A agenda ambiental precisa ser prioridade em 2022
Este será um ano de importantes definições para a agenda ambiental. Já sabemos que só iremos progredir se unirmos conservação ao desenvolvimento e que o tempo para ação está se esgotando.
As ações que nos levaram a um ponto crítico, segundo o último relatório do IPCC, são diversas e derivam de questões complexas e persistentes que precisamos combater para evitar às mudanças climáticas e a perda de biodiversidade. A liderança de governantes pelo exemplo faz uma grande diferença na resposta efetiva ao tamanho desses desafios. Assim, as eleições têm um papel crítico no exercício da democracia para escolher representantes mais preparados para liderar esta resposta.
Como tema central e interligado às agendas sociais e econômicas, as questões ambientais devem fazer parte dos programas e discursos dos candidatos. Cabe a eles detalhar suas soluções e como elas serão implementadas. Cabe ao eleitor avaliar a probabilidade de sucesso das diferentes propostas ao fazer sua escolha de candidatos.
Como fazer isso? Com base na ciência. Exigindo que os candidatos se comprometam em processos colaborativos, com resultados mensuráveis acompanhados de programas de monitoramento, e compromisso com a transparência, que inclui a fonte dos recursos necessários. Na frente de investimentos, o setor privado também entra para cumprir seu papel social e proteger o meio ambiente nas suas cadeias de produção.
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Fazendo um paralelo com os povos indígenas, que têm o Consentimento Livre, Prévio e Informado (CLPI) entre seus direitos, cabe ao cidadão exigir informações detalhadas e acompanhar e cobrar a implementação, monitoramento e avaliação das ações. Neste sentido, o monitoramento ambiental terá que passar a ser um imperativo, para que, com base em dados, seja possível traçar um plano de ação transparente e que transmita confiança para todas as partes envolvidas.
Li um artigo muito interessante de @Mariano Cenamo, Diretor de Novos Negócios do Idesam, que aponta algumas medidas para salvar a Amazônia, sabendo que não existe bala de prata, como ele mesmo menciona. De novo, a colaboração é a chave para solidificar esse caminho. É importante que todos - governo, setor privado, sociedade civil, com participação e liderança das comunidades - façam parte de uma mudança efetiva na forma como nos relacionamos com a natureza, respeitando as necessidades de todos os brasileiros. Como disse @Jennifer Morris, CEO da The Nature Conservancy, no artigo 3 prioridades para um mundo mais sustentável em 2022, “a conservação para as próximas décadas deve ser fundamentada em parcerias autênticas com os Povos Indígenas e as comunidades locais que tradicionalmente administram esses lugares”. E é essa participação, com base na transparência e no conhecimento científico, fortalecendo caminhos para o financiamento do setor privado, que será a força para inovação que precisamos para passar das palavras às ações.
Já o papel das ONGs baseadas na ciência, como a TNC, é ajudar a desenvolver, implementar e divulgar as soluções necessárias, para que os eleitores possam ser mais exigentes e optem por propostas que vão além do discurso. Acreditamos que há soluções, como a melhoria de produtividade e transparência na cadeia de carne; restauração de nascentes para melhorar a segurança hídrica; inovação financeira como os Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA) aos detentores de florestas; garantia de direitos dos Povos Indígenas e comunidades locais; e o fortalecimento de uma bioeconomia inclusiva. Nosso objetivo é que sejamos capazes de oferecer alternativas em escala para que as pessoas e a natureza prosperem e que, com isso, o país contribua para a mitigação das emergências de mudanças climáticas e perda de biodiversidade do planeta.
É um momento importante para levantar nossa voz pela natureza e cobrar ações dos representantes de hoje e de amanhã para enfrentar a crise climática com a urgência necessária. Sabendo que esta agenda é prioridade entre a população brasileira, os governantes devem espelhá-la em seus programas e planejamentos.