32 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Onde precisamos avançar?
No dia 13 de julho, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completou 32 anos.
O Estatuto foi criado para defender os direitos relacionados à saúde, alimentação, educação, esporte, lazer, cultura, respeito e liberdade. Com o ECA surgiram mecanismos de enfrentamento aos maus-tratos, abusos, exploração sexual e ao trabalho infantil.
A data representa uma grande conquista na garantia de direitos das crianças e adolescentes e foi muito importante para promover a redução das desigualdades sociais entre crianças e adolescentes do Brasil.
Segundo o ECA nenhuma criança ou adolescente deve ser objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão e têm direito à proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.
Apesar dos reconhecidos avanços, ainda há muito a progredir, como demonstram os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que revelou que quase 36 mil meninas e meninos de até 13 (treze) anos foram vítimas de agressão sexual no ano de 2021 no país.
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Segundo dados do Governo Federal, por hora, 73 crianças sofrem violências, desde agressões físicas, psicológicas e abusos até a falta de acesso à alimentação e educação adequada.
De acordo com o painel de dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, entre os meses de janeiro de junho deste ano foram registradas 318.419 violações contra crianças e adolescentes até os 17 anos. No ano passado, foram 148.545. O aumento de 114,8% no número de casos de violência se deve, sobretudo, ao retorno presencial das atividades após o isolamento social provocado pela pandemia de Covid-19.
Vários fatores vêm contribuindo para a falta de atenção integral às crianças e adolescentes e para a violação de direitos nos territórios. A pobreza e a desigualdade a que se submetem a todo instante, a carência de recursos, afeto e cuidado, ameaçam o desenvolvimento de crianças, na medida em que prejudicam o potencial delas pela falta de acesso a serviços básicos, alimentação de qualidade e proteção.
As desigualdades se iniciam na infância, mas as oportunidades também. É necessário quebrarmos este ciclo de vulnerabilidades, violências e pobrezas a que são submetidas as crianças e adolescentes, com políticas públicas efetivas no sentido de um trabalho integral e preventivo. Reconhecer as discrepâncias sociais existentes e relacioná-las com os territórios onde elas acontecem, propicia outra visão sobre as condições de vida da população.
Faz-se necessário aprimorar as redes de atenção e promover o cuidado integral às famílias, considerando as situações de vulnerabilidade social. O Estado precisa oferecer a atenção necessária à esta população, direcionando recursos, capital humano, energia e tempo para o seu bem-estar, de modo a cumprir o que já está formalmente traçado na Constituição Federal de 1988 e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).