Afinal, quem é o Adão?

Qual o storytelling da fundação da sua marca? Para muitos, aposto que é bonito, lúdico e quase fantasioso.

Sinto informar, mas aqui no Bar do Adão, tudo aconteceu de forma nada romantizada. Foi, literalmente, um retrato da vida real.

Meu avô tinha o sonho de ter um bar, mas não tinha o dinheiro do tamanho do sonho, então adquiriu o que dava, no caso, um minúsculo botequim pé sujo de bairro, no Grajaú, zona norte da capital carioca. Só foi possível comprá-lo, porque colocou à venda um pequeno sítio e juntou com mais o que minha avó economizou vendendo roupas de porta em porta, no endereço das suas clientes.

O nome era simpático, já conhecido na região por seus ovos rosas, caldo de mocotó, coxinhas e risoles dormidos na estufa, além das cervejas e destilados. Um pé sujo que só abria à noite e era, basicamente, um ponto de encontro daqueles que gostavam da bebida alcoólica e pediam algo para distrair os dentes enquanto bebiam.

Porém, a pegada dos meus avós era outra. O desejo deles era transformar o local em um ambiente mais voltado à comida. E aí começamos a abrir para o almoço; a ter nhoque aos dias 29; sopa leão veloso aos domingos…

De um velho ponto de encontro dos amigos de copo à noite, passamos a ser, também e mais forte ainda, um destino para alimentação das pessoas reunindo casais, famílias, colegas de trabalho, amigos pessoais e todas as tribos, para partilhar conversas, alegrias, momentos e por aí vai...

Até hoje quando me perguntam se Adão era meu avô, eu dou um sorriso e conto que não com zero vergonha, pelo contrário, fico cheio de orgulho da nossa história sensacional e sem storytelling bonitinho que muitos usam para emocionar as pessoas.

Ninguém precisa de uma história poética pra começar nada. Apenas de MUITA vontade, sangue nos olhos e humildade.

Foi assim durante toda a nossa trajetória: muitos acertos, ainda mais erros e um abundante  aprendizado com ambos. 

Hoje, o Adão é patrimônio do Rio e tenho muito orgulho de tudo que construímos!