4 PREMISSAS PARA O MUNDO VUCA AO QUADRADO
Já são mais de 100 dias que estamos vivendo isolados, trabalhando em home offices e lidando com uma pandemia que está abrindo muitas feridas. Esse problema de esfera global nos afeta nos mais diversos níveis. Profissionalmente, estamos aprendendo o que significa ter a operação mais virtual possível. E, pessoalmente, precisamos gerenciar vida em casa, com crianças fora da escola, com demandas do trabalho mais intensas do que nunca, além dos cuidados gerais recomendados à população. Estamos nos adaptando e evoluindo da melhor forma?
Temos pouco referencial para olhar para a história em busca de uma solução, já que é uma crise sem precedentes. Porém, já passamos do primeiro semestre de 2020 e temos algumas evidências que colocam à prova a adaptabilidade como uma característica fundamental dessa nova realidade.
Aqui, ficam algumas reflexões para conseguirmos reagir a trazer algo de bom. O está valendo é o fazer: faça algo e faça agora. Mas não de qualquer jeito, nem a qualquer custo. Ficar parado ou apático é a pior receita. Podemos apontar algumas premissas que já fazem parte das regras desse jogo.
1) LIDERANÇA MAIS ATIVA E CLARA PARA SOLUCIONAR PROBLEMAS
Diversas empresas criaram suas próprias formas de migrar a operação para o virtual. A liderança se preocupou em criar condições necessárias, oferecendo muitas vezes ferramentas de trabalho, softwares, conexões e até mobiliário para a equipe se adaptar à nova realidade. Treinamentos, reuniões e alinhamentos foram revistos para gerar mais engajamento. Rapidamente se entendeu que estar presente, disponível e atento à equipe era a ordem do dia para não desarticular o grupo. Novos rituais de trabalho, como check-ins diários para ver e manter o time coeso. Check-ins emocionais, ouvidos atentos para entrar com cautela em uma intimidade que o trabalho agora exige, pois ele invadiu o lar. Dar segurança, comunicar ativamente com o grupo, dar visibilidade das ações e decisões são fundamentais. A liderança deve estar mais presente, ativa e empática.
Afinal, o que era para ser temporário, está se prolongando e mexendo em formas de trabalho. É aqui que a liderança precisa cumprir um papel ainda mais ativo, testando, aprendendo e, principalmente, conhecendo seu time melhor para poder criar cada vez mais confiança. A era do comando e controle cedeu a vez para relações com maior autonomia, agilidade e alinhamento. Isso parece que vai ser um bom legado dessa crise.
2) Agir no CURTO PRAZO, POIS INOVAR É MAIS PRECISO DO QUE NUNCA
Aqui a pergunta é: agora que meu orçamento e metas do ano foram para a cucuia com uma crise econômica sem precedentes, o que fazer? Como fazer? Muitos negócios despencaram em receita de forma radical, outros cresceram também. Como enxergar a oportunidade para manter a relevância e, quem sabe, fazer melhor? É a hora de encararmos as fragilidades do modelo de negócio expostas sem pena. Transformação digital, criação de canais de venda, novos serviços com receitas recorrentes, avaliar as relações de fidelidade dos consumidores. Se você exercitar essas perguntas e essas possibilidades, com certeza, terá respostas interessantes com real chance de inovar seu negócio. Teste, pivota, coloca seu time no máximo da potência empreendedora. Use design thinking, design de serviço e métodos ágeis para trazer soluções. Fica aqui a frase do poeta e músico Bob Dylan: “when you got nothing, you got nothing to lose”. Agir sim, com agilidade e foco em melhorar e testar novos modelos.
3) Saiba o que você tem de melhor e coloque em prática O SEU PROPÓSITO, POIS o mundo precisa do seu talento.
Sabemos que agir e inovar é preciso, mas, antes disso, devemos acessar nossas fortalezas. O que a sua organização tem de melhor que pode trazer mais impacto? Na crise, fica evidente que não temos tempo, os recursos são escassos, e problemas não faltam. Para poder agir com impacto, é importante filtrar as ações para garantir eficácia e relevância. Faça dentro do frame: o que tenho de maior talento? O que resolve os problemas dos meus clientes nesse contexto? Como posso criar impacto positivo? Fazer as perguntas certas leva você a fazer escolhas melhores.
4 - OPORTUNIDADE, OPORTUNISMO E PROPÓSITO
Sim, é fundamental entender realmente a diferença entre oportunidade e oportunismo – pessoas e Marcas serão cobradas por atuarem em cima dessa diferença – e vislumbrar que toda crise é também uma oportunidade. Mas precisamos ir além disso. Oportunidade se constrói com ações reais, separando o que deve ficar e o que deve ir embora depois dessa crise, pois sabemos que não seremos os mesmos, nem os nossos negócios. A oportunidade real é colocar o seu propósito – o seu talento, a sua maior vocação, para causar um impacto positivo no mundo – em ação. O seu propósito deve ser propositivo. Este é o primeiro passo para Marcas e organizações atuarem de forma genuína. Nesse momento, fazer é mais importante que falar. Não se omita. As marcas e os líderes omissos com a crise vão pagar um preço alto. Falaremos mais sobre isso em um outro artigo.
Por ora, cuidem da cabeça, lavem as mãos e, se puderem, continuem otimistas e em casa.