Abraçando a vida acadêmica: O caminho das pedras.

Abraçando a vida acadêmica: O caminho das pedras.

Com razoável frequência, sou procurado por pessoas que sabem de minhas atividades como professor e coordenador MBA me pedindo orientações sobre como abraçar o caminho da vida acadêmica, seja como professores universitários ou  em Programas de Pós-graduação.

São amigos, alunos,  colegas de trabalho, ou mesmo profissionais que atuam em empresas onde realizo meus projetos de consultoria, todos com o objetivo de  alçar novos horizontes. Migrar de suas atuais funções corporativas para o mundo acadêmico ou na busca de uma atividade complementar, que venha a proporcionar algum adicional de renda.

Primeiramente, procuro lembra-los que antes de mais nada estamos falando de uma vocação, que como tal, é extremamente gratificante e nos proporciona elevada realização pessoal, quando feita com dedicação e foco. É bom ter em conta que para o sucesso nessa área é fundamental procurar desenvolver e aprimorar nossa capacidade de comunicação, uma boa didática e principalmente, criatividade, inovação e atualização constante para manter suas aulas com alto grau atratividade. Caso contrário você corre o risco de se ver falando sozinho e ter 30 pessoas à sua frente focadas em seus respectivos smartphones, atentos às suas respectivas conexões das redes sociais.

Por outro lado, muito além do conhecimento teórico e acadêmico que você adquiriu nos seus estudos de graduação, MBA ou mesmo Mestrado, é muito importante que você transmita a seus alunos a experiência acumulada naquele determinado assunto por meio das atividades desenvolvidas ao longo de sua carreira. A geração questionadora com a qual convivemos hoje em sala de aula não aceita simplesmente o conceito, mas quer saber onde aplicou, se deu certo, quais os riscos, como corrigir desvios, etc.

Lembremos que “a teoria nasce da constatação da prática” e não ao contrário como muitos pensam.

Com isso, sempre que possível, a convivência das duas frentes (corporativa e acadêmica) possibilitam uma fantástica sinergia. Tudo que pesquisamos e nos preparamos para transmitir aos nossos alunos são insumos para serem aplicados no dia a dia de nossa atividade profissional. Do outro lado, enriquecemos muito nossas aulas, relatando nossas experiências práticas e falamos com muito mais segurança e propriedade.

Além do que, não raro nossa exposição como professor propicia a abertura de oportunidades de projetos de consultoria. Muitos de meus clientes na vida de Consultor surgiram por referencias e indicações de alunos.

Partindo-se então dessas premissas, trago sempre aos que me pedem o “caminho das pedras” algumas dicas para abrir novos horizontes na carreira de Mestre:

  1. Defina seu foco: ou seja, especifique claramente a área de conhecimento que você pretende se desenvolver como professor. Deixe isso claro em seu currículo na hora de buscar uma oportunidade, listando de modo pragmático quais as disciplinas às quais você se candidata.
  2. Pesquise e elabore seu próprio material (slides, apresentações, exercícios, cases, apostilas, filmes, textos, material de apoio...). Você dificilmente conseguirá dar uma boa aula com material que você não conheça profundamente por ter sido o seu criador ou compilador.
  3. Comece com uma disciplina apenas, uma noite por semana... logo você construirá uma “network” com outros professores que te encaminharão e indicarão a outras escolas, outros cursos. Mas para isso, você precisa construir sua imagem, sua "marca". Ou seja, ser reconhecido como alguém que conhece de um determinado assunto (..qual é a sua praia?)
  4. Se deseja mesmo focar-se na carreira acadêmica, pense seriamente em fazer um curso de Mestrado. Cada vez mais as escolas vão exigir essa titulação. O MEC e as instituições de mercado, avaliam as escolas pelo número de mestres e doutores em seus cursos e frequentemente surgem rumores que o governo vai intensificar a fiscalização nas escolas, aumentando o grau de exigência no percentual de mestres e doutores. Assim, as portas se abrem com mais facilidade para os mestres e doutores.
  5. Lembre-se que a remuneração de professores varia com a titulação. Um Especialista (MBA) ganha cerca de 15 a 20% a mais que um Graduado, um Mestre ganha 20% a mais que um Especialista e um Doutor em média, ganha 10 a 20% acima dos vencimentos de um Mestre.
  6. Se decidir seguir mesmo este caminho, não se esqueça da produção científica. Escrever artigos, participar de congressos, etc. é fundamental para ser reconhecido nesse mercado e qualificar-se para escolas mais bem referenciadas, que claro, terão as melhores remunerações.

Agora, vamos à parte mais difícil do desafio: conseguir a primeira oportunidade!

Como em qualquer campo de atividade profissional, as instituições vão sempre procurar contratar professores já com experiência em sala de aula, o que dificulta bastante a vida dos iniciantes no ramo.

Assim, aquelas vivências que você já teve ministrando cursos abertos, seminários de curta duração, treinamentos internos ministrados a usuários ou clientes, palestras e apresentações realizadas devem estar explícitas no seu currículo acadêmico para abrir ao menos a oportunidade de uma aula-teste.

Agora, sem dúvida, um atalho com maior chance de sucesso é ter na sua rede de contatos os professores que possam recomendá-los aos Coordenadores de curso, que no final das contas, são os que decidem quem ministrará as disciplinas que compõem o seu programa de estudos.

Ou seja, mais uma vez, o bom e velho Network!

Para finalizar, quero ressaltar que no momento, eu mesmo estou procurando seguir essas dicas, já que me afastei temporariamente da atividade acadêmica e hoje, entre saudoso e arrependido, começo a “tricotar” meus contatos para voltar a esse mundo inexplicavelmente fascinante do magistério.

Alessandra Silva

Agente de Transformação, Especialista, Consultora, Facilitadora e Mentora em BPM e Design Thinking | Professora Mestre | Educadora Corporativa | CBPP® | HCMP® | HCMBOK® | VP Educação ABPMP Brasil | Lifelong Learning

5 a

Disse exatamente a realidade!!! Sucesso grande pra ti. Professor e colega profissional. 

Francisco, parabéns pelo texto. Abraço.

Antonio Morales Filho

Presidente da ULTRACON - CONSULTORIA EM TECNOLOGIA DA INFORMACÃO LTDA, no Brasil e em Portugal.

8 a

Francisco, compartilho de tudo o que escreveu. Somos da mesma geração e sabemos bem que a troca de experiências em sala de aula é gratificante, pela paixão de transmitir conhecimento e, ao mesmo tempo, aprender com gerações mais novas, e por isso, a troca. Anos antes de eu ingressar para esse meio, tive o prazer de contratar seus serviços de treinamento e acompanhamento de um projeto que gerenciei e, nunca me esqueço do que lhe falei, escrevi e reafirmo agora - "você é mais do que um instrutor ou professor, é um artista em frente ao seu público.

Chicão, meu caro. Estou certo que seu próximo texto será acerca do seu dia-a-dia à frente de uma turma. Dos desafios encontrados, da diversidade de experiências, novidades da área etc. Forte Abraço, Oscar de Oliveira Jr.

Paulo Emilio Paes Rodrigues

Professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico na IFRJ

8 a

Perfeito, estamos no mesmo barco.

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