Agenda 2030
Você certamente já deve ter ouvido falar da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas e dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), acordados entre os 193 países-membros da ONU, em Setembro de 2015.
Basicamente são 17 frentes, integradas e indivisíveis, que equilibram as 3 dimensões do desenvolvimento sustentável: a econômica, a social e a ambiental. Cada frente se desdobra em metas (ao todo são 169) e os países signatários devem implementar planos de ação para alcançá-las até 2030.
Se ainda não conhece quais são os 17 ODS, aperte o play!
Está claro que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são desafiadores no médio prazo e a evolução vem se mostrando lenta, de acordo com pesquisa elaborada pela GlobeScan. A percepção de metade dos especialistas consultados ao redor do mundo é de que os avanços, desde 2015, foram pequenos (o termo em inglês usado na pesquisa é poor).
Abaixo, gráfico com cada objetivo, ordenado a partir dos que tiveram uma evolução melhor (good) para os que tiveram uma evolução considerada pobre (poor).
Nota-se que o ODS 14 - Vida na Água e o ODS 10 - Redução das Desigualdades foram os que menos evoluíram. Já os ODS 17 - Parcerias e Meios de Implementação e o ODS 09 - Indústria, Inovação e Infraestrutura aparecem como aqueles que mais evoluíram desde o lançamento da Agenda.
No mesmo estudo (o link está no fim do artigo), os entrevistados classificaram cada ODS de acordo com a Urgência. O Objetivo considerado mais urgente foi o ODS 13 - Ação contra a Mudança Global do Clima e em segundo lugar o ODS 12 - Consumo e Produção Responsáveis. Os objetivos mais urgentes apresentaram uma evolução considerada ruim (poor) por cerca de 60% dos especialistas.
O resumo abaixo é interessante pois separa as prioridades de acordo com o Setor e a Região.
E no Brasil?
O cenário nacional também é desanimador e, no ritmo atual, o Brasil dificilmente alcançará as metas com as quais se comprometeu na ONU.
Em relação ao ODS 1 - Erradicação da Pobreza, por exemplo, o Brasil tem seguido exatamente o caminho oposto, com a extinção de programas sociais e cortes orçamentários. Além disso, o aumento do desemprego e das desigualdades econômicas e sociais do país têm impacto direto neste e em outros objetivos, como o de zerar as pessoas que passam fome (ODS 2) e reduzir as desigualdades (ODS 10).
É claro que para o alcance desses objetivos é necessário não só a efetiva implementação de políticas publicas, em âmbito federal, estadual e municipal, mas também um envolvimento da iniciativa privada, da sociedade civil organizada, das universidades e de cada um nós. Os retrocessos por parte da esfera pública não deveriam desestimular outras iniciativas. Ao contrário, num país em que apenas 8% a população confia que o governo é a instituição que pode conduzir a um futuro melhor e 41% acredita que quem fará isso serão as empresas (Edelman Trust Barometer, 2018), não é hora das corporações realmente assumirem o protagonismo?
Será ainda possível separar as demandas do negócio das demandas da sociedade?
O novo profissional não deveria ter uma performance de destaque frente às demandas contemporâneas, sejam elas éticas, ambientais, reputacionais, sociais...?
78% dos brasileiros acreditam que uma empresa pode olhar para seus lucros e, ao mesmo tempo, melhorar as condições socioeconômicas das comunidades onde opera (Trust Barometer, 2019)
E você, já falou sobre os ODS dentro da sua organização? Não seria possível discutir um ou dois deles com seriedade, planos e métricas?
Observações Úteis e Fontes:
1) O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) realizou adaptações em algumas metas e indicadores para atender à realidade brasileira. O detalhamento desses dados e também o monitoramento do alcance dos Objetivos são disponibilizados no site do IPEA.
2) A GlobeScan promoveu uma ampla pesquisa para avaliar o progresso em relação aos objetivos da Agenda 2030, consultando 454 especialistas, da esfera pública, privada, universidades, ONGs. Utilizei esse relatório como uma das fontes para meu artigo, mas você pode acessá-lo integralmente através do link abaixo!
3) Pesquisa anual de confiança e credibilidade realizada pela Edelman, agência global de Relações Públicas. O estudo mede os índices de confiança no Governo, Empresas, ONGs e Mídia. A pesquisa ouviu mais de 33 mil pessoas em 28 países.