3 Tendências de Marketing para esta década
Neste início de ano, tenho feito algumas reuniões de alinhamento e sempre que tenho a oportunidade, questiono as pessoas sobre quais são suas apostas de marketing para os próximos anos. Após alguns debates com profissionais da área, decidi escrever minha opinião sobre tendências para a próxima década e de que forma se preparar para elas.
A década da HUMANIZAÇÃO
Foram-se os anos que as empresas tratavam pessoas como números. A mass media perdeu espaço nos planos de mídia das marcas e algumas agências que sobreviviam do BV de 20% quebraram. Passamos a olhar para as pessoas como nichos / tribos e diversos outros canais surgiram, possibilitando a comunicação direcionada com perfis de público. Nos próximos anos, com a digitalização das relações, o indivíduo ganhará mais voz e passará a dizer o que quer. Com base nessa análise, indico três das principais tendências em marketing para a próxima década:
1.Conteúdo
Cenário: Com o imenso volume de mensagens sendo disparadas por tantos meios, nossa atenção seletiva se torna mais crítica e descarta, sem qualquer absorção, mensagens sem qualidade e fora de contexto. Antigamente as marcas e poucos veículos produziam o que queriam transmitir e o ouvinte era obrigado a receber aquilo. Hoje a concorrência é maior: ganharam a concorrência do próprio ouvinte produzindo conteúdo e uma infinidade de veículos disseminando diversas mensagens. A ordem foi invertida: as marcas precisam produzir o que o ouvinte quer receber.
Como fazer: A produção de conteúdo relevante e de qualidade passa a ser imprescindível para fazer com que o receptor a absorva e tome uma ação. Personifique o seu público: se ele fosse uma pessoa, como seria? Que roupas vestiria? Que música ouviria? Quais seriam seus hobbies? Qual seria sua linguagem? A partir disso é possível pensar no conteúdo da mensagem, tom de voz e demais particularidades que atraiam o seu público a querer consumir sua mensagem. Agências e especialistas são capazes de produzir conteúdos de extrema qualidade e com mensuração do quanto o seu público engajou com ele.
2.Propósito
Cenário: Você sabe qual o seu propósito na vida? Se não sabe, esse deveria ser um exercício a ser feito para que você trace metas, objetivos e procure agir de forma que seu propósito seja atingido. Um exemplo: O propósito de vida do João é fazer as pessoas felizes. Ele trabalha no administrativo de uma empresa e trabalha 12 horas por dia, em um ambiente sério e formal. Em que momento o João vai exercitar algo de acordo com o propósito dele? O João pode fazer algo aos finais de semana, por exemplo entrar em um grupo de animadores que visitam hospitais e clínicas com pessoas internadas ou mesmo mudar de trabalho para algo que realize o seu propósito diariamente. Segundo pesquisa realizada pelo site LoveMondays, 30% das pessoas citaram o propósito como principal motivo para uma possível troca de emprego. O que isso tem a ver com uma marca? Com as inúmeras opções de escolha, os clientes estão comparando, além do preço e qualidade, atributos de marca que precisam ser transparentes. Os valores, as causas apoiadas e o tom de voz na comunicação passaram a ser diferenciais para um público com acesso fácil a qualquer tipo de informação sobre a sua marca.
Como fazer: Como a sua marca pode mudar o mundo? Busque na história da marca e no posicionamento valores que sejam atemporais e que sejam relevantes ao seu público. Lembre-se: o propósito precisa ser autêntico e diferenciador. Deve ser um ideal construído por todos os colaboradores e o engajamento de todos é imprescindível. Ele precisa ser comunicado ao seu público de forma clara e através das ações passa a ser mais facilidade entendido.
Exemplos de Propósitos de Marcas:
Coca-Cola - Refrescar e trazer momentos de felicidade
RedBull - Revitaliar Corpo e Mente
WalMart - Vender por menos para as pessoas viverem melhor
Por fim, segundo pesquisa da GlobeScan com resultados revelados em Junho de 2016, 40% dos entrevistados são mais propensos a apoiar marcas e empresas com o propósito de fazer alguma diferença na sociedade através dos produtos, serviços e demais operações.
3.Experiência
Cenário: Esse foi o tema da minha monografia na pós-graduação. Na época, com o imenso volume de informações (ainda assim, menor que hoje), defendi que levar o cliente a experiência de marca era um grande diferencial. Através de um evento ou mesmo uma ativação, o impactado guardava a emoção de algo marcante como algo positivo e sua marca estaria sempre no radar por ter proporcionado aquilo. Hoje, com a digitalização de tudo (inclusive a compra de produtos), a experiência de marca passou a ter um peso ainda maior, podendo começar no online e migrar para o off e vice-versa. O fato é: o cliente vai, cada vez mais, buscar facilidade e sempre que possível, vai comprar online. As marcas que souberem como estar com o cliente com uma estratégia multicanal, estarão na frente. Por mais que, ainda hoje, clientes prefiram experimentar ou testar produtos fisicamente, eles podem ser comprados online se a pesquisa mobile no exato momento em que estiverem na frente do produto físico indicar um preço menor em uma loja virtual.
Como fazer: Muitas marcas passaram a apostar 100% dos esforços de comunicação no online e deixaram a experiência humana, a empatia e a emoção de lado. Isso pode funcionar por um tempo, mas não vai manter a sua marca em alta. O único diferencial passa a ser preço e isso pode, facilmente, ser batido por um concorrente no mês seguinte. O Omnichannel é a palavra da moda para os varejistas. A estratégia consiste em fazer o seu cliente estar sempre conectado a sua marca, no online e na loja física, comprando ou recebendo conteúdo. Para construir uma experiência única e full time com o seu cliente, primeiramente desenhe sua persona e entenda as particularidades do seu dia a dia e hábitos de consumo de informações. Uma empresa com bom budget de marketing pode construir pontes que atendam o cliente em todos os momentos, por exemplo criando um aplicativo mobile com boas funcionalidades. Alinhe o discurso dos canais digitais com a equipe de vendas e se certifique que o tom de voz seja o mesmo em todos os casos. Produza conteúdo digital mostrando o quanto um vendedor consultor / especialista pode auxiliar o cliente a escolher a melhor opção de produto ou dar dicas de utilização. Mostre pessoas na comunicação online, na linha de produção do produto, na montagem do visual merchandising da loja, no atendimento ao cliente. Isso pode fazer com o que o cliente vá até o ponto físico, mas com certeza fará ele criar empatia pela marca mesmo que opte por comprar online. Certa vez, ao comprar online um produto de uma pequena marca de confecção, recebi uma carta redigida a mão resumindo o cuidado na fabricação da peça, inclusive citando o nome das pessoas envolvidas no processo. Isso me fez imaginar a peça sendo montada e o carinho das pessoas durante este processo. Não tive contato físico com a marca antes da compra do produto, mas ela me fez imaginar estar lá o ambiente da empresa, funcionários felizes e o cuidado individual com os pedidos.
___
E para você, quais as apostas de comunicação e marketing para a próxima década?
CEO & Founder at 2id Music Branding / TEDx Speaker / Teacher at ESPM SP
4 aRafa, compartilho dos mesmos pensamentos que os teus. Estamos acessando uma década dicotômica nos meios mas que justifica os fins, pois apesar do alto investimento em AI, tecnologia autônoma, bots, da resignificação do ser humano, nós devemos ser o centro da experiência. De uma experiência autêntica, empática, conteudista e progressista.