Abstinência sexual pode afetar a mente e o corpo, dizem especialistas.

Abstinência sexual pode afetar a mente e o corpo, dizem especialistas.

Falta de sexo pode provocar irritabilidade, quadros depressivos, queda da imunidade e sofrimento psicológico.

  • A falta de sexo pode levar a sintomas de sofrimento físico e psicológico? De que forma a ausência de sexo se faz marcante?

Sim, principalmente entre casais monogâmicos onde um deseja e o outro não. Isso pode levar a uma confusão no parceiro que não compreende o que se passa na relação e pode se culpar a ponto de levar a transtornos sexuais, depressão, ansiedade, além do resultado que o efeito do sentimento de rejeição pode causar na autoestima do parceiro.

  • A pandemia mudou a forma como nos vemos inseridos nas relações sexuais e amorosas, de que maneira?

Não saberia dizer ao certo, pois durante a pandemia houve um crescimento no número de pessoas namorando. "Após a pandemia", neste ano de 2022, é verdade que muita gente está tirando o tempo perdido.

  • É comum que algumas pessoas sintam mais a falta de sexo do que outras? Que fatores ajudam a explicar essa diferença?

O desejo sexual tem a ver com a quantidade de hormônios que produzem a excitação sexual. Quando se é mais jovem o corpo produz esses hormônios de forma mais fácil e em maior quantidade. Mas mesmo entre a mesma faixa etária, há pessoas que vão pensar e querer sexo muito mais vezes que outras, e isso tem a ver com o lugar, a importância e função que o sexo tem na vida de cada uma delas.

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  • A ideia de que o homem sente mais falta de sexo do que a mulher é um mito? O que explica essa teoria que foi um senso comum por muito tempo?

Penso que o machismo se apropriou desse discurso para justificar o aprisionamento dos corpos femininos diante da liberdade sexual concedida aos corpos masculinos. É um discurso que tem a ver com a política, muito mais do que com a biologia. 

  • Existem pessoas que não sentem falta de sexo? O que contribui para isso?

Sim, tem pessoas que estão satisfeitas com a quantidade de sexo que tem. Outras, mesmo não tendo sexo, não sentem vontade de ter. São múltiplos os fatores e certamente varia para cada pessoa, sendo impossível generalizar. A relação que a pessoa tem com o sexo pode ser de tal forma que uma baixa frequência masturbatória já é satisfatória. Algumas pessoas já estão cansadas de desenvolverem relacionamentos e o sexo acaba ganhando um lugar de pouca ou nenhuma importância, por exemplo.

  • A ausência de sexo pode ser mais marcante entre os jovens? Como é percebido esse desejo em diversas fases da vida? Às vezes, se fala pouco sobre o sexo na terceira idade. Os mais velhos perdem o desejo ou a sociedade contribui para que se tenha essa percepção errônea?

A ausência de sexo quando se deseja é marcante para qualquer idade, em qualquer fase da vida. Porém, é verdade que os jovens produzem mais e com maior facilidade os hormônios que ativam a tensão e o desejo sexual. Deste modo, a privação do sexo por ser mais atormentadora para eles. Quando as pessoas vão ficando mais velhas é comum que não só os hormônios mudem, mas também o lugar que o sexo ocupa, assim, uma privação pode ser sentida com menor intensidade.

Porém, é um mito que não haja desejo sexual entre pessoas idosas. Mesmo o sexo podendo ganhar outros sentidos e lugares, para muitos ele somente é inibido, para outros ele continua tendo um papel importante e essas pessoas, quando privadas de sexo, sentem do mesmo modo como os jovens. Como vemos, há uma relação com a idade e hormônios, mas que não supera e nem é soberana à relação que a pessoa desenvolve com sua sexualidade, que muda de pessoa para pessoa, independente de idade, se é homem ou mulher, mas no sentido atribuído ao sexo, o lugar que o capa na sua vida, sempre numa cadeia complexa de sentidos.

Por Ronaldo Coelho

Leia o artigo na página da CNN Brasil, clicando aqui.

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