8 insights que tive trabalhando com Governança de Dados

8 insights que tive trabalhando com Governança de Dados

Acredito que conhecimento sem prática não serve para nada e também que a essência do conhecimento consiste em compartilhá-lo. Por isso, decidi escrever este artigo para partilhar com vocês o que aprendi com a literatura, trocas com colegas de profissão e com a experiência que adquiri no decorrer desses 5 anos trabalhando com Governança de Dados. 

A Governança de dados é um tema super relevante e fundamental para as empresas que querem adotar uma tomada de decisão baseada em dados, mas se você chegou até aqui e desconhece o seu significado, deixe-me contextualizar: “A governança de dados é tudo o que você faz para garantir que os dados sejam seguros, privados, precisos, disponíveis e utilizáveis.” Para isso, utiliza um conjunto de práticas e ferramentas que asseguram a organização dos dados, de modo otimizado e seguro, visando minimizar os erros associados à manipulação de dados, o que melhora o desempenho das operações, reduz custos e apoia o crescimento do negócio. Para chegar nesse patamar, existem alguns pontos que são primordiais, os quais vou discorrer a seguir.

1.Estabeleça um Programa de Governança de Dados

Ter dados precisos, confiáveis e que atendam aos objetivos de negócio exige um esforço constante e consistente, por isso, não basta definir um projeto para implantar Governança de Dados, pois um projeto é um esforço temporário, com início, meio e fim definidos para atingir um resultado almejado. 

Além disso, o direcionamento estratégico de uma organização tende a mudar com o tempo e as ações de governança de dados precisam se adequar para atender essas mudanças, sendo necessário um constante monitoramento de resultados e um conjunto de projetos alinhados aos propósitos esperados para os dados. 

Ademais, o escopo da governança de dados é grande, não é possível implantar tudo de uma vez só. Sendo assim, um único projeto não irá trazer os benefícios esperados e nem duradouros. Para ter constância e consistência, é preciso implantar um Programa de Governança de Dados, com objetivos claros, projetos e ações relevantes e métricas definidas para acompanhar a evolução.

2. Saiba como está a maturidade da empresa em Governança de Dados

A maturidade da governança de dados refere-se ao estágio em que a empresa encontra-se na implementação e adoção de iniciativas de governança de dados. Uma organização imatura terá muitos dados desorganizados e não poderá usar com confiança esses dados para impulsionar o seu crescimento. Por outro lado, empresas maduras, se destacam por ter implementados todos os processos e controles para gerenciar, acessar e inovar usando ativos de dados.

Para saber o estágio atual da empresa a respeito das práticas de Governança de Dados é importante adotar um método de avaliação, seja ele construído por uma consultoria, inspirado por algum modelo de mercado ou até mesmo definido pela própria empresa, com base na sua realidade e necessidade de evolução.

Alcançar elevados patamares de maturidade exige melhoria contínua e investimento de tempo, esforço e dinheiro. Existem cenários que exigem de algumas empresas uma maior maturidade em governança de dados do que em outras, seja porque são reguladas por alguma entidade reguladora, seja porque os dados são os seus principais ativos, como é o caso das Data Companies. Por isso, é importante avaliar a necessidade antes de realizar um alto investimento.

3. Tenha uma Política de Governança de Dados

Por mais que a empresa tenha uma cultura mais informal, não devemos ignorar a necessidade de se ter uma Política de Governança de Dados. Este documento irá conter as diretrizes relacionadas aos dados que devem ser seguidas por todos na organização. 

Ter as “regras do jogo” definidas em uma política garante que o assunto seja tratado de forma obrigatória e prioritária e não somente quando “sobra tempo”. Além disso, dá clareza para todas as áreas sobre o que é esperado pela organização, não deixando dúvidas sobre o que deve ser feito. 

Uma organização que opta por implantar a Governança de Dados sem ter uma política clara poderá enfrentar maiores problemas de engajamento das áreas da empresa, podendo inclusive haver uma maior lentidão na implantação das ações necessárias, uma vez que as áreas poderão deixar em segundo plano. 

4. Sonhe grande, mas comece pequeno 

Imagino que toda a organização sonhe em ter dados organizados e com qualidade, acessíveis e em conformidade com as leis vigentes, onde todos os colaboradores saibam o significado dos dados, onde e como encontrá-los, mas para chegar nesse nível, muito precisa ser feito. 

O início de um Programa de Governança de Dados exige investimentos que poderão não gerar resultados imediatos e isso pode gerar frustração e até descrédito ao programa, ou ainda ao tema dentro da empresa. Desta forma, minha sugestão aqui é:

  • Comece com uma equipe pequena, primeiro mostre o valor que o investimento pode gerar, para só então investir em aumento de equipe;
  • Realize um diagnóstico para saber onde se está, quais são os gargalos, oportunidades de melhoria e um roadmap de implantação destas ações;
  • Defina as prioridades dessas ações e projetos a serem implantados, para isso, considere o impacto gerado, a complexidade de implementação, a dependência entre as ações;
  • Aposte em POCs (proof of concept ou prova de conceito na sua tradução) para confirmar a viabilidade de uma ideia ou a verificar se a mesma funcionará conforme previsto antes de investir tempo e dinheiro naquela ideia;
  • Aposte em MVPs (minimum viable product ou produto mínimo viável na sua tradução), prefira fazer entregas constantes e incrementais, priorizando pequenas entregas que agreguem valor aos stakeholders e incrementando essas entregas de acordo com os feedbacks recebidos. 

5. Não trate ferramentas como uma solução mágica

Sei que é tentador pensar que basta investir um certo dinheiro em uma ferramenta e voilá, seus problemas acabaram. Só que a realidade não é bem assim. É importante contar com uma ferramenta para facilitar o gerenciamento dos dados, mas ela sozinha não irá gerar todos os resultados esperados. Isso porque, sem ter regras claras, processos, papéis e responsabilidades definidos, existe uma grande chance da ferramenta entrar em desuso.

Além disso, existe uma variedade de ferramentas no mercado para atender diferentes contextos, seja glossário de termos, gestão de metadados, catálogo de dados, linhagem de dados, gestão de acessos, e por aí vai. Mas sem uma avaliação prévia dos requisitos pretendidos com aquela ferramenta e os casos de uso desejados, pode haver uma tomada de decisão por uma ferramenta que não se encaixa na realidade da empresa.

Os aprendizados que eu trago aqui são: 

  • Tratar a escolha da ferramenta como um projeto; 
  • Definir em conjunto com as demais áreas os requisitos pretendidos;
  • Estabelecer casos de uso; 
  • Avaliar ferramentas disponíveis no mercado utilizando os mesmos critérios;
  • Fazer benchmarks com outras empresas que tenham feito a implantação de uma ferramenta para coletar lições aprendidas;
  • Ter um plano de implantação;
  • Selecionar as ferramentas que mais se adequam às necessidades da empresa e fazer testes com elas;
  • Definir os processos que tocam em dados antes ou em paralelo a implantação, não deixar para depois.

6. Defina com clareza os papéis da Governança de Dados, como Data Owners

É muito importante que as áreas da empresa vejam o time de Governança de Dados como um maestro, que conhece todo o cenário da empresa, as dores dos stakeholders, que conecta a visão técnica e de negócio sobre os dados e direciona, através de pessoas, processos e tecnologia, as ações necessárias para extrair valor dos dados. Entretanto, ir para uma abordagem em que a Governança de Dados centraliza todas as análises e aprovações, pode ser custoso, moroso e, ainda, dificultar que o tema se torne parte da cultura da empresa. 

Uma das ações de extrema relevância em um Programa de Governança de Dados é a definição das responsabilidades e pessoas que irão atuar como Data Owners. Esse papel é super importante para garantir que as regras e processos definidos pela Governança de Dados sejam seguidos corretamente, que a empresa terá alguém para responder sobre os seus ativos de dados, para direcionar ações necessárias para melhorar os dados, aprovar as solicitações de acesso aos dados, entre outras responsabilidades.

A minha sugestão aqui é: defina os domínios de dados que mais fazem sentido para a empresa, estabeleça quem serão os Data Owners responsáveis por cada um dos domínios e dê autonomia para essas pessoas tomarem decisões a respeito dos dados. Isso tornará os processos mais fluidos, ao invés de manter todo esse contexto como responsabilidade da Governança de Dados, podendo criar gargalos nos processos por conta disso. 

7. Invista em cultura de dados

Tão importante quanto ter processos e regras documentadas a respeito da coleta, uso, qualidade, privacidade dos dados, é ter pessoas altamente capacitadas e engajadas no que tange essas informações. Para isso, é imprescindível realizar ações de cultura e conscientização, pois cultura é um dos pilares fundamentais da Governança de Dados. 

Para se ter sucesso nessa missão, é imprescindível considerar alguns pontos:

  • Conectar as ações de treinamento e comunicação com a cultura da empresa;
  • Identificar as necessidades dos times para direcionar melhor essas ações;
  • Buscar aliados, como o time de comunicação interna;
  • Manter a constância das ações, pois de nada adianta fazer ações isoladas;
  • Medir o engajamento e progresso através de indicadores.

8. Cultive a empatia

Por mais que a Governança de Dados tenha muitas técnicas, boas práticas, soluções, ferramentas e envolva bastante tecnologia, sem pessoas, ela simplesmente não existiria. Trabalhar com Governança de Dados é atuar diariamente com pessoas, se conectar a elas, se preocupar com as suas necessidades, entender seus contextos e como os dados podem contribuir em suas tomadas de decisões. E todo esse trabalho envolve empatia, pois sem isso, as regras, processos, políticas, tecnologias e todos os artefatos que envolvem a Governança de Dados não terão o devido valor.

A Governança de Dados não é um fim, mas sim um meio para atingir os resultados esperados, por isso, esse time quando orquestra a implantação de uma determinada ação, está genuinamente preocupado com as necessidades dos seus stakeholders, pois as necessidades da Governança de Dados nada mais são que as necessidades dos seus stakeholders e de resguardar a empresa de possíveis riscos. Governança de Dados também é sobre conectar-se com as pessoas, deixar claro os propósitos, praticar a empatia, pensar em como ajudar a empresa a praticar a melhoria contínua e alcançar resultados cada vez melhores.


Espero que esse conteúdo tenha servido de inspiração para meus queridos colegas de profissão e também para os entusiastas com o assunto. Quem quiser bater um papo sobre os temas abordados aqui ou qualquer outro relacionado à Governança de Dados, pode me chamar, ficarei bem feliz em trocar ideias sobre esse universo que eu tanto gosto de falar e aprender :)

Links de referência:

#governançadedados #datagovernance #gestãodedados #qualidadededados #metadados #dataowner

Mauricio Modesto T.

Automações Digitais | Liderança | TI

1 a

Muito bom! Obrigado Fernanda !

Renato Hingel

Analista GIS | Analista de Dados | Gestão de projetos

1 a
Samuel Oliveira

Advanced Analytics in Credit Risk at Itaú Unibanco | Python | SQL | AWS | Insights | Data Visualization | Fraude | Risco | Crédito

2 a

Muito bom 👏🏻👏🏻

Lucas Santos

Engenheiro de Dados | Estratégia de Dados | LGPD | SQL | Oracle | Google Big Query | Qualidade de Dados | MDM | Integração de Dados | Compra de Dados | Modelagem de Dados | Governança de Dados | Otimização de Dados

2 a

Melhor time <3! Parabéns Fer e estar contigo nesta jornada está sendo maravilhoso <3

Marisa Miyuki Kazama

Especialista em Governança de Dados

2 a

Você está acostumada a ouvir isso de mim, mas repito: é uma honra poder trabalhar na nossa equipe, liderada por você e ver todos esses valores na prática. Todos os dias.

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