Academia e Trabalho? Por que tanta distância? Juntos fica mais produtivo!

Academia e Trabalho? Por que tanta distância? Juntos fica mais produtivo!

Impressionante como a Academia não quer trabalhadores com vontade de aprender, se desenvolver e ajudá-la a melhorar. Em resposta a um comentário meu, li: "(...) o mestrado acadêmico não é um modelo de pós-graduação moldado para quem trabalha. Para isso, especificamente, existem o mestrado profissional e as especializações. Idealmente, espera-se do mestrando dedicação exclusiva". 

A mesma Academia (digo, a mesma pessoa) que escreve a frase: "Um mestrado acadêmico pode lhe despertar a admiração pela pesquisa científica além de contribuir muito para seu desenvolvimento pessoal e profissional.", que lhe convida a ingressar neste mundo, que anseia por mais recursos, por maior liberdade de trabalho é a que dificulta a entrada de quem está interessado a contribuir pra que ela atinja o que deseja. Fecha as portas antes mesmo de ver quem a bate.

O pensamento que vem à mente é que "queremos pessoas, mas somente as que se enquadrem em nossos anseios". Você, caro amigo, que precisa trabalhar para se sustentar, não queremos. Dificultamos sua entrada, pois não nos interessa alguém que precise faltar a uma aula por estar em alguma reunião que não terminou a tempo. É preciso haver pessoas que somente nos vejam, que somente tenham a mente para nós. Que não olhe para os lados, que não veja o mercado, o que acontece com ele, a prática. Que possa somente estudar e mais nada. Essas “pessoas que trabalham” não as queremos com pesquisa, pois elas não vão “dar conta” do que precisa ser feito.

O que fica esquecido é que quem quer realmente se aperfeiçoar vai se esforçar para dar o melhor de si, mesmo com atividade profissional. O que não é lembrado é que realmente só quem quer muito estar lá, estará. Ninguém quer ingressar no mundo acadêmico e não levá-lo a sério, não estudar, nem se dedicar. Ainda mais quando se tem alguns anos de bagagem, de vida profissional, ou seja, alguma maturidade. Quando se é mais novo, de certa forma, somos obrigados a cursar um ensino superior para poder iniciar a carreira laboral (fala-se de forma geral, não se despreza as profissões que prescindem dos bancos universitários), então, é explicável a certa falta de comprometimento de certos discentes. Porém, em se tratando de pessoas interessadas na pesquisa, que já trazem uma bagagem profissional e que têm responsabilidades com relação a isto (caso contrário poderiam facilmente parar de trabalhar) é pouco provável que não fossem se esforçar ainda mais para levar tudo adiante.

Sim, mas há alternativas... Falou-se em Mestrado Profissional, mas, ele não oferece tanto a visão de pesquisa que pode ser a  desejada. É, sim, uma ampliação do conhecimento, porém, visando mais o aperfeiçoamento do trabalho, da prática e não da pesquisa. Gostaria de saber, sinceramente, o porquê de trabalho e pesquisa serem tão diferentes na mente dos acadêmicos... Creio que um livro que não é lido por ninguém, que somente seu autor o conhece não cumpre sua função...

Talvez, a visão apresentada seja um pouco desta forma mesmo: Um casulo, no qual a produção do  conhecimento (OK, a meu ver a pesquisa serve para isto, não?) não pode ser feita por quem o vive, somente o pode por quem vive disto... Como se uma pessoa que trabalha em um “emprego comum”, não pudesse produzir pesquisa.

Intriga o porquê de sua visão ser tão separatista. Para que a pesquisa existe? Para que o conhecimento é produzido? Para ficar guardado, restrito? Ou para ser aplicado à alguma prática humana (seja o trabalho ou não...)? Como diz-se em textos bíblicos “(..) Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire”, logo a pesquisa, a meu ver, deveria ter um objetivo prático, a ser aplicada para o bem e o progresso da humanidade. Mas, o que vejo, no “mundo corporativo” não é muito bem isso, não há a aplicabilidade aparente do conhecimento acadêmico, há um certo distanciamento entre eles.

Um dos pontos que queria estudar é justamente o abismo entre a Academia e a prática corporativa. Por que se têm tantas teorias e "boas práticas" em estudo e tanto caos nas empresas (especialmente em se tratando de Processo de Software)? Por que há pesquisas interessantíssimas que não saem do papel, ou melhor, das cadeiras das universidades? Por que tantos livros excelentes, tanto conteúdo extremamente útil que não saem da teoria, não se transformam no dia-a-dia das pessoas?

Creio, porém, que com as explicações que recebi sobre a conciliação entre trabalho e o curso de Mestrado e com o que parei um pouco para pensar, eu já tenha um esboço de resposta...

Com a dificuldade colocada para trabalhadores da lide cotidiana poderem contribuir com a pesquisa científica, ambos tendem a perder... Gostaria muito de poder fazer parte disto, mas eles não nos querem.

Enfim, é só um desabafo... Só algo que percebi que é completamente padoxal... E que, com o passar dos anos, o abismo vai ainda aumentar... Mas, como eu respondi, vou me esforçar e me preparar financeiramente porque eu quero quebrar este paradigma, deixar a Academia mais acessível a mentes tão brilhantes quanto as que estão lá hoje, cujas mãos estão "na massa", no labor do dia-a-dia.

E, sim, democratizar o ensino, as boas práticas. Quero aprender com quem faz/fez, com quem viveu e quero ensinar da mesma forma.

Flávia gostei muito bem escrito, eu por muito tempo pensei como você e cheguei a conclusão que um cientista na minha área profissional realmente deve ficar no laboratório pensando em teorias e mais teorias, pois sabemos que muitas das teorias quando sai do laboratório e vai para o mundo coorporativo é adaptado a realidade do ambiente, dai sofrem transformações para serem utilizados na prática, se o cientista for para esse mundo fica parado e perplexo com a realidade da mesma forma que nós do mundo coorporativo ficamos admirados com o tempo para se obter ou provar um resultado no mundo cientifico.

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