32 Lições em 32 Anos de Profissão (Lição 2)
Conhecimento deve ser transmitido, jamais retido

32 Lições em 32 Anos de Profissão (Lição 2) Conhecimento deve ser transmitido, jamais retido

Quem não se lembra daquele professor na época da escola que sempre arrumava um jeito de colocar uma questão que ninguém sabia resolver. Quando digo ninguém, me refiro aos normais, porque toda turma tinha aquele colega que acertava tudo, que quando tirava 9 na prova, ficávamos preocupados com nossa nota, esses estão em outra categoria.

O mais incrível é que depois conseguimos ver, que de uma forma, meia escondida ele tinha ensinado aquela questão, ou dado os meios para sua solução. Isso vem de uma forma tão sutil e discreta que nem percebemos, exceto aqueles nossos colegas excepcionais. Os professores de exatas parece passar por algum treinamento nessa área e são os maiores especialistas.

Quando falamos da relação professor-aluno, o professor deve empenhar todos os esforços para que o aluno possa absorver da melhor maneira e o mais rápido possível todo o conhecimento transmitido. Isso me parece muito natural sendo o objetivo e missão do professor. Quando mudamos o cenário e vamos para o plano profissional, o cenário muda completamente, deixa de ser o cenário acadêmico e passamos para o cenário corporativo, e isso muda tudo.

O ambiente corporativo, geralmente é competitivo; disputas de cargos, promoções, egos inflamados, status em evidência, conflito de gerações, e na maioria das vezes o que menos vemos no mundo corporativo é cooperação. Lógico existem exceções, tanto de empresas como de profissionais. Essa realidade normalmente não é muito comentada, isso não significa que não exista. A competição sadia é boa, se bons profissionais competem por uma vaga, a empresa ganha e todos ganham, se perdeu a disputa, haverá uma próxima e nova chance surgirá.

Cooperar com a equipe, transmitindo seus conhecimentos não deve ser visto como fortalecer o concorrente; o seu conhecimento não pode ser retirado de você, ele é único, ele está integrado a você de forma diferente que será integrado aos outros, visto que além do conhecimento, existe a experiência profissional e de vida. Não devemos ter medo de transmitir nosso conhecimento, ele é um legado, se hoje temos conhecimento foi porque recebemos de alguém, fomos colocados nos ombros de gigantes, que aumentou nosso campo de visão, existe o momento de estar nos ombros e o momento de ser o ombro.

Devemos ser os agentes que transformam discursos em realidade, compartilhando as lições aprendidas, positivas ou negativas; praticando a empatia, cultivando relacionamentos ao invés de alimentarmos disputas. Infelizmente os discursos que ouvimos não estão alinhados com as ações. Por que é tão difícil fazer essa transformação? Imagino que o medo da perda de status possa ser o caminho para a resposta correta. O professor não deixou de ser professor por ensinar bem.

A transmissão de conhecimento é uma via de mão dupla, uma geração ensina a outra, os mais experientes ensinam os jovens, e os jovens também ensinam os mais experientes, as técnicas antigas são boas, testadas e aprovadas, mas o conhecimento novo, tem o frescor da novidade, incorpora novas técnicas, aumenta a eficiência. Não haveria conhecimento novo se o antigo não fosse transmitido. Sobre conflito de gerações, falarei em outra oportunidade, mas o que quero deixar claro é que sempre temos algo a ensinar e sempre há espaço para novos aprendizados.

Nada disso é novidade, mas simplesmente não é praticado com a intensidade e dedicação que deveria. Devemos ter prazer nessa ação, não pensar que estamos alimentando o concorrente, que vai atrapalhar nossa escalada profissional, e se nosso aprendiz vier a ser melhor que nós, parabéns, você é um excelente professor e será reconhecido por isso. Mas e se ninguém reconhecer, e isso acontece muito, você terá a certeza de ter feito o correto.

A indústria aeronáutica é um excelente exemplo de transmissão de conhecimento, eles não têm margem para erro, um erro envolve muitas vidas (que é o mais importante). Não vamos negar que as vezes a motivação pode vir pelo fato de acidentes aéreos causarem estragos enormes na imagem e nas finanças, mas o fato é que ele é investigado a exaustão e todas as lições aprendidas são compartilhadas, por isso a cada acidente compreendido, voar fica mais seguro. Não importa quem descobriu a causa do acidente, ou a junção dos fatores, o importante é transmitir o que o acidente ensinou e não errar mais nesse mesmo ponto.

Concluindo, quantos acidentes profissionais, quantos erros repetidos, quantas abordagens erradas, quantas soluções técnicas equivocadas, quanta dor de cabeça e crises de mau humor, quantas preocupações desnecessárias, quantas noites de sono, quantos Déjà-vu seriam evitados se considerássemos seriamente a transmissão de conhecimento, sem medo do aluno um dia superar o mestre. O mérito será dos dois.

Concordo plenamente com sua análise, acredito que o conhecimento deve ser passado adiante, assim como nossos pais fizeram conosco e faremos com nossos filhos. Sei que o amor para um filho é diferente dos demais, porém devemos ser radicais nesse sentido.

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