HISTÓRIA de PORTUGAL - 1945-2000
Para quem se interessar e quiser saber de onde vimos
A Inserção de Portugal no Mundo do pós-guerra (1ª Parte)
A Situação Política e a Actuação Diplomática de Portugal do Pós-Guerra face aos desenvolvimentos europeus.
Os Mitos divulgados e as Realidades dos Factos
Um Povo que não respeita o seu Passado, não tem Presente, dificilmente terá Futuro, dado que perdeu a noção de si mesmo, do seu Todo, e do enquadramento Histórico, que lhe é próprio, que lhe permita ver com clareza o caminho a percorrer no future.
1. A Situação política interna de Portugal no pós-guerra
Finda a segunda guerra mundial a vida dos portugueses retornava lentamente à normalidade. Portugal saiu do conflito numa situação privilegiada.
Não tinha sofrido a guerra no seu território, não tinha perdido qualquer parcela do mesmo, tanto na Europa como em África e na Ásia, não tinha havido mortes de portugueses em combate, via reforçada a importância estratégica das suas posições territoriais, mantivera as amizades com os seus tradicionais aliados e ganhara outras.
Desenvolvera alguns sectores industriais e alargara as suas exportações, fazendo face às solicitações dos intervenientes da guerra, e os preços dos seus produtos nos mercados internacionais subiram.
No entanto, havia escassez de produtos, nalguns segmentos de mercado, e os preços subiam internamente sem igual contrapartida dos salários, continuando o Governo a prosseguir numa linha de actuação política anti-inflacionista. Sentiam-se dificuldades económicas e problemas sociais. Portugal dispunha de reservas de ouro e divisas muito amplas. Mas a crise mundial não permitia a sua utilização significativa.
No campo político interno vivia-se alguma agitação.
Os sobreviventes da democracia parlamentar da 1ª República, os monárquicos, alguns republicanos e alguns católicos defendiam a instauração de uma democracia do tipo anglo-saxónico.
Os grupos de extrema esquerda, os comunistas, e os socialistas, que tinham ficado momentaneamente desorientados com a colaboração nazi-soviética do início da 2ª grande guerra, viam num eventual apoio, a prestar pela União Soviética, um caminho para a tomada do poder em Portugal.
A colaboração NAZI-COMUNISTA ficou assinalada pelo Pacto Ribentropp-Molotov – Pacto entre os Nazis e os Comunistas.- Por este Pacto a URSS de Estaline ficaria com metade da Polónia e com a Bessarábia e a Alemanha de Hitler ficaria com a outra metade da Polónia, além de se comprometerem em não se agredirem mutuamente, o que foi quebrado pela Alemanha de Hitler.
Vários grupos tomam posições tais como a União Patriótica e Democrática Portuguesa presidida pelo Dr. José Domingues dos Santos de que eram membros, entre outros, o Dr. Emídio Guerreiro e Israel Anahory – movimento que chega a apelar para o Primeiro Ministro Inglês, Clement Attlee, para os ajudar a derrubar o regime e pedindo-lhe que os recebesse. Esta diligência, no entanto, não teve qualquer acolhimento por parte do governo britânico.
Um outro movimento – o Conselho Nacional da Unidade Anti-Fascista tenta também entrar em contacto com o governo britânico, através de António Sérgio, que escreveu ao embaixador britânico em Lisboa uma carta a pedir que o Reino Unido interviesse junto das Forças Armadas portuguesas, para derrubar o regime. O Foreign Office arquivou a carta sem qualquer comentário.
O Grande Oriente Lusitano Unido escreveu ao Presidente Harry Truman, dos EUA, a queixar-se do regime. Outros movimentos, mais ou menos numerosos, fizeram diligências junto de governos estrangeiros para que estes os ajudassem a derrubar o regime político vigente desde 1926.
Não obtiveram qualquer sucesso ou qualquer apoio por parte de Washington e Londres.
Estes Governos não queriam que se instalasse, na Europa Ocidental, um foco de instabilidade. A Inglaterra, através do seu Embaixador em Lisboa, Sir Owen O’Malley, tinha aliás já reconhecido oficial e publicamente o papel importante da colaboração portuguesa durante a guerra.
Estaline, como era natural dada a luta, política e ideológica, internacional da altura, deu apoio à esquerda portuguesa e determinou que o governo português passasse a ser atacado. As acusações produzidas iam no sentido de não haver liberdade de imprensa em Portugal, nem liberdade de reunião, nem liberdade de organização de Partidos Políticos.
O que é notável, de descaramento e desfaçatez, se tivermos em conta a natureza ditatorial brutal do Regime de Estaline, em particular, e do Regime Comunista, em geral.
Entretanto haviam sido marcadas para 21 de Outubro de 1945 eleições locais e para 18 de Novembro, do mesmo ano, eleições gerais.
As oposições ao regime organizaram-se em torno de vários movimentos entre o quais ressaltava o M.U.D. – Movimento de Unidade Democrática que agrupava as principais figuras da oposição mas que acabaria por recomendar a abstenção.
Do lado do Governo a União Nacional, partido apoiante do governo, onde se agrupavam todas as figuras ligadas ao regime, a esmagadora maioria da População Civil a Igreja e as Forças Armadas.
Decorreram sem sobressaltos as eleições de 1945 e de 1949.
Na eleição de 1949, para a Presidência da República, a oposição ao regime apresentou como candidato o General Norton de Matos, e o regime apresentou como candidato o Marechal Oscar Fragoso Carmona.
O primeiro acabou por retirar a sua candidatura quando percebeu que os comunistas haviam tomado conta da estrutura de campanha, da mesma.
Em 1950 estava quase restabelecida a situação financeira, a moeda era forte e os preços mantinham-se estáveis.
Em 1958, a 8 de Junho, deram-se novas eleições para a Presidência da República em que, desta vez, concorreram pela oposição o General Humberto Delgado, ex-apoiante indefectível do Dr. Salazar, e pelo regime o Almirante Américo Tomás, tendo este último sido eleito Presidente.
Foram eleições com um período pré-eleitoral turbulento, em que os oposicionistas conseguiram movimentar grandes quantidades de pessoas.
Nos anos de 1960 a questão foi diferente dado que o ultramar português foi alvo de ataques, sobretudo a partir da realização da Conferência de Bandung, onde se agruparam os países denominados de Não Alinhados, (dado que não queriam depender de nenhum dos dois blocos, liderados pelos EUA e URSS, pelo menos no discurso) liderados pela Jugoslávia do Marechal Tito.
Os países participantes eram adeptos da autodeterminação de todos os povos e iriam constituir-se como inimigos da visão portuguesa sobre o tema.
Começava um período em que Portugal iria travar uma guerra em três províncias: Angola, Moçambique e Guiné.
O primeiro episódio dessa guerra aconteceu em 4 de Fevereiro de 1961 quando se deu o ataque em Luanda ao quartel da Polícia, à Casa de Reclusão Militar e à Emissora Nacional.
A 13 de Abril o Presidente do Conselho profere, através da Rádio e da Televisão um discurso em que como resposta aos acontecimentos de Luanda declara que assumia a pasta da Defesa Nacional para melhor coordenar a acção subsequente de forma a abreviar as ...
- “providências necessárias para a defesa eficaz da Província e a garantia da vida, do trabalho e do sossego das populações. Andar rapidamente e em força é o objectivo que vai pôr à prova a nossa capacidade de decisão. Como um só dia pode poupar sacrifícios e vidas é necessário não desperdiçar desse dia uma só hora, para que Portugal faça todo o esforço que lhe é exigido a fim de defender Angola e com ela a integridade da Nação”- fim de citação.
Discurso posteriormente truncado por vários adversários e que, por isso, aqui se reproduz para que a verdade seja reposta.
A 18 de Dezembro, do mesmo ano, as forças da União Indiana invadem Goa, Damão e Diu e anexam essas províncias ao seu território.
A economia portuguesa, apesar da guerra seguia o seu caminho de crescimento sustentado.
A abertura da economia e a capacidade do aparelho produtivo nacional iam robustecendo uma economia que estava a sair a passo acelerado de uma estrutura tradicional como veremos adiante…..
Miguel Mattos Chaves
PhD Públic Law and Integrated Researcher at CEAD Francisco Suárez
10 aUm interessante resumo critico da nossa História. Venha a 2a parte que eu quero ler. ABÇO
Director de Operações at 3 Comma Capital
10 aSenhor Professor Miguel Mattos Um artigo interessante. Do meu ponto de vista a guerra inicia-se a 15-03-1961 ainda que o incidente que refere a 4-02-1961, o assalto à cadeia da PIDE e a 7ª Esquadra da PSP orquestrada supostamente pelo Cónego Manuel da Neves com algumas mortes, penso que 47. 40 dos revoltosos, foi de facto o momento de viragem associado ainda ao assalto ao Santa Maria a 22 de Janeiro pelo então Capitão Henrique Galvão O importante para mim é saber se os portugueses conseguem perceber a diferença enorme entre província e colónia. Quanto ao Pacto Ribentropp-Molotov, teriamos uma "conversa" para longas horas.