Afinal, o que é arte? Quem faz arte?
Peguei o metrô e abri um livro de astrologia.
Faltava apenas algumas páginas para finalizar a leitura... Logo seria tomada por aquela sensação de já acabou!?
De fato tinha acabado algo...
O SILÊNCIO EXTERNO.
Observei uma senhora de olhos verdes que estava sentada na minha frente. Ela estava bem vestida e carregava um ar sério.
Ela estava enviando mensagens de áudio e dizia em tom firme: ESSA É A SUA ÚNICA OPÇÃO! Seu tom imperial me tirou a atenção do que lia. As palavras estavam ficando confusas, então fechei o livro.
Um celular tocou. Outra senhora que sentava do meu lado direito, atendeu mas não tinha sinal. A pergunta sobre quem era, ficou sem resposta.
O trem parou. Um artista de rua entrou com seu violão.
Era hora do show!
O artista disse que a cultura precisava da gente. E assim, logo começou a tocar seu violão e a sua voz grossa e doce irradiava seu canto e prosa.
Ele perguntou se alguém daquele vagão tinha uma preferência de música, logo uma voz aguda, bem no fundo do vagão gritou: MANDA UM FORRÓ!
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A arte se conecta com diversas pessoas. Em meio ao caos, um som brasileiro veio para alegrar.
O som rolou e aos poucos, a energia mudava, mas ainda algo não estava certo...
Olhei para um chapéu que estava no chão do vagão. Vi uma nota de 10 reais e mais algumas moedas. Logo me veio várias perguntas na mente: Qual era o futuro daquele dinheiro? Como um jovem de talento podia apenas tocar naquele trem? Onde estava os espaços para a arte percorrer livre e ser dignamente remunerada?
O estilo vibrante e despojado do artista, me lembrou um trovador. Os trovadores encantavam seu povoado com a música lírica, vinda do seu puro ser.
O jeito subjetivo de ver o mundo sempre foi julgado. A arte nunca teve o palco merecido e quando têm, logo alguém arruma um jeitinho de cortar a verba, afinal onde já se viu a era capitalista dar espaço para a arte?
O QUE É ARTE, AFINAL?
Eu digo que a arte é a salvação. Passamos a não respeitar os povos e o modernismo junto com a indústria comercial tirou aos poucos as características humanas e as transformou em personagens, licenciados e produtos sem ao menos entender sua real essência... Sem fazer a curadoria a fundo do sentido daquela arte.
Precisamos conectar com pessoas e entender suas histórias, não roteirizar a perda da identidade.
Não é possível viver mais em um mundo assim e muito menos, sobreviver com 10 reais e algumas moedas.