7 diferenças da tomada de decisão no setor público e no privado

Iniciamos o artigo com uma provocação segundo a citação de Paludo, 2010, “A Administração Pública pode e deve melhorar suas práticas a partir da utilização de técnicas consagradas pela iniciativa privada –o que não pode é simplesmente aplicar essas práticas sem uma adaptação adequada à realidade pública”.

Em nosso artigo opinativo realizamos a leitura base do Artigo: “ PROCESSO DECISÓRIO NOS SETORES PÚBLICO E PRIVADO: ESTUDO EXPLORATÓRIO E COMPARATIVO SOBRE A DIMENSÃO DECISÃO”, dos autores: “Autores: Mônica Feitosa de Carvalho Pedrozo Gonçalves, Marcelo Aldair de Souza”, XV Colóquio Internacional de Gestão Universitária - CIGU, 2015, Argentina, 16 páginas.

O objetivo do artigo dos autores é avaliar a dimensão da decisão em uma instituição Pública de Ensino e uma Organização Privada na área de Tecnologia da Informação e Comunicação. O método utilizado para construção foi através de pesquisa do tipo SURVEY para traçar algumas perspectivas dos gestores que decidem e as características e diferenças existentes na prática da decisão nos segmentos analisados.

Assim contribuiremos com nossa humilde opinião para agregar valor neste debate sobre tomada de decisão nas organizações para o nosso leitor.

Um dos motivadores para que o setor público busque melhoria na qualidade dos seu serviços é o anseio do cidadão por um serviço público mais ágil, segundo os autores. Este ponto é verdadeiro pois com o advento da internet e maior acesso a informações em tempo real o cidadão, aqui chamado cliente, pode e deve comparar a qualidade dos serviços prestados em outros países e também com a iniciativa privada.

A comparação com a iniciativa privada pode ser muito superficial se não levarmos em consideração as diferenças entre as organizações, baseado em PALUDO 2010, sendo:

Ao compararmos alguns pontos pontos percebemos objetivos, focos, tomadas de decisão e liberdade de ação totalmente diferentes entre as organizações apesar das convergências estruturais e necessidade de informação para tomada de decisão.

Os autores também se basearam em Moritz e Pereira (2010) para classificar os administradores quanto a tomada de decisão, sendo:

• Indivíduo avesso a problemas (AP) – preocupa-se em manter o status quo,e age para evitar mudanças. Diante das dificuldades procura minimizar os conflitos ou simplesmente ignorá-los.
• Indivíduo solucionador de problemas (SP) – reconhece que mudanças desnecessárias servem somente para gastar recursos, entende que a empresa no mundo moderno opera sob condições de risco e incertezas. Geralmente o ambiente é agitado e competitivo.
• Indivíduo previsor de problemas (PP) – busca ativamente antecipar os problemas e tenta solucioná-los antes que se transforme numa dificuldade maior para a organização. Ele reconhece a necessidade de mudanças, entretanto, acredita que a melhor maneira de lidar com elas é prevendo-as.

Ao observar os dados da pesquisa dos autores identificamos as seguintes dimensões de tomada de decisão para o setor público e privado, sendo:

Percebemos que devido a dimensão organizacional, apenas 2 organizações e número de pessoas que responderam 20 pessoas, sendo 15 da organização pública e 5 da privada fica claro que as resposta refletem a realidade destes gestores, naquele momento. Algumas respostas como Comunicação → Público possuem resposta 50% Clara e 50% Distorcida e com ruído, sendo assim não ficando claro qual o estilo de comunicação, outro ponto é Comportamento Emocional → Público 53%, sempre decide de forma racional. Com uma margem de erro mínima podemos observar que é um ponto que pode ser interpretado como inconclusivo também. 

Por outro lado temos resposta impressionantes, como: Estilo de Decisão → Público 85%, Prevê e Soluciona os Problemas que é um número muito alto para o setor público, outro ponto surpreendente é Mudança Estratégica → Público Inovador 73%, quando acompanhamos e comparamos o Setor Público e Privado e sabemos que a Inovação demora pelo menos 5 anos para chegar no setor Público, vide o e-digital Estrategia Brasileira para a Transformação Digital, Governo Federal, Brasília, 2017, que apresentou as bases para a Transformação Digital do Brasil e possuem metas que possuem prazo até 2022 para serem concluídas. 

A tomada de decisões em algumas organizações poderia ser comparado com o processo de concepção de um bebe, muito antes da concepção existem sonhos e desejos, após a confirmação da gravides, ainda existem dúvidas e incertezas e estas incertezas vão seguir os pais por toda a vida. Fica claro que a informação é fundamental para a tomada de decisão e que os gestores sofrem e são influenciados pelas emoções pois são seres humanos e não robôs. 

Alguns números apresentados na pesquisa realizada deixam a sensação que a amostra não representa o setor público e privado, apenas representam estas organizações isoladamente, uma pequena empresa do setor privado com 36 funcionários, comparado com multinacionais com 20.000 funcionários e apoiadas por um sistema de informação tornaria a tomada de decisão mais racional no setor privado? Para este estudo não saberemos. 

No caso do setor público gerou surpresa as respostas encontradas afirmando existir INOVAÇÃO E PREVISIBILIDADE DE PROBLEMAS no setor público, visto que na atualidade e para o enfrentamento de uma crise na saúde O Ministério da Saúde, as Secretarias e os respectivos órgãos públicos trabalham de maneiras distintas e com tomada de decisão baseada em colegiado, índice de burocracia altíssimo e processos engessados. Cito como exemplo ajuda solicitada pela Secretaria da Saúde do Rio de Janeiro para transferir doentes para UTI que fora enviada para e-mail desatualizado, REDAÇÃO 2021. 

Concluo com uma provocação, quando os gestores públicos, por força de lei, tem que tomar decisões de forma impessoal, podem se conectar com o cidadão? Ou somente existe conexão quando um ente esta doente, vide Secretário da Saúde do Amazonas exonerado que disse burlar a lei para salvar a mulher de sua vida, REDAÇÃO 2021. Afinal, acima de todas as técnicas ao falar com um humano seja humano. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

REDAÇÃO, Governo do Amazonas envia pedido de oxigênio para e-mail errado do estado do RJ. Yahoo Notícias, 15 de jan. De 2021. Disponível em: <http://shorturl.at/egs58>. Acesso em: 27 de jan. De 2021.

REDAÇÃO, Secretário que vacinou 'mulher da minha vida' contra covid pede exoneração. UOL, São Paulo, 25 de jan. De 2021. Disponível em: <http://shorturl.at/atC04>. Acesso em: 27 de jan. De 2021.

PALUDO, Augustinho Vivente. Administração pública: teoria e questões. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

GONÇALVES, Mônica e SOUZA, Marcelo. Processo Decisório Nos Setores Público E Privado: Estudo Exploratório E Comparativo Sobre A Dimensão Decisão. Argentina, 2015.

MORITZ,  Gilberto  de  Oliveira.  PEREIRA,  Maurício  Fernandes. Processo  Decisório. Florianópolis, Livro texto de EaD para o Curso de Adm. a distância, CAD/UFSC, 2010.

E-DIGITAL, Estratégia Brasileira para Transformação Digital. Brasília, 2017. Disponível em: <https://www.gov.br/mcti/pt-br/centrais-de-conteudo/comunicados-mcti/estrategia-digital-brasileira/estrategiadigital.pdf>