6 lições da nona temporada do MasterChef Brasil

6 lições da nona temporada do MasterChef Brasil

Conhecimento, experiência, ousadia, experimentação, sacrifícios, erros e concorrência são alguns dos aprendizados que os chefs profissionais Rafael e William nos deixaram.

Eu acredito muito naquela máxima de que toda experiência pode nos trazer lições importantes. Seja a minha experiência ou a do outro, é sempre possível tirar aprendizados que podem nos transformar em pessoas e profissionais melhores. E quando essa lição tem um grande poder de alcance, seu efeito pode se multiplicar muito mais rápido.

Essa semana terminou mais uma edição do programa Masterchef Brasil – Edição Profissionais. E como é de se imaginar, podemos tirar várias lições importantes dessa experiência. O problema é que nem todo mundo analisa por essa ótica. Então vamos ajudar...

Eu poderia fazer uma reflexão extremamente rica com a participação de cada talento que passou pelo programa, mas para não nos estendermos demais traremos o foco para a final de Rafael e William. No entanto, muitas dessas lições sevem para diversas situações vivenciadas ao longo da temporada, ou ainda por cada um de nós em nosso dia a dia, contexto e realidade.

Confira seis lições da nona temporada do Masterchef Brasil Profissionais.


Você não constrói nada sem uma boa base

Estar preparado é o primeiro passo se você deseja trilhar a estrada do sucesso. É ilusão achar que um bom papo ou rostinho bonito conquistam multidões no longo prazo. Estudo, conhecimento, dedicação e experiência prática são ingredientes fundamentais para ter a base necessária e ser capaz de transformar o comum em algo extraordinário.

A vivência ajuda a trazer ainda mais bagagem para essa estrutura se tornar sólida, sem sombra de dúvida, mas continuar se aprimorando é fundamental. No caso de Rafael, que ficou um tempo fora do Brasil e se especializou na culinária francesa, o ingrediente brasileiro era sempre um desafio maior, por exemplo. Manter-se antenado com as tendências ou mesmo se preparar antes de tentar conquistar um novo mercado são passos essenciais.

É essa munição que permite ao profissional de qualquer setor ser ousado, criativo e inovador. E não estamos falando de projetos megalomaníacos não! Ousadia, estratégia e inovação são colocados à prova de verdade quando você tem o mínimo de matéria-prima em mãos e precisa fazer com que o simples seja apresentado em sua melhor versão. É assim que um chef transforma um ingrediente tão simples quanto a Cebola em um prato primoroso ou que um gestor sem verba consegue trazer grandes resultados com o mínimo investimento.

Não é magia! É dedicação antes, durante e depois, desde sempre.


Ousar é preciso

Ninguém conquista nada diferente e grandioso fazendo a mesma coisa todo dia. A rotina faz parte, mas é a inovação e a ousadia que te fazem subir a curva de crescimento e resultado para cima.

Nossos dois finalistas foram mestres da ousadia no programa dessa terça. Rafael ousou preparar um pato em um tempo que todo mundo apostava ser impossível, mas entregou o pato mais perfeito que se poderia ter. William foi ousado em todo seu cardápio e ao final combinou morango e kimchi, alcançando o “masterpiece” da ousadia no programa. Essa ousadia o deixou sem o troféu, mas foi o risco que ele assumiu ao decidir seguir com o prato que tinha sua própria essência como chef.

Algumas vezes é importante corrermos esse tipo de risco. Tudo de forma calculada, é claro! Mas por que não? Será que apesar de perder o troféu William não ganhou outro tipo de atenção por seu perfil fora dos padrões? Isso pode trazer outros tipos de resultados tão grandiosos quanto o título do programa no longo prazo. Um troféu não é tudo e títulos não são para sempre.


Concorrência pode – e deve! – ser saudável

Aqui temos a lição mais bela de todas as edições! Que delicioso ver uma competição tão respeitosa, honesta e transparente como a desses dois talentos. Rafael e William são pessoas completamente diferentes entre si, em essência, comportamento e ideais. Mas a prova de serem grandes profissionais veio ao mostrarem que a concorrência pode ser saudável quando nos desafia a nos tornarmos melhores, do jeito que deve ser: honesto.

Em momento algum um tentou boicotar o outro, passar para trás, aplicar golpe sujo ou queimar o filme. A coisa era entre eles, se provar o melhor em qualidade e entrega e vencer. E fizeram isso lindamente.

Por que não podemos ser assim no mercado? Quantas vezes você vê por aí concorrências que passam mais tempo tripudiando os pontos negativos do inimigo do que tentando apresentar suas melhores qualidades? E que lógica é essa, afinal de contas?

O grande ponto é que construir uma concorrência saudável é muito melhor para todos: a empresa ganha com uma entrega superior, o cliente recebe uma oferta cada dia mais elaborada e que cumpre o que promete e a concorrência corre atrás e melhora junto com o fluxo. Todo mundo cresce. Então vamos aplicar a regrinha e ser felizes juntos do jeito certo, combinado?


Os erros servem para nos deixar mais fortes

Todo mundo erra. Errar é humano. E sim, repetir o erro é burrice. O erro é a nossa maior e mais eficiente chance de aprendizado. Nos traz lições muito maiores que os acertos. E na cozinha do Masterchef um erro poderia significar a porta de saída.

Os finalistas conviveram com isso a cada episódio e, sempre que um erro batia a porta, se viam mais perto do buraco negro. E o que faziam? Aprendiam e corrigiam a rota o mais rápido possível para chegar até o objetivo. Mais do que isso, erros acontecem de forma inesperada, no meio da preparação de uma entrega. E você só tem uma opção: calma, concentração e solução. Desespero e gritaria não ajuda ninguém a subir montanha.

Vai me dizer que você não passa por isso todos os dias? O nosso grande problema é que a grande tendência é ceder ao desespero. Então muda o mindset agora mesmo e começa a pensar que o seu negócio é uma cozinha profissional e que o seu salão está cheio de clientes famintos esperando pelo melhor prato da vida para saciá-los.


Sacrifícios fazem parte da jornada

Ninguém chega ao topo sem sacrificar algumas coisas pelo caminho.

De um lado, Rafael sacrificou a vida pessoal para buscar o crescimento profissional que almejava. Hoje é dono de dois restaurantes na França e deseja conquistar seu espaço no Brasil com a presença no programa. A construção de uma família ficou em segundo plano.

De outro, William ficou cinco anos fora do país trabalhando longe do filho, buscando proporcionar uma boa vida ao rebento. E sua participação no programa foi o caminho que encontrou para mostrar ao mundo o tipo de culinária que almeja fazer e não consegue na posição de quem ainda não tem seu próprio restaurante.

Todos sacrificamos algumas coisas a cada momento. A família, um desejo pessoal, horas de sono, uma viagem, um passeio, alguns finais de semana... A lista é enorme. E muitas vezes nem nos damos conta do quanto sacrificamos. É preciso ter limites para que a vida não se torne uma eterna busca por algo que nem sabemos mais o que é. Mas ter a ilusão de que as coisas acontecerão como mágica não passa de uma visão em meio ao oásis. Haverá suor, algumas lágrimas e talvez um pouco de sangue. Mas para quem sabe onde quer chegar e se dedica, a recompensa vem.


Nem todo dia você ganha e nem sempre a vitória vem em forma de troféu

O mundo não é cor de rosa nem para o melhor confeiteiro do mundo. Que dirá para chefs que não são especialistas em confeitaria! O trocadilho com a derrota de William pela sobremesa ousada é uma brincadeira, mas a mensagem é clara em qualquer situação.

Algumas vezes, mesmo quando a vitória nos parece tão certa, ela pode não chegar. Todos temos 50% de chance de algo dar certo ou não, em tudo na vida. E devemos estar preparado para todas as possibilidades.

Inevitavelmente algumas vezes vamos perder. Faz parte do processo e nos ajuda a crescer. Mas é como lidamos com a derrota que define o tipo de profissional ou pessoa que realmente desejamos ser. Algumas vezes olhar para o outro lado da vitória pode trazer aprendizados importantes ou ainda nos fazer ver com mais atenção aqueles troféus invisíveis que ninguém nota. William, por exemplo, ganhou uma visibilidade que não teria se tivesse renunciado à sua ousadia mesmo sabendo dos riscos que corria.

Então aprenda que a derrota não é um inimigo. Ela é seu passaporte para uma vitória mais preparada, saborosa e garantida. Basta saber lapidar cada oportunidade a seu favor. E perder não é sinônimo de ser pior ou menos capaz. Não é disso que se trata.

A vida é assim, há dias em que perdemos e dias em que vencemos. Mas se você entender que em tudo há uma lição, então no final do dia você sempre será um vencedor ;)


Veja também:

Final Masterchef: como William e Rafael provaram que concorrência pode ser agressiva, construtiva e saudável ao mesmo tempo

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