naturalmente, enquanto minha cultura em música japonesa permanece fraca. Também já iniciei uma lista de animes para assistir quando atingir um nível mais intermediário.
Ainda tenho a percepção de que aprender japonês seria mais difícil. Está sendo natural, assim como foi aprender italiano.
Arrisco dizer que estou estranhando menos que o idioma europeu. Eu cresci ouvindo minha mãe conversar com meus avós, escutava e cantava no karaokê músicas japonesas com parentes, assistia tokusatsus e jogava Pokémon Yellow na versão japonesa no Game Boy. Meus ouvidos e olhos já eram habituados com o idioma oriental, diferentemente do italiano.
Também maltratava minhas expectativas quando estava começando no italiano. Assistia séries em que mafiosos falavam rápido, com muitos dialetos, expressões e gírias, além das músicas que também eram muito rápidas. Tudo isso me fazia pensar: “Eu nunca vou conseguir falar assim.” Hoje sei que tudo é um processo e também não dedico muito tempo à esse tipo de experiência pois sei que não trará grandes resultados nesta etapa inicial, só criaria falsas expectativas. Escuto, no máximo, algumas músicas como efeito de comparação do que vou aprendendo.
E, mais uma vez, não foco na fluência. Usando a regra de Pareto, mas não se atentando muito à exatidão numérica, ser 80% bom em um idioma já é o suficiente para mim. Acredito que ir de 80% à 100% de dominância em um idioma exigiria tanto, ou mais, esforço quanto de 0% à 80%, e para mim é desnecessário.
ありがとう
B. K. Soda, 29 de abril de 2020.
Sobre o autor:
Olá, sou o Bruno, no momento quarenteno em Dublin. Gosto de viajar e conhecer novas culturas.