81 - Tópicos em EaD - O professor tutor
Grande parte das considerações desenvolvidas durante os cursos de formação de professores para atuação no EaD, um dos principais temas gira em torno das atividades de tutoria. Diminuída em sua importância nos primórdios do EaD, na atualidade tida como a principal função no ambiente.
1.1 A importância do tutor
A sua importância decorre em uma primeira visão devido ao fato da mudança da lógica de transmissão de conteúdos para uma lógica de privilegio ao acompanhamento do aluno, em suas necessidades.
O fato de ser o elemento que irá manter o contato mais próximo com o aluno, no caso em que atividades de atendimento tutorial estejam previstas no ambiente é outra das razões apresentadas para justificar a sua importância.
Nos primórdios do EaD os tutores eram considerados como profissionais de menor valorização, com relação aos professores especialistas, produtores de materiais e avaliadores, entre outros envolvidos no ambiente. Aos poucos o fato de sua atuação nos polos, ser determinante para uma boa avaliação da estrutura e o destaque dado pelos órgãos reguladores, de sua formação e atuação para valoração de um polo, também contribuíram para este fato.
Tudo o que se exige em termos de conhecimento é o mesmo que se exige dos demais profissionais, ainda que ele não seja o responsável por atividades de produção ou solução de questões técnicas.
De forma adicional, este profissional está sujeito a uma formação voltada para a gestão de conflitos, considerando que há em grande parte das iniciativas de oferta do EaD, o desenvolvimento de trabalhos em grupo. Desta forma questões de inteligência emocional entram em jogo.
Já no atendimento individual aos alunos, muitas questões emocionais se encontram envolvidas o que pode exigir que esse profissional tenha uma formação complementar na área psicológica, de forma a poder desenvolver um trabalho de apoio.
Como primeira instância de busca do aluno, para esclarecimento de dúvidas que estão além de atividades ou solução de problemas propostos no ambiente, a sua formação diversificada inclui um conhecimento ainda que básico de questões tecnológicas e um profundo conhecimento do mercado de trabalho na área de conhecimento, já que questões vocacionais estão envolvidas.
A aprendizagem independente, desenvolvida em ambientes centrados no aluno pode colocar alguns alunos menos preparados, frente ao “fantasma da solidão”, representado por momentos em que o aluno não consegue encontrar uma saída para algum problema e ao mesmo tempo não tem um retorno em tempo útil. Esta é uma proposta que qualquer tutor deve atender com alta qualidade e envolvimento. As devolutivas devem acontecer no menor tempo possível.
A recomendação de não interferir no desenvolvimento do aluno ainda que respeitada, muitas vezes não deve ser levada ao pé da letra. Há muitas ocasiões em que esta proposição deve ser superada. Nestes momentos é preciso evitar qualquer conotação assistencialista no acompanhamento proposto. Os professores tutores devem ser sensibilidade para procurar o aluno individual ou grupos, sempre que perceberem que alguma dificuldade impeça de encontrar um caminho para solucionar o problema que enfrentam.
Isto é comum de acontecer em situações que os alunos se encontram frente ao elevado volume de informações que está colocado na internet e ficam confusos sem encontrar um caminho. Este grande volume está colocado à disposição de qualquer pessoa que queira informações, e efetivar coleta de dados extensiva, para poder resolver a contento seus problemas. Conhecedor dos meandros da área do conhecimento, acostumado ao desenvolvimento de pesquisas, outra das competências e habilidades essenciais, o professor tutor deve interferir, quando esta situação for percebida.
Principalmente em cursos ofertados na modalidade do EaD, principalmente naqueles de longa duração, as taxas de evasão são muito altas, devido aos aspectos discutidos no parágrafo anterior. Mas existem outros que não demonstram dificuldades ou alguma incapacidade que o tutor poderia resolver. É possível que, quando o tutor perceba a dificuldade, o aluno já seja mais uma a aumentar as taxas de evasão.
Para evitar esse problema, o acompanhamento a cada aluno sob sua responsabilidade deve ser desenvolvido de forma constante pelo professor tutor. Esta é uma atividade que pode ser efetivada de forma dissimulada, sem que os envolvidos sejam colocados frente a algum tipo de inquisição. A presença social do professor na vida do aluno, desenvolvida de forma natural, sem uma conotação de apoio didático e pedagógico, pode facilitar essa atividade e levar o aluno a um processo de abertura maior.
Pelo que foi descrito nos parágrafos anteriores é possível perceber as diferenças entre o trabalho que o professor tutor desenvolve, com relação a qualquer outro dos docentes envolvidos em equipes multidisciplinares e que atendam à proposta de profissionalização docente trabalhada nesse material.
A soma das competências e habilidades exigidas do professor tutor supera aquelas que são exigidas de todos os demais professores que trabalham no ambiente. Além disso, as consequências de erros que ele venha a cometer, podem não ser facilmente corrigidas, como aqueles que envolvem outros aspectos do ambiente.
O fato de ele representar a instituição de ensino, seja no ambiente virtual ou em localidades geograficamente dispersas, adiciona outras responsabilidades complementares. Estas são as principais razões que colocam este profissional como elo mais importante de uma cadeia formada por todo um conjunto de pessoas, reunidas em torno de um objetivo comum: facilitar o desenvolvimento do processo de aprendizagem do aluno.
Assim não se compreende as razões pelas quais, em grande parte das instituições que oferecem cursos em ambientes e condições de acordo com as que estão sendo analisadas, este profissional não recebe a formação adequada, tanto para complementar os conhecimentos adquiridos nos processos de educação formal, quando de nivelamento no uso das tecnologias da informação e comunicação utilizadas no ambiente.
Este fato coloca os professores tutores em desvantagem com relação aos alunos. Não são poucos os que não dominam as inovações na sua área de conhecimento e também não apresentam o nivelamento tecnológico necessário para desenvolver de forma confortável um processo de orientação a alunos com maior capacidade e conhecimento que aquele cuja tarefa seria prestar o apoio necessário.
O que se gasta com a formação dos professores tutores e de outros profissionais, que atuam em ambientes enriquecidos com a tecnologia não pode ser caracterizado como despesa, antes esse processo deve representar um investimento de retorno inquestionável, ainda que seja intangível, para os moldes tradicionais de estudos ROI – Retorno de Investimento.
Professora de Filosofia e Língua Portuguesa
8 aMuito boa a sua publicação, bem pertinente.