O Poder da Subjetividade
Vivemos numa era do Pseudo Objetivismo - Acreditamos firmemente no universo definido por Descartes, mesmo tendo provas de sobra que ele é muito, muito relativo.
O apego das corporações aos elementos ditos "racionais" em detrimento de ações e questões relacionadas ao universo subjetivo e simbólico (das pessoas e da cultura organizacional) muitas vezes parece uma tentativa desesperada de que possamos definir, em centímetros, milímetros e centavos a vida de uma empresa.
Não, este não é um post Bicho Grilo, não estou propondo abraçar árvores nem andar descalço pela relva, com flores na cabeça. Nada contra, por sinal. Estou sim propondo uma reflexão sobre a possibilidade de uma margem mais ampla no desenvolvimento do conhecimento de uma organização e na sua atuação em seus ambientes, de negócio ou não.
Esta semana foram descobertas na Indonésia o que talvez sejam as pinturas rupestres mais antigas que conhecemos. E nelas é possível ver as mãos pintadas nas paredes, um rastro de gente como a gente que viveu 30 mil anos atrás ou mais.
"Gente como a gente" não é eufemismo. O DNA do ser humano não sofreu nenhuma alteração desde que vivíamos nas cavernas. Somos exatamente o mesmo animal, agora dentro de um universo que tem outras complexidades. Nem maiores, nem menores.
Uma destas complexidades é o mundo dos negócios, em que muitas vezes atuamos como caçadores coletores da pré-história. E faz parte agirmos assim, apesar de termos o poder de evitar alguns comportamentos. Vivemos em sociedade, e precisamos de disciplina e organização.
Mas vejam que interessante. Estas pinturas de mãos nas paredes das cavernas muitas vezes foram interpretadas como ritualísticas, ou como um entretenimento dos "primitivos".
Mas e se fossem como um "logotipo"? Uma Identidade Visual, que definiria as características de um grupo, que marcaria as características de um coletivo, como são as Identidades Visuais das Corporações de hoje? Uma maneira subjetiva de distinguir espaços, regiões e maneiras de agir coletivamente?
Tem um monte de gente que não leva a sério as questões subjetivas que geram conexão entre as pessoas. O que posso dizer é que na maioria das vezes o que nos conecta é subjetivo. E isto vale para um relacionamento afetivo, uma comunidade, um grupo de profissionais ou um cliente.
As evidências estão aí, para quem quiser ver. Gravadas nas paredes das cavernas, e nos topos dos prédios. Em forma de grafite, de produto, de pixo ou de mãos.